Este blog contém 0% de gordura trans


Você já se perguntou o que raios é gordura trans? Talvez tão importante quanto isto seja a pergunta: podemos confiar nos alimentos com os dizeres “0% Trans”? Pasme. A resposta para esta última pergunta parece ser NÃO! Já explico…

Primeiro o que é gordura trans. Não vou re-escrever aqui o que está tão didático e sucinto no site da todo-poderosa ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Lá você acha o que é a gordura trans (está curtinho, vale a pena. Leia e volte para esta postagem!). Aqui vai também um videozinho do Mcdonalds (sim, ele mesmo), que explica a mesma coisa do texto da ANVISA e o porquê de se ter usado gorduras trans na indústria até hoje. Mas não é merchandising meu. O vídeo é bem feitinho, só tem aquela puxada de sardinha básica, mas você, leitor crítico, sabe bem perceber esse tipo de interesses.

Até aí ok, mas percebam que não há níveis seguros de gordura trans. E se nem no vídeo institucional do Mac eles falam que as batatas deixam de ter trans (elas apenas tem menos desta gordura), qual o segredo dos produtos serem ZERO TRANS? Ora, tudo uma questão de lingüística, meu caro. Novamente aqui, recorrerei à ANVISA, que é quem decide o que deve estar no rótulo ou não. Esta pergunta é do FAQ da ANVISA:

Pode ser utilizado o claim (alegação) “livre de gorduras trans” nos rótulos dos alimentos?

Sim, desde que o alimento pronto para consumo atenda às seguintes condições: – máximo de 0,2g de gorduras trans por porção; e – máximo de 2g de gorduras saturadas por porção. Os termos permitidos para fazer este claim são: “não contém…”, “livre…”, “zero…”, “sem…”, “isento de…” ou outros termos permitidos para o atributo “Não contém” da Portaria SVS nº 27/98. Não podem ser utilizados outros atributos para gordura trans.

Hum, ok. Então se o produto tiver menos de 0,2g por porção posso pôr “0% Trans” na embalagem. E quem define quanto é uma porção? A ANVISA de novo, menos para os produtos de “consumo ocasional”, como sorvetes, balas pirulitos, e imagino que salgadinhos e bolachas também entrem nessa categoria. Portanto, quem produz esse tipo de alimento é quem decide quanto é uma porção.

Notaram o estratagema? Explico. Um pacote de batata frita “0% TRANS” tem 150g, mas a porção indicada na embalagem é 15g. QUEM COME SÓ 15g DE BATATA FRITA?! Só eu, que não sou guloso, como dois pacotes de 150g inteiros!!! Mas 15g é provavelmente a porção limite que contém 0,2g de gordura trans permitidas por lei em cada porção. Se for isso mesmo, o pacote inteiro de batata teria pouco menos de 2g de gordura trans, que é o limite máximo que a ANVISA indica por dia numa dieta saudável.
É isso ae, 0% TRANS, 100% malandragem.

P.S.: Algumas coisas hilárias sobre o filme do Mcdonalds:

O cientista genérico do McDonalds – Percebeu que em dado momento o locutor apresenta “o nosso cientista”? Que seria quem mesmo? Não tem nome não?

Dê-me os dados! – Aparece um gráfico com o nível de gordura da batata caindo vertiginosamente. Desculpe a chatice, mas qualquer cientista (ou pessoa atenta) perguntaria: Caiu de “um montão” para “um pouquinho”? E os números?

Semana cientificamente NULA! Que tédio.

Olha, não é por nada não, e nem querendo justificar a falta de postagens (já justificando), mas Ô SEMANINHA BRABA! Cientificamente nula!

Claro que nula é um exagero, afinal a pesquisa não pára, mas não tivemos nenhum grande furo. Tivemos a publicação do genoma do ornitorrinco esses dias, muito comentado por aí. Mas genoma de novo? Cansei. Será que este doutorando está perdendo a empolgação? Jamais! Mas é que o mundo tem sua parcela de responsabilidade para com a minha criatividade de divulgador de ciência. Um material diferente só pra variar um pouquinho é sempre bom.

Acho que estou dependendo muito de internet.

No começo, quando se aprende a usar a internet, ficamos empolgadíssimos com a quantidade de informação disponível. Mas quanto mais você se acostuma mais, vai percebendo que as pessoas estão falando sempre da mesma coisa e, muitas vezes, mais ou menos do mesmo jeito. Meia dúzia de pontos de vista: o que informa, o que opina, o que concorda, o que discorda, o extremista de um lado e o de outro.

