World of Warcraft nada. Use seu tempo jogando pela ciência!

virginity-virginity-kid-dork-tool-fail-warcraft-world-towel-demotivational-poster-1239307933.jpgQue tal deixar de se um inútil jogador de WoW, Winning Eleven, ou golf no Wii? Uns cientistas bolaram um jogo em que você tem que dobrar a estrutura de uma proteína da melhor maneira possível, como um quebra-cabeça 3D.
Assim a proteína pode ser melhor compreendida, os pesquisadores ganham mais tempo e você pode estar ajudando a torná-la um novo medicamento!
Assim, quando sua mãe pegar no seu pé após horas de jogo você pelo menos vai poder gritar: “Estou ajudando na cura do câncer, jájá eu desço pra jantar!”
Olha o video aqui.
RT da @alesscar
Além de ajudar na pesquisa jogos podem ajudar a ensinar ciência. E funcionam! Mas como o preconceito é grande, ao invés da palavra “jogo” os desenvolvedores tem usado “plataforma de mudança comportamental” (olha o tucanês aí).
Tem alguns que já fizeram relativo sucesso, como o “Climate Change” (mudança climática) que baseou o que está para sair, “Fate of the Earth” (Destino Terrestre).
Mas treino é treino, e jogo é jogo.

Um biólogo metido a crítico na Bienal de Arte e Tecnologia

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Fui na Bienal Internacional de Arte e Tecnologia – Emoção Art.ficial, no Itaú Cultural na av. Paulista.

Há tempos eu não ia a uma exposição, e as pessoas que me invejam por não morarem na capital cultural do Brasil estavam me enchendo o saco para aproveitar mais a cidade.

Para saber sobre a exposição entre no site, porque mesmo na exposição não havia nada de texto. Nem um folhetinho. Em cada obra havia uma telinha com um esquema que não explicava quase nada dela, nem a tecnologia nem a arte por trás da coisa toda.

Primeiro a parte chata – ou de como um biólogo se mete a crítico crítico de arte

As primeiras obras me chatearam bastante (veja a lista de obras aqui). No começo só haviam obras “interativas”, como os Bion, uma obra bem bonita mas que de tecnológico só tem um sensor de proximidade que diminui a intensidade da luz de LED dentro dele. Bonitinho mas ordinário, ainda mais quando foi ver quem é o “cientista” no qual o artista Adam Brown se inspirou: um maluco chamado Wilhelm Reich que inventou uma “energia biológica primordial” chamada orgone. Era tão charlatão que morreu na cadeia preso por vender aparelhos que curavam de tudo com esta energia. Mais ou menos como o aparelho bio-quântico.

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Além desse haviam as Hysterical Machines, que se movem inesperadamente com a presença de humanos, mas de forma nada orgânica como propõe o artista; e Prosthetic Head que é a cabeça do artista em 3D usando um programa de inteligência artificial já bem antigo para responder perguntas do visitante. 

Essas três obras me chatearam porque esperava coisas mais inovadoras. Essa história de interatividade é muito anos 90 pro meu gosto.

O prêmio “desperdício de oportunidade” vai para Silence Barrage:
“Robôs movem-se verticalmente ao longo de várias colunas, deixando rastros que são, na verdade, a representação dos disparos de neurônios de roedores, cultivados num recipiente de vidro localizado a milhares de quilômetros de distância. Paralelamente, sensores ao largo da instalação capturam os movimentos do público, que, por sua vez, também fazem os robôs se deslocarem.”
Legal… mas como assim? Os disparos dos neurônios? Ahn?!

Pois é, nada é explicado. Nem no site da exposição. Tem os neurônios lá nos EUA, em uma placa, e sabe-deus-como captam algo que faz umas coisas na obra. E ainda a câmera que devia filmar a cultura de célula lá nos EUA estava fora do ar.
Assim, cientistas que trabalham com células (como eu) e publico em geral não se empolgam nem um pouco. Tanto esforço por nada.

Mas a coisa ficou boa. Muito boa!

