A solidão é fria. MESMO!

Por que a solidão é fria? Pelo menos a maioria das pessoas a descreveriam assim, fria.

Mas de onde vem essa relação? Não se sabe ao certo, mas um grupo de pesquisadores fez dois experimentos que comprovam a frieza da relação.

Experimento 1 – Lembranças da aula de educação física

Dois grupos, 65 pessoas no total. A um deles se pede para lembrar-se de situações de isolamento e solidão, como quando se é o último a ser escolhido para o time. E ao outro se pede que se lembre de situações em que se sintam incluídos. Depois se pede que chutem qual a temperatura da sala em que estavam.

Experimento 2 – Jogo de exclusão

Dois grupos jogando um jogo eletrônico em que se deve passar a bola de um jogador a outro. Mas num grupo, o computador raramente passa a bola ao indivíduo a ser testado, ao contrario do outro grupo.

Ao final, lanches são oferecidos: café, sopa, salgadinhos ou soda.

Resultados

No primeiro experimento, quem era levado a ter as más recordações de isolamento chutava uma temperatura 4 graus mais baixa que o outro grupo, em média.

E no experimento 2, o grupo que era excluído no jogo preferencialmente escolhia o aconchego do café e da sopa, em comparação ao jogadores do outro grupo não-isolado no jogo.

Conclusões

“O frio da solidão” é mais que uma metáfora, é um fato. E mais, nossos pensamentos abstratos têm um forte embasamento físico, baseado em nossas experiências concretas.

Suposições

Quando somos crianças, uma fonte de calor é nossa própria mãe e pai. Assim, ficar perto de nossos pais é acalentador, e não estar acompanhados nos faz sentir frio.

Vi na Nature

O podcast de ciência mais “gente boa” do Brasil

Está no ar, pelo Citrus, o Ornitocast. Um podcast sobre ciência que é tudo menos convencional. Dois Biólogos malucos falam sobre tudo o que for, tendo a ciência como pano de fundo.

O objetivo não é dar informações precisas nem ensinar ninguém, mas sim mostrar que podemos dar boas risadas com química, a física, a biologia ou mesmo, e principalmente, das besteiras que se fala delas por aí.

Não espere nada muito politicamente correto.  Mas aí que está a graça!

Ciência na cultura útil e na inútil


Finalmente está no ar o Blog Citrus, nova proposta de blog que tem por princípio “interceptar e injetar ciência onde quer que seja”: na arte, na sociedade, enfim, na cultura em geral. A propósta partiu do Victor Vasques do Comlimão, e tem como editor o blogueiro que vos escreve, Rafael Soares. Portanto os jabás recíprocos (que chamarei agora de “retrojabás”) serão frequentes.
Nessa linha artística do Citrus, está acontecendo um movimento no tema Fotografia e Imagens de Ciência: qual é arte?
Modéstia parte, vale a pena dar uma conferida.

Genes que dão câncer, porque selecioná-los? Porque são sexy!

Existem alguns genes que sempre estão superexpressos em tumores. São os chamados oncogenes. Mas se estes genes têm esse papel negativo na sobrevivência, porque não foram eliminados pela seleção natural?
Algumas respostas já existiam:
1- Muitos destes genes são importantes e estão relacionados com o desenvolvimento embrionário, que é quando as células têm que se dividir muito e rápido. Depois que o organismo já está maduro esses genes se aquietam. Mas por algum problema podem voltar a funcionar e fazer as células se dividirem descontroladamente, facilitando o aparecimento de um tumor.
2- A seleção natural atua enquanto o organismo está em sua fase fértil, pois a moeda da seleção natural é o número de filhos que o organismo deixa. A maioria dos tumores no Homo sapiens, por exemplo, aparecem depois da idade reprodutiva. Por isso esses  genes foram selecionados em épocas passadas, quando o homem em média vivia apenas 20 anos (no Ambiente Ancestral, que o povão chama de “tempo das cavernas”).  Ou seja, não tinham nem tempo de ter câncer, morriam antes de uma “doença” chamada tigre dentes-de-sabre.
Essa mancha na sua cauda é tão sexy

E aqui vai o motivo mais besta para manter um gene numa população: porque ele é sexy!
Sim, saiu na revista PNAS que um gene que aumenta a incidência de câncer nos peixes Xiphophorus cortezi também gera uma mancha na cauda dos machos. E as fêmeas adoram essa marquinha. 2 entre 3 fêmeas pelo menos preferem. Assim os machos com esse gene têm vantagem e reproduzem mais, mesmo morrendo de câncer depois.
Seria a explicação de porque a calvice existe. Isso se for verdade que é dos carecas que elas gostam mais.

