Homeopatia não tem base científica

Goldfish_Medicine_by_EJA_Brussee.jpgSeguem aqui uma compilação de links para textos fantásticos sobre homeopatia e a polêmica que a envolve. Afinal não há provas científicas até hoje de cura por homeopatia. Ela funciona sim, mas tanto quanto um comprimido de farinha, o famoso efeito placebo.
Mas este efeito e mesmo o simples fato de não fazer mal, foi o suficiente para se estabilizar como terapia. Afinal, na época em que foi criada, os outros tratamentos médicos disponíveis eram sangria, sangue-sugas ou lavagens intestinais. Que provavelmente faziam mais mal que bem.
Fato é que não há explicação nem mesmo teórica para justificar a homeopatia. Quando a ciência descobriu a constante de Avogadro e que as diluições extremas não continham nem uma molécula do princípio ativo, defensores da homeopatia inventaram a memória da água. Quando a ciência descobriu o movimento browniano das moléculas, inventaram a memória quântica da água. E assim vai-se empurrando com a barriga.
Em defesa da homeopatia só posso dizer uma coisa: as consultas. Quem vai ao homeopata não vai pelo remédio, mas também pela conversa e pela atenção dispensada pelo homeopata na consulta.
Isso não justifica criar uma área de tratamento ilusória. Isto só deveria nos dar base para melhorar o atendimento da medicina convencional, com mais atenção ao paciente e de forma mais abrangente com relação aos seus problemas, inclusive psicológicos.
Dito isto, seguem abaixo links quem aprofundam muito mais o tema. Sua leitura é OBRIGATÓRIA!
O Físico e a Pororoca por José Colucci Jr., Ph.D. – Aqui está toda a história da homeopatia

Seis falácias Técnicas da Homeopatia
por Paulo Bandarra e Renato Zamora
Manual do homeopata mirim
por José Colucci Jr., de Boston (*)

Na matéria “O que é a homeopatia”, publicada na seção Ciência do caderno Estadinho (O Estado de S.Paulo, 24/11/01), você aprendeu como a homeopatia funciona e como são feitos os remédios homeopáticos. Com este artigo aqui no Observatorinho você irá, brincando, ampliar os conhecimentos adquiridos naquela leitura. Vamos brincar de homeopata. A diferença é que, ao contrário do Estadinho, eu acho que você já pode exercitar o pensamento crítico. Pensar é coisa que se aprende em criança, como se aprende a nadar e andar de bicicleta. Vamos à brincadeira.

