Resenha em cápsula (VII): Realismo capitalista

Por: Ana Paula Fregnani Colombi

No livro Realismo Capitalista, publicado originalmente na língua inglesa, em 2009, Mark Fischer nos convida a pensar por que estamos enredados em um momento em que é mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo. Para responder a esta questão, o autor apresenta nove capítulos curtos, mas profundamente reflexivos, cujo aspecto central é levantar elementos para compreender a impotência da esquerda e sua dificuldade de capitanear politicamente as consequências de formas especificas do mal-estar pós-fordista que imperam na sociedade contemporânea, como a angústia e a ansiedade. Argumenta que o realismo capitalista é uma espécie de atmosfera abrangente, reproduzida nas escolas e universidades, que condiciona todas as dimensões da vida, bloqueando o pensamento e a ação. Pondera, entretanto que, pautando o que hoje parece impossível e politizando os desejos da classe trabalhadora, um novo sujeito político coletivo emergirá. Para isso, defende que a esquerda deve parar de limitar suas ambições no Estado e que, tampouco, deve se render ao espaço privado dos afetos. Alguma coisa entre a disputa coletiva do Estado e dos afetos, é fundamental para reconstruir a consciência de classe, convertendo descontentamento privatizado em raiva politizada, fazendo com que, de repente, tudo seja possível de novo.

FISHER, Mark. Realismo capitalista: é mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo?. Autonomia literária, 2020.

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