Complexidade e Método Científico

O universo, a terra, os seres humanos e os átomos são de uma complexidade enorme. Existem inúmeras variáveis envolvidas no funcionamento deles, sendo que uma pode interferir na outra, assim como várias podem interagir simultâneamente – sendo que essa última possibilidade é a mais comum na natureza.

Portanto, necessitamos de algumas ferramentas  se pretendemos compreender alguma coisa de um sistema tão complexo como é o nosso. Algo que nos ajude a superar as limitações humanas de percepção, raciocínio, lógica e racionalidade, que parecem tão irremediavelmente inferiores e incapazes de compreender o funcionamento das coisas. É ai que entram em cena o ceticismo, o empirismo, o método científico e as tecnologias.

Para começarmos a falar dessas ferramentas, devemos antes entender que nós, seres humanos, temos muitas imperfeições. O próprio conceito de perfeição do ser humano depende do ambiente onde esse ser humano vive, pois, se pensarmos em termos evolutivos, as mesmas características poderiam ser consideradas perfeitas (adaptativas) ou não para diferentes ambientes. Existem muitas imperfeições no organismo humano, que não se modificou tanto de 150.000 anos pra cá, mesmo que seu ambiente tenha mudado radicalmente.

Nossas capacidades perceptivas são inferiores a de muitos animais:  o faro dos cães e a visão das águias é muito superior ao nosso olfato e à nossa visão. Somos facilmente influenciáveis por motivações que não nos damos conta, como brigar com alguém porque está com fome ou sentindo uma dor no abdômen – o que indica nossas limitações de racionalidade. Nosso organismo pode eventualmente identificar nossas próprias células como invasoras e atacá-las, nos auto-destruindo como é o caso de doenças auto-imune – o que ilustra uma falha na própria regulação que nosso organismo possui.

Por esses e outros motivos, quando cientistas tentam entender o mundo que os cercam, costumam fazer uso de algo que chamamos de método científico: esse método é a forma como os cientistas investigam as propriedades das coisas de acordo com algumas regras lógicas e compartilhadas, que sistematizam as etapas de pesquisa, seja em qual área esse método seja aplicado.

O  método de uma pesquisa é um dos aspectos mais importantes e mais relevadores da qualidade de uma pesquisa científica, nos auxiliando a avaliar sua validade, sua importância, seu impacto e suas limitações. O aprendizado desse método ocorre normalmente dentro das universidades, onde o estudante recebe um treinamento de professores e desenvolve seu domínio sobre este através da prática investigativa e do estudo teórico.

É o que há de mais fundamental para um pesquisador em formação – aprender a desenvolver suas habilidades de analisar, criticar, adaptar e criar métodos. Um erro comum na formação de estudantes ocorre quando se cria o foco na inserção do aluno em uma escola de pensamento ou em se tornar o discípulo de um teórico para defender uma teoria. Se o estudante pode se focar no entendimento do método científico ele aumenta suas chances de se tornar um pesquisador melhor, mais versátil, menos bitolado e mais útil para a academia.

Muito do que a ciência foi capaz de fazer agora não era há alguns anos atrás. A tecnologia se desenvolveu rapidamente nos últimos anos e facilitou o estudo de coisas que antes eram julgadas como não-investigáveis, como o cérebro em funcionamento. Os estudos que utilizam aparelhos de ressonância magnética permitiram avanços importantes na medicina, biologia e psicologia. Um benefício para o resto do mundo dessas tecnologias é que hoje você pode fazer uma tomografia para saber se está com problemas de saúde no corpo sem precisar ser cortado, ou fazer um imageamento por emissão de pósitrons para saber se tem um tumor no cérebro.

Com o uso dessas e outras ferramentas como as teorias probabilísticas, os testes estatísticos, as teorias, o acúmulo de conhecimento, as discussões e reformulações teóricas, os cientistas conseguiram melhorar muito suas capacidades de compreensão, por mais que elas ainda sejam tão primitivas perto do vasto e complexo universo no qual vivemos e do qual pouco entendemos.

Como sabemos que essas ferramentas são úteis e podem nos ajudar a descobrir coisas confiáveis? Por meio dos resultados e dos progressos que fomos capazes de alcançar usando essas ferramentas. Estes resultados estão presentes no nosso cotidiano de tal forma que dependemos muito delas, como computadores, redes elétricas, aviões, celulares, playstations 3, fogãos, geladeiras, fornos, carros, vacinas, remédios, robôs. É muito provável que nada disso existiria se nosso planeta não tivesse sido habitado por pessoas curiosas, insistentes, inteligentes e que botaram a mão na massa, como os grandes investigadores que viveram aqui.

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