A importância da ignorância na pesquisa científica

ignorancia da academia.jpg
Por Martin A. Schwartz
Originalmente publicado no Journal of Cell Science e traduzido por Rafael Soares
Reencontrei recentemente uma velha amiga que não via há anos. Éramos alunos de doutorado na mesma época, ambos estudando ciência mas em diferentes áreas. Ela deixou a área e foi para faculdade de direito em Havard e agora é advogada sênior de uma grande organização ambiental. Num determinado momento a conversa pendeu para o porque de ela ter largado a academia. Para meu total espanto ela disse que saíra porque se cansou de se sentir estúpida. Após alguns anos se sentindo estúpida todos os dias ela percebeu que estava pronta para fazer outras coisas.
Para mim ela era uma das pessoa s mais brilhantes que eu conheci, e a sua carreira posterior prova esta constatação. O que ela disse me incomodou. Eu continuei pensando naquilo, até que no dia seguinte caiu a ficha. A ciência me faz sentir idiota também. O que acontece é que eu me acostumei com isso. Tanto me acostumei a isto que persigo ativamente novas oportunidades de me sentir estúpido. Não sei o que eu faria sem este sentimento, e até acho que é assim que deve ser. Deixe-me explicar.
Para a maioria de nós, uma das razões para gostarmos de ciências na escola era que nós éramos bons nisto. Mas esta não pode ser a única razão – fascínio por entender o mundo físico e uma necessidade emocional de descobrir novas coisas devem existir também. Mas para a escola e a faculdade a ciência consiste em fazer aulas, e ir bem nas aulas significa dar as respostas certas nas provas. Se você souber as respostas você passa bem e se sente esperto.
No doutorado, onde você tem um projeto de pesquisa, a coisa é bem diferente. Para mim foi uma tarefa amedrontadora. Como eu poderia formular a pergunta que me levaria a uma descoberta significativa; desenhar e interpretar um experimento para que as conclusões fossem absolutamente convincentes; prever obstáculos e achar maneiras de circundá-los, ou, caso falhasse nisso, resolvê-los quando aparecessem? Meu projeto de doutorado era interdisciplinar e, por um tempo, sempre que tive um problema eu podia importunar alguém em meu departamento, que tinha especialista em várias disciplinas de meu interesse. Eu me lembro de um dia em que Henry Taube (que ganhou o prêmio Nobel dois anos depois) me disse que não sabia como resolver um problema que eu estava tendo, mesmo se tratando de sua área.
Percebi que eu era apenas um aluno de trinta anos e que Taube deveria, por baixo, saber 1000 vezes mais do que eu. Se ele não tinha a resposta, então ninguém tinha.
Foi aí que entendi: ninguém sabe. Por isso mesmo que é um problema em pesquisa. E sendo a MINHA pesquisa, era minha responsabilidade resolvê-lo. Ao encarar este fato resolvi o problema em poucos dias. (E não era realmente muito difícil; apenas tive que testar algumas poucas coisas.) A moral da história é que a área das coisas que eu não sabia não era apenas vasta; era, na prática, infinita. Ao invés desta constatação ser desencorajadora, ela era libertadora. Se a ignorância é infinita, a única atitude que nos sobra é dar o melhor de nós.
Eu gostaria de dizer que os programas de pós-graduação geralmente fazem um desserviço para a formação do estudante de duas formas. Primeiro porque os estudantes não percebem o quão difícil é fazer pesquisa. Mais difícil ainda pesquisa de grande importância. É muito mais difícil que ir bem nas aulas, mesmo nas mais exigentes. O que torna a pesquisa difícil é o mergulho no desconhecido. Nós simplesmente não sabemos o que estamos fazendo. Até termos um resultado, nós nem ao menos estamos certos se estamos fazendo as perguntas certas ou os experimentos adequados. Para atrapalhar, ainda temos a competição por financiamento e visibilidade em revistas de prestígio . Mas fora isto, fazer pesquisa relevante é intrinsecamente difícil, por isso qualquer mudança nos cursos, departamentos ou instituições não vão diminuir esta dificuldade intrínseca.
Segundo, nós não ensinamos nosso alunos a serem ignorantes produtivos – ou seja, se eu não me sinto estúpido, significa que eu não estou realmente me esforçando. Não estou falando de ´ignorância relativa´, como quando os outros alunos na turma lêem as lições, estudam, passam na prova, e você não. Também não estou falando de pessoas brilhantes que estejam em áreas que não aproveitam seus talentos. Ciência envolve confronto com a ´ignorância absoluta’. Aquela que é um fato existencial inerente a nosso esforço de adentrar no desconhecido. Exames de admissão e bancas de defesa atingem seus objetivos quando forçam o aluno até começar a dar respostas erradas ou desistir e dizer, ´não sei´. O objetivo do exame não é avaliar se o aluno responde todas as perguntas. Se ele responder, quem falhou no teste foi a banca. O objetivo real é identificar as fraquezas do aluno, primeiro para ver onde ele deve se esforçar mais, e segundo para saber se o conhecimento dele estaciona no nível alto o suficiente para tocar um projeto de pesquisa.
Estupidez produtiva significa ser ignorante por escolha. Focar em uma questão importante nos coloca numa posição de ignorância. Uma coisa boa em ciência é que ela nos permite tropeçar por aí, errar de vez em quando, e mesmo assim nos sentirmos bem, contanto que aprendamos algo com isso tudo. Claro que isto é muito difícil para alunos que estão acostumados a ter a resposta certa. Claro que um bom nível de confiança e equilíbrio emocional ajudam, mas eu acho que educação científica deve fazer mais para atenuar esta grande transição: de aprender as descobertas de outras pessoas para começar a fazer as suas próprias. Quanto mais confortáveis estivermos sendo ignorantes, mais profundamente poderemos penetrar no desconhecido para fazer grandes descobertas.

Jornal vs. Internet. Dicas evolutivas para o embate

homem das cavernas betocampos.jpgEsta semana o programa MTV Debate (segunda vez que ele aparece aqui no RNAm) discutiu o futuro incerto da mídia impressa, frente ao mundo digital da internet e seus gadgets, como e-books, i-phones etc. A pergunta era: o jornal e os livros de papel acabam ou não acabam?