É… acho que preciso dar uma pausa na net e começar um livro pra chacoalhar a cachola. Alguém sugere algum? Não precisa ser de ciência não.

Aguardo respostas.

Grato

Aumente seu QI. Mame no peito!


Mais uma vantagem deste que vem se mostrando o elixir alquímico dos neo-natos. Bom pra tudo esse leitinho. Até QI sobe com ele!

Estudo com 14000 crianças acompanhadas até os seis anos mostram que as que se alimentaram exclusivamente de leite materno até os três meses, alguns até 12 meses, têm em média uma pontuação 5,9 pontos maior em testes de QI.

O importante é salientar que não se sabe se o que traz a vantagem é alguma substância do leite, ou se o próprio ato de amamentar e toda a ação e o contato entre mão e filho envolvidos no processo. Ou seja, o leite pode conter alguma substância que alimente o cérebro do bebê, ou o fato da mãe conversar com o bebê, e até mesmo o toque em si, que pode estimular liberação de hormônios na criança, podem ser os responsáveis pelo aumento do QI.

A lição, mamãe, parece ser mesmo “amamente o quanto der”.

Mas se você está grandinho demais para mamar, aqui estão as dicas para melhorar seu desempenho cerebral!

BBC: Breastfeeding ‘helps to boost IQ’

O gene do bom futebol.

Comentando a notícia: Cientista nega existência de “gene de craque de futebol”

Mais uma área caiu na bravata do determinismo genético. Agora até clube de futebol foi atrás de geneticistas para investir em pesquisa e descobrir o “gene do craque”. Assim, as escolinhas de base poderiam incluir testes genéticos para descobrir quem será o próximo Ronaldinho Gaúcho.

Graças a deus, o geneticista Henning Wackerhage tem a cabeça no lugar, e falou que “não há e nem haverá um teste para identificar o próximo Cristiano Ronaldo.”

“Um grande jogador precisa de condições cerebrais, noção de bola, condição física e uma série de coisas nas quais entram em jogo (atentem para o trocadilho “entrar em jogo”) cerca de 500 genes”, diz Wackerhage indicando o impedimento.

Não só isso, meu querido Wackerhage. São 500 genes e treino, muito treino. Afinal, quem disse que a falta de um gene não pode ser compensada com MAIS treino?

Claro que o geneticista não poderia deixar de puxar a sardinha para o seu lado, quando afirma que tendências para esportes menos complexos, como os 100 metros rasos, poderiam ser detectadas no futuro. Só não sei qual critério ele usa para definir um esporte como menos complexo que outro. Cartão amarelo para ele.

E mesmo que tais testes fossem possíveis, não poderiam ser usados por empresas. Muito menos para contratação (como já foi escrito aqui).

Mas que seria desejável um teste genético para selecionar cartolas de futebol, isso seria.

Células-tronco embrionárias: mais do mesmo, mas com um pouquinho de Isabella.

Aqui a notícia:

Cientistas e juristas questionam pesquisas com células-tronco
Grupo divulgou um manifesto contra pesquisas com células-tronco embrionárias.
Tema está em discussão no STF; julgamento foi interrompido em março.

Não vi a declaração, mas os dois pontos ressaltados na reportagem são argumentos já exaustivamente debatidos: a vida começando na concepção (só que a questão não é com a vida, a questão é quando começa o “indivíduo”); e o direito dos pais sobre a vida dos embriões. Aqui o argumento ganha um novo fator apelativo, onde até a onipresente menina Isabella é citada como mau exemplo do poder de vida e morte que pais têm sobre os filhos. Grande argumento, que acaba caindo no anterior: e se um embrião não for considerado uma criança? Gente, vamos tentar não apelar, ok?

Resumindo, a notícia é esta: Nada de novo.

Veja o que já foi escrito sobre isto neste blog

Contaminação de medicação já matou 81. Má fé da China, negligência dos E.U.A.


Heparina, uma droga que serve para afinar o sangue, e é amplamente usada na medicina, principalmente por quem faz hemodiálise, é a pivô desta história macabra.

81 americanos já morreram devido a lotes da droga que estavam contaminados. Acidente? Impossível, pelo número de lotes contaminados (quase um terço). Portanto o FDA (departamento que regula alimentos e medicações nos E.U.A.) já trabalha com a hipótese de contaminação intencional. Parece que a substância contaminante é um equivalente da heparina, só que 100 vezes mais barata.

