Pseudociências

Astrologia, homeopatia, terapias alternativas, design inteligente, “o segredo”, horóscopo, florais… essas e muitas outras tentativas de empurrar um sistema de crenças guela a baixo das pessoas, visando em grande parte lucrar financeiramente com a credulidade e a esperança alheia, são o que chamo aqui de pseudociências.

As pseudociências constroem idéias e informações que não se baseiam em evidências claras e suficientes, e mesmo assim concluem coisas extremamente improváveis. Gostam de pousar de incompreendidos, sensíveis, vanguardistas e discriminados, provavelmente no intuito de conquistarem seu espaço “no mercado” para “explicar aquilo que a ciência não pode explicar”.

Apesar de muitas vezes se “vestirem” cientificamente, utilizando termos e idéias científicas, costumeiramente não submetem suas idéias a testes rigorosos que possam corroborar o quão verdadeiras elas são. Não o fazem até porque seus clientes não exigem isso deles: milhares de pessoas gastam dinheiro com mapas astrais, remédios homeopáticos, livros e revistas, e nem sequer se preocupam em entender como todas aquelas informações que elas estão consumindo são produzidas.

Sua preocupação não é com a verdade, e sim com convencer as pessoas em acreditar em algo, para consequentemente aumentar seus clientes (por mais que essa intenção não seja tão consciente e deliberada da forma como coloco aqui em todos os casos).

Há sem dúvida pessoas envolvidas com pseudociências que possuem as melhores intenções, mas elas acabam servindo de meios de propagação para os que realmente lucram com essas crenças. “Aqui” você pode acessar um texto muito mais completo diferenciando a ciência da pseudociência.

A maioria das pseudociências se diferenciam das ciências por fazerem uso incorreto e esdrúxulo do que foi produzido de conhecimento e não aplicarem o método científico de forma adequada para concluirem suas idéias. Elas passam por cima de teorias e idéias consensuais na comunidade científica, corroboradas por várias evidências, sem se dar ao trabalho de apresentar alguma  evidência tão extraordinária quanto às evidências que corroboram aquele conhecimento.

Se tem uma coisa que a pseudociência pode se caracterizar é por não ser praticada por “cientistas” de verdade, e sim charlatões, superticiosos, ingênuos ou pobres coitados que precisam de um ganha pão. Características como imutabilidade diante de novos avanços, não questionamento, desprezo pelas evidências e credulidade cega são muito comuns na maioria das pseudociências, com pequenas variações.

É verdade que muitas das pessoas que gostam e consomem os produtos das pseudociências não são completamente crédulas, mas gostam dos assuntos e conseguem satisfazer suas necessidades com o que lhes é oferecido. Porém muitas pessoas acreditam ao pé da letra que, por exemplo, a posição dos planetas influencia a formação das nossas personalidades, ou que os seres humanos conviveram com dinossauros.

O preocupante é acharmos que precisamos de acreditar em mentiras para sermos felizes, quando de fato não precisamos. O mundo pode ser estimulante, belo, desafiador, misterioso e revigorante se levarmos em conta apenas o que de mais próximo temos da verdade hoje em dia, e resguardarmos um profundo respeito e admiração sobre os assuntos que ainda não conseguimos entender com as ferramentas de que dispomos.

Esse posicionamento é mais humilde e sensato quando se trata de entender os fenômenos complexos do nosso universo; os quais muitos se atrevem a querer explicar sem nenhum trabalho ou cuidado. Para mim soa como um desdém à grandiosidade e complexidade do funcionamento do universo quando ouço alguém dizer que não precisamos de evidêncas para sabermos como as coisas funcionam (sem contar no desdém que a pessoa tem por ela mesma ao rebaixar tanto sua necessidade intelectual, que engole qualquer coisa pelo que dá a entender).

Porque valorizamos nossos gurus, que não se esforçam para saber o que dizem saber, ao invés dos grandes homens que nos deixaram um legado de sabedoria, teste empírico e ceticismo sobre o mundo? Porque, por vezes, acreditamos em alguém que diz ter certeza absoluta sobre suas idéias, mesmo que não as saiba explicar muito bem (pseudociência), ao invés de alguém com sérias dúvidas sobre o que diz, mas com explicações melhores e com um mínimo de coerência com o que sabemos (ciência)?

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