E o engraçado foi perceber que a discussão das novas mídias se adequando aos novos tempos nos remete a natureza de nossa própria espécie e a leis que regem o mundo natural. Vamos tentar traçar este paralelo então.

Até agora fomos desenvolvendo de forma bem calma, e se pode pensar até em certa estabilidade. Foi assim no jornalismo desde a década de 20 até recentemente e foi assim por pelo menos 100 mil anos na nossa história como espécie de caçadores coletores nas savanas africanas.

O que mudou? Como reagir?

Tudo estava muito bom até que os tempos mudaram. No jornalismo surgiu a interatividade e a geração de conteúdo pelos não-profissionais do jornal. A interatividade por telefone depois pela internet, os blogs e o twitter. Já na nossa espécie tudo começou talvez pela agricultura, pecuária, formação de cidades e tudo que isto acarreta. Mudanças que nos deram um chute no traseiro e nos fazem andar cada vez mais rápido.

Como nos adaptar a isso? Como preparar os futuros jornalistas para um mundo em rápida mudança? Do mesmo jeito que os organismos têm que estar preparados para ambientes em constante mutação.

Escolha evolutiva jornalismo.jpg

Nos espelhando na evolução do mundo natural podemos achar a resposta. E a resposta é: não há como nos adaptar! Exatamente isto. É impossível nos adaptar a ambientes que mudam. Sempre nos adaptamos ao passado, seja o passado ontem ou milhões de anos atrás.
A sociedade, incluindo aqui o jornalismo, está adaptada ao passado. Sim, porque sofreu as pressões do passado. Suas características refletem o que lhes aconteceu e não ao que está para acontecer. Nossos professores nos ensinam o mundo deles, que já passou.

E dizer que qualquer organismo está adaptado ao seu ambiente é muito arriscado. Ele está sempre contando com a sorte de aproveitar suas adaptações ao passado e fazer que elas funcionem no presente.
E no futuro? Bom, sem bola de cristal fica difícil se adaptar a algo que não aconteceu ainda.

Dica da evolução para a melhor estratégia

Mas a observação do mundo natural pode sim nos dar uma dica preciosa que ajude a lidar com essa confusão do dia-a-dia. E a lição é esta: em momentos de mudanças drásticas, sempre os generalistas se dão melhor.

Organismos hiper-especializados são os primeiros a se extinguirem. Isto explica porque neste momento os jornalistas mais polivalentes estão se destacando. Foi-se o tempo que ter uma coluna semanal na Folha de S. Paulo sobre política externa francesa garantia seu futuro.

Os jornalistas agora têm que ser multi-plataforma, com disse na MTV o professor Cláudio Tognolli. Saber escrever artigos, notas, blogs, twitter, editar imagens e sons. Afinal nunca se sabe qual destas mídias prevalecerá. Claro que se algum entusiasta se hiper-especializar no Twitter, achando que este será o futuro do jornalismo, duas coisas podem acontecer com ele: acertar em cheio e ficar com os louros da vitória, ou aparecer algo melhor que o Twitter e ele ter que vender cachorro-quente na esquina.

Então façamos nossas apostas! E que vença o mais sortudo. Afinal quem apostaria que aqueles bichinhos peludos que andavam por entre os pés dos dinossauros um dia dominariam a Terra?!

Vagas para designers em laboratórios

A arte com dados

design e ciência.JPG

Não se assuste se logo mais começarem a aparecer anúncios de emprego como “vagas para designers – tratar no laboratório Fulano”

Ajuda dos designers

Hoje os dados das pesquisas científicas estão cada vez mais complexos. E como visualizar uma montanha de números ou mesmo compará-la com outras montanhas de dados? É aí que precisamos de designers. Artistas mesmo que ajudem os cientistas a visualizar seus próprios dados.

O nosso cérebro não se sente confortável olhando para uma tabela ou uma matrix de números. Para isso construímos computadores, para lidarem com esta nossa limitação. Transformar estas informações em algo mais confortável e visual é o que permite que encontremos padrões e relações importantes dentro dos dados de uma pesquisa.

E nada do velho gráfico de pizza ou das barras verticais. É hora de novos formatos, afinal os dados são realmente muito pesados.

Veja este exemplo. Circos, um visualizador de genomas que permite visualisar e até comparar dois ou mais genomas inteiros entre si.