Subindo na cadeia de distribuição e produção da heparina, chega-se a uma subsidiária chinesa da empresa americana que fabrica a droga. E na busca por descobrir a fonte da contaminação a FDA foi barrada pelo governo chinês: “Se quiserem entrar em nossas fábricas, iremos entrar nas suas também!” é o que dizem.
Inspeções em fábricas estrangeiras é uma praxe no mundo das importações de matéria-prima, mas nem sempre suprem o desejado. Para realizar todas as inspeções necessárias, a FDA gastaria U$255 milhões a mais, anualmente. Este ano ela gastará U$11 milhões.

Fico imaginando com deve ser no Brasil este processo de importação de insumos para saúde. Sinceramente não sei como é, mas eu que não procurei direito ou este tipo de história não interessa a imprensa? Contaminação por produtos importados é algo que nunca aconteceu por aqui? Porque do mesmo jeito que compramos iPods feitos na China, por ser bem mais “balatinho”, também o governo e as empresas compram seus insumos do gigante ex-adormecido. Mas se ele continua fechado da maneira como se mostrou no caso americano, que garantia teremos? Bom, sem querer bancar o hippie pedante, mas já o fazendo, eu digo: é o capitalismo selvagem.

Falando nisso, um adendo “acientífico”:
Em um texto de Slavoj Zizek no caderno Mais!, da Folha de domingo passado, ele fala de um ponto interessante sobre a China. Se economicamente ela der certo, não só ficará o mundo todo dependente dela, mas isto provará que o capitalismo não precisa da democracia para se sustentar. Esta era tida como condição para o capital, mas pode acabar se mostrado desnecessária pelo exemplo Chinês. Acho que a ditadura era assim, não?

Reportagem New York Times

Genes e privacidade: lei americana proíbe discriminação genética


Se você fosse dono de uma empresa e pudesse saber se seu empregado possui uma tendência a uma doença grave no futuro próximo, por exemplo, uma chance 20% maior que a média de ter câncer de próstata, você o contrataria?
E se você fosse o empregado, deixaria que fizessem este tipo de exame em você?

Como eu já disse (não só eu, mas a revista Nature também), os testes genéticos vieram pra ficar. Bacana, medicina preventiva usando os genes: se eu tenho o tipo X do gene, posso ter mais chance de ter câncer. Mas infelizmente a coisa não é tão direta assim. Esta é uma visão simplista, e esta informação genética não pode ser usada ainda dessa forma, pois não temos conhecimento de como nossos genes interagem com outros genes, ou com o seu ambiente dentro ou fora das células.

Mas as empresas, principalmente as de seguro, sabem disso? Mesmo se souberem, elas vão se importar em diferenciar tarifas ou contratações? Por essas e por outras que foi votada na câmara dos senadores dos Estados Unidos o Ato de Não-discriminação por Informação Genética. Se assinada pelo presidente Bush (e é quase certo que será), fica proibida qualquer discriminação baseada na informação genética do indivíduo.

Essa segurança legal torna mais fácil conseguir pessoas que se submetam a testes genéticos com fim de pesquisa, pois atualmente poucas pessoas se sentem seguras para abrir seu código genético, mesmo para pesquisadores sérios e com contratos de sigilo firmados. Afinal, todos os dados coletados de pesquisas vão para um computador, e hoje em dia nenhum computador ligado à internet está a salvo de invasões e roubo de dados.

E estes estudos que são necessários para, justamente, aumentar nosso conhecimento na área e, quem sabe no futuro, poder chegar a testes diagnósticos realmente relevantes e seguros.

Bom saber que já se abriu este precedente para proteger as pessoas de seus próprios genes.

links:
New York Times: Genetic Nondiscrimination Bill Clears Congress
Wired: Genetic Nondiscrimination Bill Clears Congress

Doze dicas científicas para potencializar seu cérebro


da revista Wired

É isso aí, nada de vitaminas ou meditação transcendental. Aqui vão dicas cientificamente comprovadas para dar uma melhorada no que temos de melhor (ou pior): nossa mente!

A revista Wired está de parabéns. Muito bacana este especial, que só foi traduzido e/ou adaptado por mim. O mérito é da revista, qualquer coisa a culpa é dela. E se ela pegar no meu pé, meus advogados estão a postos.

1- Mitos sobre inteligência:

– jogar Brain Age: este vídeo game promete aumentar as capacidades cognitivas de seus jogadores. Pena que nunca foi provado. A melhora do desempenho no jogo não necessariamente indica melhora fora dele.