A coisa começou a melhorar com o Caracolomobile. Primeiro pelo nome muito legal, segundo que isto sim é um tipo de tecnologia que esta mais na moda e mais na ponta da interação homem-máquina. A obra é um ser de movimento e sons que responde aos estímulos recebidos por eletrodos na cabeça de uma pessoa (lembrem do Nicolelis). Alguns sinais são bem fáceis de entender, como quando se morde o chiclete ele solta sempre o mesmo ruído. Mas algumas reações da máquina não são tão decifráveis. Começa assim a vontade de entender a que a máquina está respondendo, ou seja, a tentar conversar com ela (e com você mesmo, já que ela esta respondendo às suas ondas cerebrais).

O Ballet Digitallique é bem legal. Um scanner marca sua silueta parado com os braços abertos. O computador projeta e dá movimento àquela imagem estática. E coloca movimento exatamente onde deve ter, dobrando as juntas de braços, pernas e tronco. Como o computador sabe o que deve se mexer, ou como se move uma pessoa baseando-se só numa imagem estática 2D? Me fez pensar no cérebro, que com padrões simples faz verdadeiras criações e interpretações usando regras simples, que até um computadorzinho pode fazer.

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Mas o mais legal para o biólogo aqui foi o Robotarium SP e o Evolved Virtual Creatures.
O Robotarium é um zoológico de robôs, onde cada um tem um temperamento, ou uma programação, e interagem entre si. Um é calmo e evita entrar em contato com outros, outro é agressivo e avança nos outros; outro só gira sem parar, e assim vai. Todos eles juntos acabam funcionando como um modelo de interação ecológica, em que cada indivíduo tem um comportamento simples, mas como um todo passam a tem um comportamento complexo.

E o Evolved Virtual Machines mostra como mudanças aleatórias + regras simples + tempo, podem sim gerar criaturas complexas e que parecem ter sido desenhadas. Se você entender esta obra você entendeu a mais importante lição de EVOLUÇÃO!

Só ainda não consegui decifrar se aqui a arte inspira a tecnologia ou a tecnologia inspira a arte.

Quer ganhar um Nobel? Agora VOCÊ PODE!

nobelmedal.jpgQuer ganhar o prêmio Nobel? Agora VOCÊ PODE!!!
Pode pelo menos tentar pedir um pedacinho dele concorrendo a bolsas do IPCC, o Painel Intergovernamental para Mudança do Clima. Eles ganharam o Nobel da Paz por constatarem que realmente os humanos estão esquentando a Terra. Sim, porque antes disso ninguém tinha muita certeza, e o setor de energia e petróleo sempre torceu os dedos para que a resposta fosse outra. Mas a verdade é essa, doa a quem doer.
A grana que o painel ganhou junto com a “medaglia” do Nobel foi para um fundo de financiamento de bolsas para pesquisas do clima – Na verdade foi metade dos 1,6 milhões de doletas do prêmio, porque ele foi dividido com o Al Gore. Leia o email abaixo que recebi pela pósgraduação da USP:

Prezado(a),
Gostaríamos de informar que está aberta a Chamada para Propostas para o Programa da Bolsa de Estudos do IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change.
O programa foi estabelecido com os fundos recebidos do Prêmio Nobel da Paz concedido ao IPCC em 2007. Sua finalidade é dupla: desenvolver conhecimento, habilidades e a capacidade de novos acadêmicos de algumas das regiões mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas, e fortalecer a habilidade de países em desenvolvimento de contribuir à ciência e à pesquisa do clima.
Estudantes graduados ou doutorandos dos países em desenvolvimento que desejam se engajar na formação acadêmica, empreender habilidades avançadas de pesquisa e de aperfeiçoamento são bem-vindos aplicar-se para uma bolsa de estudos até o dia de 31 de julho 2010.
Mais informações podem ser obtidas diretamente no site do IPCC: http://www.ipcc.ch/ipcc-scholarship-programme/ipcc_scholarshipprogramme.html
Atenciosamente,
Monique Souza
Climate Change, Sustainable Development and Energy Policy Team
British Embassy, Brasilia
Visit our blogs at http://blogs.fco.gov.uk

Bom, a minha pesquisa com vírus e câncer não tem nada a ver com clima, mas até podemos sugerir um projeto para criar um vírus que acabe com pelo menos metade da população mundial. Isso talvez resolva o problema na raíz.
Ok, acho que não passa no comitê de ética.
Mas passaria se eu conseguisse fazer um vírus que esterilize especificamente subcelebridades, como ex-BBBs ou maria-chuteiras!
Invente você também um projeto esdrúxulo para acabar com o aquecimento global!