150 anos depois, a Igreja Católica aceita Teoria da Seleção Natural de Charles Darwin.


Um grande amigo meu, o Gabriel, me pediu para postar este texto seu. Ele tem mais o que fazer do que manter um blog, por isso publica aqui no meu. sendo assim, o que está escrito é responsabilidade dele, mesmo que eu concorde com o que ele fala.

Demorou, mas, depois de um século e meio de espera por parte da comunidade científica, o conjunto de idéias que revolucionou as Ciências Biológicas foi finalmente reconhecido oficialmente pela Igreja Católica, como foi declarado pelo arcebispo Gianfranco Ravasi (Ministro da Cultura do Vaticano), ao anunciar uma conferência de cientistas, teólogos e filósofos que acontecerá em Roma em março de 2009, marcando os 150 anos da publicação da obra “A Origem das Espécies” de Darwin.
Essa notícia vinculada na Reuters e de lá “transmitida” por todos os portais de notícias, apesar de nova, contém pouco de “novidade”, uma vez que é pelo menos a terceira vez que um membro do alto escalão da Santa Sé se manifesta em favor dos pensamentos de Darwin. Em 1950, Pio XII havia descrito o processo de evolução como “uma abordagem válida do desenvolvimento humano”, e João Paulo II, em 1996, fez a mesma observação.
Mas o que muda com essa constatação, REALMENTE? A meu ver, praticamente nada, e explicarei o porquê.
Muda alguma coisa?
A Igreja Católica sempre recorreu à interpretação do Gênesis, texto bíblico que descreve a criação do nosso mundo, por Deus, em 6 dias (e não 7, como é dito de praxe, visto que o sétimo Ele tirou “de folga”), para explicar as origens da vida. Enquanto isso, Igrejas Protestantes preferem fazer uma leitura literal desta obra, o que leva ao grande número de protestos (sem trocadilho) em relação ao ensino da evolução nas aulas de Biologia em colégios públicos, principalmente nos EUA, onde as pressões de caráter religioso sempre exerceram grande influência, como pode ser visto atualmente, ao se acompanhar as campanhas dos candidatos à presidência.
Tá, e daí?
E daí que, com o passar do tempo e com a maturidade atingida pelo processo científico, para apoiar tais crenças, as Igrejas adotaram uma corrente de pensamento disfarçada de Ciência denominada Criacionismo, que os mesmo acreditam ser a resposta “científica” do Gênesis às teorias propostas por Darwin para definir inicialmente o processo evolutivo como o conhecemos hoje.

Digo “inicialmente”, porque ainda não havia compreensão alguma sobre Biologia Molecular e Genética quando destas proposições. A teoria evolutiva predominante no mundo atual trata justamente das idéias de Darwin (Darwinismo) associadas ao conhecimento acumulado em relação aos tópicos citados na frase anterior, sendo conhecida como Neodarwinismo.
Agora chegamos aos problemas. É óbvio que estas duas correntes de pensamento, o Criacionismo e o Neodarwinismo, têm poucas chances de coexistência pacífica, visto que são conflitantes em seu conteúdo. O Neodarwinismo foi elaborado com base em décadas e séculos de conhecimento científico, sendo que conta com diversas evidências que só podem ser colocadas à prova por alguém de idoneidade dúbia. Enquanto isso, o Criacionismo tem… bom, o Criacionismo tem a Bíblia… E a “evidência” é basicamente essa.
É de se estranhar que duas frentes de pensamento tão distintas possam tratar da mesma coisa, apesar de o papa atual, Bento XVI, ter afirmado em Agosto de 2007 que o debate entre criacionismo e evolucionismo – o nome mais usual dado ao neodarwinismo – “é um absurdo”, destacando que a teoria da evolução (científica) pode coexistir com a fé (não científica).
A explicação: “Esta oposição é um absurdo porque por um lado há muitos testes científicos a favor da evolução, mas por outro lado esta teoria não responde a grande pergunta filosófica “De onde vem tudo?”, com a qual se entende a ação de Deus”.
Enquanto isso, João Paulo II já havia dito que “a teoria da evolução é mais do que uma hipótese”; isto é, tem bases científicas. Ao contrário do que acontece com o criacionismo.
Para explicar o problema com tais afirmações e anúncios, transcrevo parte de um texto colocado pelo Prof. Felipe Aquino em seu blog de doutrina católica:
O caminho do meio não é uma opção
” … como vemos com este pronunciamento de Bento XVI, a Igreja Católica e o Magistério dos Papas não excluem a teoria evolucionista, desde que o início do processo evolutivo tenha tido origem partindo de Deus… Assim, a hipótese darwinista da evolução das espécies, é uma possível explicação ao lado do criacionismo que, também, tem a seu favor fortes razões filosóficas e não apenas religiosas ou bíblicas”.