– palavras-cruzadas: dizem que aumentam a capacidade de memória e retardam o envelhecimento do cérebro, estimulando novos neurônios. Nenhum dado que confirme isto. Existem indícios de correlação, não de causa: ou seja, quem faz palavra-cruzada ou tem um trabalho que exija mais da mente, já tem uma maior capacidade cerebral, que a atrai a fazer este tipo de atividade. Qual a palavra de quatro letras que significa “crença no senso comum, sem provas”? Quem disse “mito”, acertou.

– Comer peixe: ora, nossos amigos do mar têm muito Omega 3, que é importante para o desenvolvimento cerebral de embriões, e alguns estudos ligam a dieta rica em peixe a um menor risco de degeneração mental com a idade. Mas estes estudos se baseiam na boa memória das pessoas, para lembrarem o que comeram. Coisa não muito confiável. Em camundongos, dieta com Omega 3 não teve efeito nenhum na cognição. Outra coisa, peixes de água fria, que são os mais ricos em Omega 3, também têm taxas elevadas de duas neurotoxinas.

– Mascar chicletes: Já foram mandados nas rações de soldados da Primeira Guerra Mundial. Pensava-se que o ato de mascar aumentaria o fluxo de sangue no córtex motor e também poderia enganar o cérebro ao deixá-lo pronto para receber comida. Isto aumentaria produção de insulina, elevando os níveis de glicose cerebal – melhorando o raciocínio. Pena que um estudo feito em 2004 descobriu que mascadores de chiclete são menos atentos que um grupo controle sem chiclete. É, parece que meus professores na escola estavam certos: sem chiclete na sala de aula.

– Ouvir música: A música pode expandir a sua mente, mas pode ela também expandir a capacidade cerebral? Algumas empresas até vendem CDs prometendo melhorar esta capacidade; não com músicas, mas sons com diferentes freqüências em cada ouvido. Esses tons se misturariam no cérebro e dispararia padrões neurais, alterando ondas cerebrais que alterariam o estado da mente. Idéia interessante, mas menos provável que tirar pensamentos elevados de um show do Babado Novo. Uma pesquisa recente submeteu pessoas a essas freqüências, e o padrão do eletroencefalograma não mudou nada. Pior, as pessoas ficaram depressivas e esquecidas. Ora, para ter estes efeitos é só ouvir Celine Dion.

– Suplementos: O mercado está cheio de produtos que prometem melhorar a inteligência. Melhorar o suficiente para checar as bases científicas dessas promessas? Os vendedores de pílulas esperam que não. Aqui alguns exemplos:

Complexo B – Ajuda contra Alzheimer, mas não vai ajudar a resolver seu sudoku

Ginkgo Biloba – pode ajudar na velhice, mas até lá, não será muito útil

Ginseng – pode regular a glicose, a qual se relaciona com cognição, mas ainda não há prova

Gotu Kola – Reduz ansiedade em ratos, mas em humanos a única coisa “inteligente” é o marketing em cima disto

Huperzina A – um estudo mostrou melhora na saúde de adultos, mas faltam estudos adicionais

2- Distraia-se: precisa memorizar algo importante? Olhe atrás de você!(Brincadeira.) O truque é esse mesmo, se distrair estudando coisas um pouco diferentes do que você está tentando aprender. Seu cérebro vai trabalhar mais para gravar a informação original. Exemplo: Em 2007 pesquisadores pediram para estudantes memorizarem pares de palavras (país: Rússia, fruta: limão, etc). Depois alguns tinham que assistir a uma apresentação de slides com material relacionado, mas não idêntico (fruta: maçã). Adivinhe? Os alunos que assistiram à distração foram melhor em lembrar as palavras do teste. Ei, o que é aquilo no céu, um pássaro ou um avião?

3- Cafeína, com moderação: Café, erva mate, Red Bull, há sempre uma bebida com cafeína para cada população. E não é pra menos: cafeína revigora o corpo e afia a mente. Estudos sugerem a melhor forma de se usar esta substância. Melhor que tomar uma dose cavalar no café da manhã seria tomar espaçadamente pelo dia. Durante o dia sua cabeça se enche de adenosina, uma substância que causa fadiga mental. A cafeína bloqueia os receptores de adenosina, cortando a moleza. Para maximizar a atenção e minimizar a euforia, o melhor é manter os receptores com pequenas mas freqüentes doses, como uma caneca de chá ou meio cafezinho, ao invés de uma bomba só pela manhã. Para melhorar, adoce com açúcar ou coma junto um lanchinho com carboidrato, pois parece que glicose e cafeína juntas aumentam a cognição melhor que cada uma separadamente. Alguém aceita um biscoitinho?