A “bíblia” da neurociência – use com moderação

kandel livro.JPGNa minha saga em começar a estudar neurociências (que será documentada neste blog – este já é o segundo post) eu optei por começar lendo o “Princípios de Neurociências” do Kandel, como já havia dito antes.

E este é o primeiro livro-texto que leio desde o começo. Sim, livros-texto são aqueles gigantes usados como as bíblias duma disciplina de faculdade. Geralmente o professor da tal matéria só indica os capitulos que lhe interessam e que o tempo do curso permite desenvolver.

Mas começar a ler desde o começo é muito interessante. Os 2 primeiros capítulos do Kandel são muito legais, além de informativos, contando a história da neurociência. Não como um livro de história, mas uma história escrita por um cientista. A diferença é que vai se construindo uma história baseada nos trabalhos e desenvolvimentos da pesquisa, assim eu fui me sentindo mais embasado e preparado para conversar com quem trabalha na área.

Ramon y Cajal, Golgi, Wernicke, Broca, Gazzaniga, são nomes que eu sempre ouvia mas não tinha entendido até então sua posição e importância dentro dessa história toda da decifração do cérebro. Acompanhar seu erros e acertos faz com que várias idéias surjam e muitas outras morram no leitor – morte esta que é muito importante, já que algumas idéias que nós temos e nos fazem achar muito inteligentes por isso, acabam nos deixando com cara de idiotas quando percebemos que a dois séculos atrás alguém já pensou, testou, e refutou ou confirmou tudo que você tinha cogitado. Assim nós podemos nos localizar melhor na linha do tempo de desenvolvimento desta área, sem ter que reinventar a roda.

No ombro de gigantes eu me apoiei… escorreguei e caí.

O problema dos livros-texto é o mesmo de todo gigante: geralmente são lerdos.
Esta edição que eu estou lendo é de 2000, quando o Projeto Genoma Humano estava para ser terminado, pelo menos o rascunho dele. No livro ele fala que “os mais de 80 mil genes da célula humana…” e isto esta errado!

Pelo menos em parte. Antes do sequenciamento do genoma humano, achava-se que em média um gene corresponde a uma proteína. Como temos muitas proteínas devemos ter também muitos genes, mais ou menos uns 100mil. Qual não foi a surpresa quando descobriram que há menos de 30mil genes! Foi um tapa na cara da comunidade científica, e isso mostra que o genoma é mais complexo do que se esperava, porque poucos genes conseguem fazer muito mais proteínas.

E foi um tapa na minha cara também. Afinal, o livro de 2000 já está muito ultrapassado!
Mas afinal, que livro consegue acompanhar o desenvolvimento das coisas? Por definição um livro é “obsoleto” assim que nasce. Por isso já percebi que nas questões mais polêmicas e de áreas mais dinâmicas, como a biologia molecular, vou ter que dar umas olhadas nos trabalhos científicos recentes, principalmente nas famosas revisões, que são artigos que compilam o que há de mais novo em um determinado assunto.

E é isso mesmo, porque no fim das contas não podemos pôr a culpa no livro ultrapassado, quando o responsável pelo seu conhecimento é exclusivamente VOCÊ mesmo!

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Olha aí o Kandel com aquela cara de quem tem um Prêmio Nobel no bolso.

E a neuro-saga continua, o próximo tema será: como entender seu cérebro pelos erros.

Parabéns para mim, para o rock e para o genoma brasileiro!

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Café afetado pela xylella. Adoro estes cortes de plantas!