Dados complexos – ajuda da arte

Parece hoje em dia que as grandes descobertas já foram feitas. Coisas como a penicilina, que ao serem descobertas revolucionaram o tratamento de doenças, abriu um campo novo dos antibióticos e deu um salto na nossa saúde.

Mas hoje as descobertas parecem andar mais devagar. E realmente cada vez mais os esforços são maiores para ganhos menores. Porque o que é fácil está na cara. Já foi descoberto por ser muito simples.

design e ciência 2.JPG

As novas fronteiras do conhecimento estão nos detalhes e em entender coisas complexas.

Por isso os dados que temos que analizar também são muito detalhados e complexos. A coleta de dados deixa de ser um problema, mas a análise deles sim é o pulo do gato.

Não só na visualização de dados que o design pode ser útil para a ciência. E claro que a ciência também pode ser útil ao design, sendo que as duas têm por objetivo servir ao ser humano em suas necessidades.

promo_seed-design-series.pngPara mais exemplos desta interação entre ciência e design, veja esta série de vídeos promovidos pelo Museu de Arte Moderna, MoMA e disponíveis no site da revista SEED.

Se repararmos sob a superfície de nossa sociedade, veremos que durante seus percursos, ciência e design permearam todo o nosso mundo, gerando desenvolvimento, beleza, praticidade,… enfim, cultura.

Leia mais:
Both science and design–forward motors, providers of perspective, guardians of beauty and truth

Câncer em quadrinhos: verdades inconvenientes

Para quem não conhece, PhD comics é uma das coisas mais engraçadas feitas sobre a ciência. Principalmente sobre os bastidores de um laboratório.

Aqui vai uma tirinha que traduzi falando sério sobre o câncer. Clique na imagem para ler inteira

phd cancer1.JPG“Piled Higher and Deeper” by Jorge Cham
www.phdcomics.com

Pequena grande construção: Origami de DNA

dna smile1.JPGResearchBlogging.org

Construções de grande magnitude feitas pelo homem são coisas do passado. Um passado bege egípcio com suas pirâmides e templos monumentais.

Na era da informação em que vivemos, menos é mais. As menores construções são as mais empolgantes. Menores computadores, celulares, caixas e “smile”.

Smile? Sim, este aí em cima é o menor smile do mundo! Feito de DNA e publicado na revista Nature! E como este dá para fazer virtualmente qualquer formato 2D, como podemos ver nestas outras imagens.

desenhos dna.JPG

O DNA, por ser uma molécula extremamente simples, pode ter seus dobramentos previstos, além de controlados com outros pequenos trechos de DNA desenhados para se alinharem em locais específicos.

Assim, de posse de uma fita simples de DNA de um vírus bem conhecido, o M13 (que é o famoso vírus com formato de nave espacial), pode-se fazê-lo torcer e alinhar com a ajuda de outros pedaços pequeno, desenhados em computador para manter a forma desejada.

Veja aqui o vídeo da palestra no TED de um dos autores do trabalho. E aqui ele explica mais detalhadamente a técnica

Bacana mas nada que tenha um aplicação direta.

Até agora! Porque outro grupo de pesquisadores conseguiu, usando basicamente a mesma técnica, fazer um objeto 3D de DNA. Uma caixa nanométrica, capaz de abrir e fechar somente com a adição de um pequeno pedaço DNA.

cubo de dna.JPG

Agora sim podemos pensar em usar este origami para transportar drogas ou até mesmo avançar nas pesquisas para montar um computador de DNA, que usaria esse sistema de abre e fecha das caixinhas, o que reduziria em muito o tamanho dos computadores.

BÔNUS:
Na página da ONG “O DNA vai à Escola” você pode baixar o arquivo para fazer seu origami, não COM DNA mas DO DNA.

UPDATE: Saiu na Nature dia 15 de maio: DNA Nanotech Gains a Third Dimension
Dica do Atila

Smith, L. (2006). Nanostructures: The manifold faces of DNA Nature, 440 (7082), 283-284 DOI: 10.1038/440283a

Andersen, E., Dong, M., Nielsen, M., Jahn, K., Subramani, R., Mamdouh, W., Golas, M., Sander, B., Stark, H., Oliveira, C., Pedersen, J., Birkedal, V., Besenbacher, F., Gothelf, K., & Kjems, J. (2009). Self-assembly of a nanoscale DNA box with a controllable lid Nature, 459 (7243), 73-76 DOI: 10.1038/nature07971