4- Pense positivo: Aprender coisas novas melhora seu cérebro, especialmente quando você acredita que pode aprender coisas novas. É um circulo virtuoso: quando você acha que está ficando mais esperto você estuda mais, fazendo novas conexões neurais, as quais deixam você mais… inteligente! Segundo estudos da Universidade de Stanford, voluntários mais persistentes (que persistem na tarefa apesar de obstáculos) possuem uma maior plasticidade neural, ou seja, se adaptam melhor a situações diversas, e mostram melhor desempenho cognitivo que os voluntários de atitude mais fixa (defensivos ou que desistem mais rápido). “Muitas pessoas pensam que têm um nível de inteligência fixo e pronto,” diz Carol Dweck que conduziu o estudo. “A cura para isso é mudar de atitude.”

5- Use a droga certa: Nem toda droga usada para melhora de desempenho frita neurônios. Aqui você vai achar uma lista com drogas, seus efeitos esperados e efeitos colaterais possíveis. Como ninguém aqui é médico, você só pode estar alucinando se estiver pensando em usar estas coisas apenas se baseando neste artigo.

6- Como treinar seu Q.I.: Procurando emprego? É bom ir se preparando para um teste de Q.I., pois muitas empresas hoje em dia pedem este tipo de exame. E, sim, você pode treinar para melhorar sua pontuação. Aqui, você acha dicas de Philip Carter, autor do livro “IQ and Psychometric Test Workbook”, com alguns exemplos de questões.

7- Conheça seu cérebro: Sócrates o relacionava a uma tábua de cera. Descartes pensou ser hidráulico. Hoje em dia é visto como um supercomputador. Boas tentativas. O cérebro é uma das estruturas mais complexas do planeta, o que o faz quase impossível de se compreender, e muito menos ser descrito com uma metáfora. Aqui e aqui vão alguns mapas para melhor compreensão deste órgão.

8- Não entre em pânico: Se estiver fugindo de um urso, é bom estar estressado – você vai correr mais rápido. Se estiver no Show do Milhão, a mesma ansiedade vai fazer você se enrolar todo. Um pouco de nervosismo pode melhorar sua performance cognitiva, mas períodos de estresse intenso podem nos transformar em neandertais. A amídala (a do cérebro, pois as da garganta só servem para infeccionar), é o nosso centro que controla o medo, e sempre supera o córtex pré-frontal, o qual é responsável pela memória de trabalho e tomada de decisão. Quando essa área profunda de nosso cérebro (amídala) é ativada, ela subjuga seus neurônios do córtex. Seu QI cai. Sua criatividade, senso de humor – tudo desaparece. Você fica estúpido. Como evitar isto? Respire fundo, e sincronize seu pulso com sua respiração. Assim seu cérebro vai pensar que está tudo mais calmo. Yoga ou uma soneca podem resolver também.

9- Adote o caos para ordenar sua memória: Uma maneira de aprender melhor é… bagunçar tudo! Esse é o conselho de Robert Bjork, professor de psicologia da universidade da Califórnia, que estudo memória e aprendizado. Voluntários em seus experimentos mostraram melhor capacidade de recordar informação quando aprendida de maneira embaralhada. Por exemplo, ele pediu que indivíduos em um grupo memorizassem sequencias de cinco letras num teclado de computador. Primeiro eles decoravam uma sequencia, só então mudavam para a segunda e em seguida para a terceira. Eles foram comparados com um segundo grupo, que decorou os conjuntos de cinco letras em ordem aleatória. Quando foram testados, o grupo da ordem aleatória teve melhor desempenho.

10- Seja visual: quer impressionar seus colegas localizando Guiné e Guiné Equatorial? Memorizar o mapa da África é mais fácil do que você pensa. As dicas são: separe o continente por regiões; ligue cada país e seu formato a outra figura de formato parecido, de preferência que também se relacione ao nome do país; relacione as figuras dos países vizinhos, montando uma historinha, e assim por diante. Agora, achar uma história para Azerbaijão e Uzbequistão, isso fica por sua conta.

11- Exercite-se sabiamente: Exercício físico pode fazer você pensar melhor? Em alguns casos, sim. Aqui está o que realmente funciona.