13 de julho, que data mais importante para o Brasil e para o mundo. Neste dia, há alguns anos atrás (não muitos), nascia este que vos escreve. Não bastando isto, também é o dia em que se homenageia mundialmente o Rock´n Roll. Agora descobri mais um nascimento importante neste dia: Xylella fastidiosa.
Não é uma banda de rock, é uma bactéria que causa uma doença nos laranjais, e não é que ela tenha propriamente nascido em 13/7, mas nesta data ocorreu algo que mudou os rumos da ciência no Brasil.
xylella.jpg[adendo – claro que, sabendo que as bactérias se reproduzem aos milhões em poucos minutos, bilhões e bilhões de Xylellas devem nascer todos os dias e no dia 13 não foi diferente, portanto várias bactérias fariam aniversário comigo caso elas chegassem a durar um ano.]
Xyllela-Nature.jpgNeste dia, no ano 2000, foi publicado o genoma da Xylella na revista Nature. Este projeto, bancado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), foi uma aposta bem alta: gastar 12 milhões para colocar o Brasil na ponta de alguma pesquisa e chamar a atenção do mundo – no caso a genômica foi a escolhida.
Funcionou. Muitos mestres e doutores puderam aprender técnicas de ponta, equipamentos foram importados, e toda uma geração de cientistas foi gerada, sendo que muitos são hoje em dia pesquisadores no Brasil e fora dele.
Eu mesmo me beneficiei deste salto, pois desde o laboratório de iniciação científica até meu atual no doutorado participaram do sequenciamento, e só com esta conquista puderam se estabelecer, afinal a biologia molecular era muito fraca por aqui.
Mas a mágica funcionou até certo ponto. Na área acadêmica a luta agora é por qualidade. Já conseguimos colocar o Brasil no mapa científico mundial, mas precisamos de trabalhos melhores em revistas científicas de maior impacto. Os projetos genoma são muito criticados por não terem entregado para a agricultura e para a medicina as melhorias e descobertas prometidas no passado. Buscar estes resultados é o que deve aumentar a qualidade.
Mas talvez o mais importante hoje em dia seja ter o arrojo de dez anos atrás para estimular de alguma maneira o setor privado a interagir com a área de pesquisa. Um modelo de transferência de conhecimento da academia para a indústria seria o próximo passo para firmar definitivamente a produção de ciência no Brasil.

Quer estudar neuro? Pergunte como

brain_by_podajmidlon.jpgVeja, o título deste post é uma pergunta, por isso você não encontra-rá a resposta definitiva aqui.
Segue email que mandei para meu amigos “neuróticos”, anunciando minha intenção de começar seriamente a estudar neuro. Este é um antigo sonho e agora acho que está na hora de começar.
Mas começar por onde? A área é gigante. Bom, este era outro motivo para mandar o email. Veja abaixo e opine.

Este email é um pedido de ajuda. Por isso fique a vontade para não responder caso não tenha tempo. Mas qualquer dica será de grande valia.
É chegada a hora de me aventurar muito seriamente no estudo das neurociências (meu antigo sonho).
Ainda não vou trabalhar com isto, quero apenas começar a estudar a área.
Por isso gostaria de pedir uma ajuda na sistematização deste embasamento.
Por onde começar é a grande questão. Separar as áreas já não é fácil. O que temos?
Neuroanatomia
Neurofisiologia
Bio mol aplicada na área
Neuropsicologia
Comportamento animal
…?
Tendo as áreas, por onde começar?
Tenho muito interesse em tomada de decisão e também na modulação molecular do comportamento. Como proceder para embasar melhor estes dois objetivos ao final? Alguma dessas áreas pode ser ignorada?
Livros-texto do tipo compêndio para me guiar: vale a pena ou melhor buscar livros mais específiocs e aplicados?
P. Ex.: Cem Bilhões de Neurônios, do Lent, é bom? Não é muito basicão? Há outros melhores?
O Kandel é o melhor mesmo?
Leituras adicionais (para reforçar cada área específica):
Dentro de cada área há livros interessantes, como por exemplo “Por que Zebras não Tem Úlcera”, do Sapolsky, “Erro de Descartes”, “Tabula Rasa”, do Steven Pinker, os do Oliver Sacks… E quando estiver estudando cada área devo ler quais livros?
Bom, era isso. Desculpe o brainstorm de perguntas (literalmente “brain-” ), mas a sua ajuda será muito importante para esta minha nova e determinante fase de aprendizagem.
Muito obrigado