Artigos-fantasma na Alemanha e mortos vivos na Coréia

caça fantasmas.jpg
Deu na Nature: Virgem Maria, o bixo tá pegando este mês! Mais um caso de malandragem científica.
Dessa vez na Alemanha, em um dos maiores centros de pesquisa do país, o Centro de Pesquisa Colaborativa (SFB).
Desesseis de seus membros foram acusados de citar no relatório anual artigos publicados que não existem. Os pesquisadores se desculparam por enviar informações falsas.
Mas desculpas não pagam os 16,6 milhões de euros investidos desde 2000 para o projeto de estudo de florestas na Indinésia.
Não que a mentira invalide toda a pesquisa ou o investimento feito, mas nenhuma mentira vem sem motivo. E o motivo seria excesso de cobrança ou falta de resultados mesmo? Ainda não se sabe.
Enquanto isso na Coréia…
E depois do escândalo do pesquisador sulcoreano Woo Suk Hwang, que maquiou dados de sua pesquisa com clonagem de célula-tronco humanas, só agora que o governo da Coréia do Sul autorizou outra pesquisa nesta área de clonagem. Desde o escândalo em janeiro de 2006 que ninguém lá era autorizado a fazer este tipo de pesquisa.
Agora as células tronco renascem da sepultura coreana.
Tempo muito valioso foi perdido, afinal a área de terapia celular é a área mais competitiva da biologia atual, e a que está se expandindo mais rapidamente. Dois anos podem fazer muita diferença nesta corrida científica.

Todos confiam nos cientistas

cientista.JPG
Os cientistas que erram, ou agem de má fé mesmo, podem até trazer uma vantagem. Isto nas palavras de Steven Wiley em artigo para a revista New Scientist. Lá ele fala que estes erros não chegam a afetar a credibilidade dos pesquisadores perante o público, e só reforçariam a idéia de que o senso de moralidade também está presente nos cientistas.
Realmente parece que o ser com mais crédito na praça é o pesquisador. Wiley cita uma pesquisa americana de 2001 onde 90% das pessoas perguntadas acham que os cientistas são pessoas dedicadas, trabalhando para o bem da humanidade. Lembro também de uma pesquisa feita no Brasil (pena não lembrar a fonte), em que a classe em que as pessoas mais acreditam é a de pesquisador com pós-graduação.

Nota Mental: Interessante o resultado dessa pesquisa americana, afinal mais de 50% dos mesmos americanos não acreditam na evolução do homem segundo a teoria de Darwin, a qual é praticamente consenso entre os tão confiados cientistas.

Êxito ou má conduta
A ciência aparece na mídia de duas formas principais: por êxitos ou má conduta. O êxito é um produto do trabalho, e a má conduta diz respeito a personalidade do pesquisador. Perceba que as duas coisas não estão na mesma classe de qualidades.
Quando se noticía um êxito, quase nada se fala das qualidades ou defeitos do pesquisador. Só interessa o resultado. Somente em casos de má conduta se põem em xeque as qualidades pessoais do pesquisador.
Um bom resultado, além claro de trabalho duro, exige muito de sorte. Já a personalidade reflete um conjunto complexo de escolhas ou características intrínsecas da pessoa. Quem deve ter mais mérito, um pesquisador voraz, agressivo e sortudo com bons resultados ou um pesquisador com menor relevância científica mas ponderado e responsável?
Este último seria à prova de fraudes, mas a falta de agressividade competitiva faria a ciência andar mais devagar.
Fato é que as duas estratégias funcionam a seu modo, afinal as duas permanecem na academia. Pela pouca experiência que tenho, realmente podemos dividir, grosso modo, a personalidade dos grandes pesquisadores nessas duas categorias, o agressivo e o ponderado.
Há ainda os pesquisadore irrelevantes que abundam em países como o Brasil, onde passando num concurso universitário pode-se ser um “pesquisador” sem ter que pesquisar. Mas isto é outro caso.
Bons exemplosbeakman cientista.jpg
A população, principalmente os jovens que se interessam pela a área de pesquisa, precisam de mais bons exemplos dentro da área. Bons pesquisadores que não sejam excêntricos ao extremo, que saiam de vez em quando pra tomar uma cervejinha com os amigos, fale de futebol e dos últimos hits do youtube.
Aliás, fatos como a paixão avassaladora de todos por Susan Boyle só mostram que precisamos sempre de heróis do dia-a-dia.