Isso seria possível? Quando, de acordo com o mérito científico, poderíamos associar as duas teorias, sendo que uma possui embasamento estritamente “metafísico”, visto que não há (e quanto a isto não há discussão) prova alguma em favor do Criacionismo além da fé?
A resposta para a primeira pergunta é “não”. E a resposta para a segunda pergunta, num mundo em que a Ciência se desvencilhou dos dogmas espirituais e atingiu sua independência de pensamento e trabalho, é “nunca”.

Para mais sobre o assunto no Lablog:
Chi vó non pó
Idéias Cretinas

Parceria do jogo Spore com o Projeto SETI

Pesquisadores do SETI e suas criaturas
Pesquisadores do SETI e suas criaturas

O projeto SETI (Procura por Inteligência Extraterrestre) é um projeto sério, mas muito criticado. Essa procura por sinais de inteligência, como ondas de rádio ou outras emissões pelo espaço afora, luta para manter seu financiamento. Afinal é uma busca que ainda não gerou resultados.
Se alguém souber mais sobre o projeto por favor mande material. Assumo que sei muito pouco.
Mas a parceria deste projeto com o jogo Spore me deixou intrigado. Dêm uma olhada neste site. Pagando 25 dolares você adquire uma assinatura SETI para receber informações do projeto e também poder participar da “tribo” das criaturas criadas pelos pesquisadores, participar de reuniões tribais das criaturas, e por aí vai.
Acho interessante esta integração do hype com a ciência, mas talvez traga um pouco de descrédito à já sofrida reputação do SETI.
Acho que o melhor tipo de interação seria como está mostrado neste vídeo da Seed.
Will Wright, criador dos jogos Sim City, The sims e o novo Spore, conversa com a astrobióloga do projeto SETI, Jill Tarter sobre jogos e ciência, o valor de revoluções cinetíficas e o futuro.

Seedmagazine.com The Seed Salon

Spore – O jogo é científico?

Spore- A febre do momento. Ou Hype, para usar um termo mais modernoso.
Um jogo em que podemos dirigir a evolução. Bem bacana, bonito, bem feito e divertido. Perfeito para crianças e jovens (claro que o velhão aqui está louco para jogar também). Já que é assim, será que podemos usá-lo para ensinar biologia?

É, parece que não é pra tanto. Realmente o jogo é muito amplo e complexo. Algoritmos de criação aleatória fazem com que as possibilidades do jogo tendam ao infinito. O Gerador de Criaturas do jogo é fantástico (principalmente por ter um demo grátis). Lá você pode moldar o corpo do jeito que você quiser. Escolher que tipo de aparelho bucal, com base na alimentação que ele vai ter ou no som que irá fazer para se acasalar. Vários números e tipos de olhos, pernas, pés, mãos, colorações, e por aí vai.

Ciência ou pura diversão?
Claro que um zoólogo vai sentir falta de algumas coisas. Por exemplo, no Criador de Criaturas demo só dá para criar um vertebrado. Você começa com uma coluna vertebral e esqueleto interno. Assim não dá pra fazer um inseto ou um molusco. Outro fato importante: não dá para colocar órgãos sexuais! Sendo que sexo é a base da variação genética necessária para a evolução ocorrer.
Outra coisa estranha. O jogo começa numa fase unicelular, quando seu bichinho chega num planeta dentro de um meteorito. Até aí tudo bem, essa é uma teoria aceita para a origem da vida na Terra, também chamada “teoria da origem extraterrestre”. O interessante é como um ser unicelular pode ter olhinhos fofos? Nada contra serem fofos, mas olhos são feitos de muitas células, coisa que um ser unicelular não tem.
É aí que reside o dilema dos criadores do jogo. Ele deve ser estritamente científico ou atrativo como diversão? Foi aí que algumas concessões foram feitas. Olhos em seres unicelulares, viagens espaciais em velocidade maior do que a luz (sim, você pode desenvolver seu ser até ele criar civilização e conquistar o espaço), etc.
Como eu disse acima, no jogo você dirige a evolução. Mas a evolução no mundo real não é dirigida e não tem um objetivo. Não é uma escalada para a civilização. É só uma questão de sobrevivência no ambiente.Daí a preocupação do jogo levantar a bola do Design Inteligente.
Vale ou não vale?
Bom, que fazemos então? Proibimos nossas crianças de jogar Spore? Não é pra tanto. O jogo deixa claro que é uma brincadeira. Seus bichinhos fofos não nos deixam confundir o virtual com a realidade. E podemos aprender sim sobre o pensar científico, causas e conseqüência, competição, experimentação.
Enfim, o jogo não é um simulador da vida, mas um laboratório onde podemos fingir que brincamos com ela.
links relacionados:
Revista Seed
Citrus