– Treino aeróbico: SIM. Estudos mostram aumento de massa cinzenta e branca em cérebros de adultos mais velhos. Também aumenta a performance de alunos de faculdade em testes cognitivos.

– Levantar pesos: IRRELEVANTE. Quando um halterofilista diz q está ficando imenso, pode ter certeza que não está falando do hipocampo. Foi achada uma ligação mínima entre treinos de resistência e função cognitiva.

– Yoga: SIM. Quando estamos estressados muitas vezes prendemos a respiração. Resultado: mais estresse, menos oxigênio para o cérebro. Assim a primeira coisa que se perde é a memória. A Yoga ajuda a perder este hábito.

– Estudar na esteira: IRRELEVANTE. Aulas de spinning podem aumentar seu “músculo” cerebral, mas não significa que você deva estudar enquanto estiver bufando e suando na esteira. Pesquisas mostram que isso só irá confundi-lo. Você acaba não fazendo bem nem uma coisa, nem outra.

12- Vá devagar: você deve levar dois segundos e meio para ler esta frase. Mais rápido que isto e você não absorverá seu significado. A resposta motora da retina, e o tempo que a imagem da palavra leva para viajar da mácula para o tálamo e para o córtex visual, onde é processado, limita o olho a 500 palavras por minuto, no máximo. A média lê metade disto. “Não existe esse tipo de leitura dinâmica,” é o que diz Keith Rayner, psicólogo cognitivo da universidade de Massachusetts-Amherst. “Não existe se a nossa definição de leitura for compreensão do texto.” Estudos mostram que leitores rápidos perdem para leitores lentos quando questionados sobre o texto.

Elementar, e mui caro, Watson.

Olhem só que beleza, temos mais um ser humano com seu genoma sequenciado: James Watson. Pra quem não se lembra ele foi um dos descobridores da estrutura do DNA. Esta descoberta abriu caminho para a manipulação genética, que é a principal atividade da
biologia atual (quer a gente queira ou não). Foi também esta descoberta que possibilitou o Projeto Genoma Humano (PGH), sequenciamento finalizado em 2001. Mas se já sequenciaram o genoma humano, qual a novidade em sequenciar o genoma do Watson só agora? Elementar meu caro. O PGH foi um sequenciamento de amostras de várias pessoas, que geraram um consenso, ou seja, uma sequencia que bate com a maioria. Era uma amostragem. Agora o que se busca é o sequenciamento individual, pessoal e intransferível. É possível, só que há um probleminha que impede esta etapa: o preço. O PGH durou 13 anos e custou 2.7 bilhões de dólares!

Um outro rapaz já teve seu genoma sequenciado. Craig Venter, o dono de uma empresa de biotecnologia que, em paralelo ao PGH, sequenciou o genoma humano, também teve seu DNA soletrado em A-T-C-Gs. Apesar de ter saído bem mais rápido e barato (100 milhões em 4 anos), ainda é um precinho meio proibitivo para os planos de saúde poderem colocar em seus pacotes de vantagens. Mas esse sequenciamento do Watson começa a trazer o sequenciamento pessoal mais para a realidade. Seu custo: 1,5 milhões. Tempo: 4,5 meses. Não é nenhuma bagatela, mas mostra que os avanços técnicos vêm a galope. Existe uma organização que está oferecendo um prêmio de 10milhões de dólares para a empresa privada que conseguir a seguinte façanha: sequenciar 100 genomas humanos (ou seja, 100 pessoas), em 10 dias, ao custo de 10mil dólares por genoma. Daí já daria pra brincar.

Mas veja que situação embaraçosa. Muito foi feito e gasto para se sequenciar o genoma de James Watson. Mas ao juntar e analisar esta informação, para apresentar para o próprio Watson, a conclusão não foi elementar, meu caro. Afinal, poucos são os marcadores genéticos de doenças que são confiáveis. Na verdade nenhum marcador genético pode dar certeza de doença. No máximo uma boa dica. O que é um problema para aqueles investidores em biotecnologia que não entendem nada de biologia. Afinal todo este dinheiro usado até agora foi conseguido pela promessa de resultados que seriam úteis na clínica, ou seja, nos laboratórios de diagnóstico pelo mundo. Só assim haverá um retorno financeiro que pague o gasto tido até agora. Não parece ser o caso, pelo menos não tão cedo.Vamos ver até que ponto o lobby da genômica vai levar esses engravatados no bico.

Links:
Dr Watson’s base pairs
James Watson’s genome sequenced at high speed
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