The_Brain_by_soliton.jpgClaro que isto também foi um tipo de estudo ou sondagem, coisas que a minha cabeça de cientista não deixa de fazer, para saber quem responderia, o que responderiam, que livros indicariam, e lincar isto com a personalidade e área de estudo de cada um que respondesse.
Tenho muita sorte de ter amigos inteligentes, informados, solícitos, enfim, fantásticos. Muitas foram as respostas e ajudaram muito.
Tudo que eu quero é otimizar o meu tempo para o estudo, que será autodidático, por isso a preocupação de como organizar tudo na ordem que pareça mais lógica PARA MIM. Mas cada um entra com a sua dica pessoal, claro.
Os amigos que trabalham com comportamento de macacos mandaram material de etologia e neuro em primatas, a psiquiatra indicou as áreas médicas ou clínicas, psicólogo indicando psicologia cognitiva e estatística, e por aí vai. Sempre se puxa a brasa para a própria sardinha.
E ainda bem, afinal isso significa que o pessoal estuda o que gosta e se anima em chamar os outros para a própria área (ou estão usando a tática da piscina gelada: quem tá dentro diz que está uma delícia, só pra fazer quem tá fora pular e se ferrar).
Mas apesar da diversidade algumas coisas apareceram bastante:
Cada um tem um jeito de estudar, e eu preferi começar do micro pro macro, da molecular e fisiologia e ir subindo para a cognição e comportamento, mas o caminho inverso é uma opção muito válida.
O livro “Princípios de Neurociência”, do Kandel parece ser a bíblia mesmo. Mais fisiológico, mas a base é essa mesmo. Partindo daí a coisa vai variar dependendo do interesse pessoal. Para estudar mais como pensamos, aprendemos e nos comportamos, o “Neurosciência Cognitiva” do Gazzaniga parece interessante. Por isso neste momento decidi por começar por eles (eu vou ler as versões em inglês por serem mais atuais eeu ter conseguido os arquivos pdf, mas os links eu achei melhor pôr os em portugês). E não vai ser fácil, porque são dois gigantes, pelo conteúdo e pelo tamanho.
Por isso a partir de agora o blog pode passar por um processo de NEURIZAÇÃO dos temas, além de uma diminuição no ritmo de postagem. Fazer o que, eu não sou como muitos gênios e bots que consegue fazer tudo ao mesmo tempo.

Podcast do Scienceblogs Brasil: atacando outra mídia

radio_toaster_opt.jpgAqui está o link para o Dispersando, o podcast oficial do Scienceblogs Brasil.
Podcast, pra quem nunca ouviu a explicação que já é um clichê, nada mais é que um programa de rádio na internet. Você pode ouvir na hora ou baixar o arquivo para ouvir quando quiser.
Você pode se perguntar (ou não, mas eu me perguntei): Porque fazer um podcast se podem só escrever sobre qualquer assunto?
Além de ser mais dinâmico, o podcast possibilita a conversa informal, que pode ser bem mais interessante de acompanhar. E eu acho que as pessoas tem uma tendência a gostar de outras mídias mais “diretas”, ouvindo ou assistindo vídeos. Como os vídeos ainda não saem, saiu o som.
Já foram gravados 4 programas, dos quais já participei de 3. Já falamos sobre divulgação científica, o incêndio no Butantan, generalizações e o último sobre o humor na ciência.
Todos bem descontraidos e informativos.
Então, se quiser ouvir a bela voz deste que vos escreve, OUÇA O DISPERSANDO!!!