Os homens (e não as mulheres) dominam a evolução… ou não

Certificado de garantia


Sabe quando uma informação já está na sua cabeça, mas você nunca parou pra pensar realmente nela, e de repente alguém fala disso e você grita “NÓÓÓSSA, é mesmo”! Pois é, minha cabeça explodiu desse jeito agora.
A evolução é a chave da nossa existência, correto? Bom, pelo menos para nós biólogos sim. Mas “evolução não é uma coisa ou uma força, é um processo, uma idéia. Que está repleta de fatos e mecanismos. Os principais são: mutação, seleção, deriva genética e recombinação. Sendo que a mutação é a base, pois todas as outras dependem da variabilidade que ela gera. Pois bem, as mutações são falhas ao copiar o DNA, que podem acontecer por fatores externos (radiação UV, temperatura, ataque químico) ou internos, na hora da divisão celular.
Quais as células mais propensas a mutações? As que se dividem mais. Células da pele e as da medula que produzem células do sangue, por exemplo. Mas essas mutações não têm importância evolutiva porque não passam para os descendentes. Um tipo de célula que se divide pra diabo é a que faz espermatozóides. Milhões e milhões deles. Milhões e milhões de divisões celulares. Milhões e milhões de… MUTAÇÕES! (existem sistemas de reparo, mas eles falham, afinal são humanos. A prova disto é que nós não temos mais rabos ou barbatanas)
Sendo assim, os homens são os responsáveis pela evolução da espécie humana!!! (Vide o video de Michael Lynch na FAPESP)
Leitor-interlocutor diz: “E essa foi a idéia que fez explodir sua cabeça?!”
Poxa, sim… é que como eu disse, nunca tinha pensado nisso, mesmo tendo todas as informações na cabeça.

Ok, não vou apelar, os homens só são os maiores responsáveis pelo aumento na variabilidade. Mas se quem escolher os parceiros for a mulher, elas estariam comandando a seleção. Qual é mais importante, variação ou seleção? É, não dá pra decidir quem guia a evolução humana.

Desculpem o post inútil.

03 de Setembro – Dia do Biólogo

Símbolo da biolofia
Símbolo da biologia

Opa, aí vai um motivo para um happy-hour hoje. Mas para comemorar ou para afogar as mágoas?
Ok, não vou ficar chorando as pitangas aqui não. Talvez só um pouquinho… Afinal comemora-se hoje a “profissão” biólogo, que pode atuar em 50 áreas diferentes.
Mas porque conheço tantos biólogos desempregados?
Concorrência com outras áreas. Biomédicos e engenheiros florestais acho que são os maiores competidores nesse nicho.
Mas o que diferencia o biólogo destas outras profissões? O que na sua formação os torna especiais? Considero que seja o conhecimento em evolução. Um biomédico e um engenheiro não precisam necessariamente deste conceito, já os biólogos sim. Ou pelo menos deveriam.
Afinal, já dizia Dobzhansky: “Nada em biologia faz sentido, senão à luz da evolução”.
E convenhamos, na prática o mundo ainda não precisa necessariamente da idéia de evolução para continuar funcionando. Afinal, funcionou por milhares de anos antes de Darwin e ainda hoje não fica claro para as pessoas em que a evolução afeta suas vidas. Talvez por isso o biólogo não se faça necessário para a vida cotidiana, na prática, como um engenheiro.
Em defesa de minha classe lembro aqui de um pensamento lido a um tempo: da briga do útil e do fútil. A palavra “útil” na sua origem, significa ferramenta, e fútil vem de “frui” que é fruir, desfrutar. A primeira é estritamente prática, e a segunda é mais difícil de definir. Segue um exemplo que vai direto onde quero chegar: O papel higiênico é útil. Um poema de Drummond não é útil, mas qual deles dá sentido a vida?
A Teoria da Evolução é uma idéia poderosa, que explica muito de nosso dia-a-dia. Tem aplicações práticas sim. Mas sua maior contribuição é filosófica. É ela que explica a vida. É ela a matéria prima para se fazer um biólogo.