No documentário “A Ciência Sob Ataque” (Science Under Attack), Sir Paul Nurse, que é um bioquímico, prêmio nobel em 2001 e atual presidente da Royal Society, busca compreender a desconfiança e a hostilidade que andam circundando a relação entre a população e os cientistas.

Paul discute como algumas conclusões praticamente consensuais no meio científico receberam nos últimos anos uma onda de ataques infundados com o objetivo de negá-las, especialmente nos debates acerca da causa do aquecimento global, da causa da AIDS e das pesquisas sobre alimentos geneticamente modificados (a lista poderia se estender a muitos outros tópicos). Muitas das críticas deixaram o plano do debate pacífico e passaram para ameaças e ataques diretos a laboratórios e pesquisadores por parte de ativistas enfurecidos.

Para tal, Paul conversa com representantes dos diferentes lados da discussão: com um cientista da NASA, que demonstra as evidências contundentes de que o ritmo de aquecimento global não é natural, não segue o ritmo que o planeta já seguiu em outros períodos de mudança climática e que o sol não é o responsável pela mudança atual; com um cientista que alega ser o sol a causa do aumento na temperatura, e não o aumento da concentração de dióxido de carbônico na atmosfera terrestre; e com um jornalista que rejeita as evidências do aquecimento global, defendendo que a revisão por pares no meio científico é corrompida.

Um dos pontos que Paul enfatiza como reponsável por essa situação é a falta de comunicação direta e efetiva entre os cientistas e o público em geral. Muitos dos protestos contra a pesquisa sobre manipulação genética de alimentos, por exemplo, não se baseia em qualquer evidência de que essas pesquisas ofereçam reais riscos à natureza ou à nossa saúde. O grande problema nesse debate, assim como em outros temas, parece ser a falta de esclarecimento ao público por parte dos cientistas sobre as pesquisas que eles estão fazendo e sobre as implicações dessas pesquisas.

Para que as decisões mais benéficas sejam tomadas no futuro próximo, é fundamental que esse esclarecimento comece a ser feito em maior escala por parte dos pesquisadores – e se não estiverem dispostos a fazer isso, existirão outras pessoas (nem sempre tão honestas ou qualificadas) para ocupar o seu lugar na mídia. Complementando a discussão feita no texto anterior sobre o negacionismo, é possível assistir este documentário da BBC no vídeo abaixo (com áudio em inglês e sem legendas em português).