Como melhorar, na prática, a qualidade da pesquisa no Brasil

Como melhorar o nível da pesquisa brasileira?
Primeiro vamos comparar a nossa pesquisa com a de outros países para ver se realmente estamos tão mal assim. E estamos.
Usando o exemplo dos laboratórios de pesquisa da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) que trabalham com câncer, apesar dos trabalhos publicados terem subido de 4 para 100 por ano nos últimos 20 anos, a qualidade ainda deixa a desejar. Qualidade para o pesquisador básico é a qualidade da revista onde foi publicado o trabalho, onde Nature e Science são os sonhos de consumo, mas há diversas outras com diferentes impactos.
Comparando com a Espanha, que investe o mesmo montante em pesquisa básica, estamos 20% abaixo em qualidade e 40% abaixo da média mundial. Como melhorar?
Uma idéia apresentada em uma palestra na FMUSP sobre o Instituto do Câncer de São Paulo (ICESP) vem justamente tentar melhorar a qualidade da pesquisa em câncer, pelo menos na FMUSP.
Existem entre 30 e 35 grupos nos laboratórios de investigação médica (LIM), com linhas de pesquisas e objetivos diferentes dentro da FMUSP. Aumentar a interação destes labs para alguns objetivos comuns ou mesmo orientá-los para focos que a sociedade tenha urgência, pode gerar trabalhos mais amplos, completos e de maior qualidade (= maior impacto). Este é o objetivo do setor de pesquisa básica do ICESP, que ainda levará um tempo para estar funcionando, mas terá técnicos e aparelhos para servir à demanda destes labs, oferecendo serviços e colocando os diferentes grupos em maior contato.
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No esquema acima, a base da pirâmide mostra os diferentes grupos com suas diferentes orientações e objetivos.
Ao utilizarem o ICESP, podem reconhecer as características e se agruparem por semelhança de estilo. Facilitando assim o pedido de financiamento para projetos maiores e amplos, ou mesmo se tornando um foco para secretarias estaduais e ministérios (como os de Saúde ou Ciência e Tecnologia) poderem propor problemas de saúde pública e inovação de interesse do estado.
Parece legal, mas aumentar interação entre grupos é complicado. Cientista é um bicho tinhoso, cheio de manias, e só ter um setor multi-usuário não resolve tudo. O importante é que tenha simpósios, palestras e, minha teoria, FESTAS!!! Só assim pras pessoas interagirem e se conhecerem.
Esperemos que dê certo.

Xixi em Cannes

É isso aí, a tão famosa campanha Xixi no Banho, da F/Nazca para a ong SOS Mata Atlântica, ganhou o prêmio leão de prata em Cannes.
Claro, mais do que justo, afinal deu até no Jornal Nacional:

Ótima campanha para ganhar o leão na categoria Relações Públicas, mas irrisório para a conscientização ambiental. Só pra lembrar, 75% da pessoas que entraram no site da campanha já fazem xixi no banho, fora que há outras maneiras mais eficazes na economia de água como reduzir o tempo do banho ou usar válvulas mais econômicas.
Mas nada como uma polêmica. O povo gosta e dá prêmios!
Leia mais da campanha no Rastro de Carbono:
Durante o banho, lavar a salada antes ou depois da calcinha?
Deu merda! (Cocô no banho)

Cientistas e governo em campanha pelo uso de animais em pesquisa

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“Graças à pesquisa com animais, eles terão 23.5 anos a mais para protestar” – Esta não é da campanha, mas tem que ter apelo

RICARDO MIOTO
Folha.com
Na briga contra organizações de direitos dos animais que querem acabar com pesquisas envolvendo cobaias, cientistas e governo criaram uma campanha publicitária tentando convencer a opinião pública da importância desses estudos.
A partir da próxima quarta-feira, serão feitas inserções na televisão, no rádio e em jornais e revistas.
Os anúncios têm dois motes. Um é que “quase todos os medicamentos e vacinas são resultado de pesquisas com animais de laboratório”, salvando muitas vidas. O outro é que, depois da Lei Arouca, aprovada em 2008 para regular o uso de cobaias, nenhum animal deixa de ser tratado com “ética e dignidade”.
A iniciativa já recebeu R$ 1 milhão, diz Marcelo Morales, biólogo da UFRJ e um dos responsáveis pela campanha. O dinheiro vem do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e do Ministério da Ciência e Tecnologia. E o valor pode aumentar.

Entrem no site para ouvir uma das campanhas.
É importante este tipo de ação, claro. Mas o modo como ela vai ser feita acho que só vai servir para levantar a bola para os ativistas cortarem.
Porque a campanha não tem apelo (considerando que só este estilo de propaganda vai ser feita), é chata mesmo, e vai servir só para levantar a discussão e é aí que os ativistas radicais vão aproveitar para usar todo apelo emocional que está do lado deles.
Ou seja, o tiro pode sair pela culatra.
Para mais sobre direito animal, veja: