Número de católicos brasileiros é o menor desde 1872
Fonte: Correio Braziliense via Bule Voador
Introdução: Em uma matéria sobre a redução dos católicos no Brasil, o editor do Bule e estudante de psicologia, André Rabelo, foi entrevistado pelo Correio Braziliense (com direito a foto no jornal, mais abaixo), importante jornal de Brasília.
Além de ser a segunda unidade da Federação com menor número de católicos no Brasil, o Rio de Janeiro, que já começou a se preparar para receber o papa Bento XVI na Jornada Mundial da Juventude em 2013, é um dos locais com a maior proporção de ateus e agnósticos, perdendo apenas para Roraima. Recordista em espíritas e nas crenças afro, a cidade escolhida pelo Vaticano representa, de uma forma mais intensa, as transformações em curso nos quatro cantos do país (veja quadro). Enquanto cerca de 190 mil pessoas deixam a Igreja Católica por ano, que ainda detém 68% da população como seguidora, a proporção de evangélicos dobrou na última década, representando atualmente cerca de 20% dos brasileiros. No Distrito Federal, o que mais chama a atenção é o número de ateus. Um em cada 10 moradores da capital não segue qualquer crença, bem superior à média nacional, de 6,7%. Os dados são do estudo Novo mapa das religiões, divulgado ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
O estudante de psicologia André Luiz Rabelo faz parte do grupo dos sem-religião. Filho de pai evangélico e de mãe católica, ele conta que foi batizado, fez primeira comunhão, mas, durante a adolescência, começou a questionar os princípios da fé. “Certa vez, vi em um vídeo na internet uma pessoa falando que era ateia e que isso não é um problema. Percebi que podia não acreditar em Deus e ainda assim ser uma boa pessoa”, relata o jovem. Para o presidente da Associação Brasileira de Ateus, Daniel Souto Maior, os números sinalizam que as pessoas estão mais à vontade para dizer o que são. “Pessoas que não frequentam a missa, mulheres que praticam aborto e casais que se separam declaram-se católicos não praticantes para evitar a rejeição social. Aos poucos, sentem mais liberdade de se declarar sem religião.”
Autor da pesquisa, o economista Marcelo Neri, da FGV, destaca que, em nenhum outro componente, demográfico ou social, o Brasil mudou tanto e tão rapidamente. “Até 1970, a diminuição de católicos foi de 1% em cada década. Agora, vemos a mesma queda anualmente”, diz. O número de católicos apontados pela pesquisa é o menor já registrado desde 1872, quando 99,72% dos entrevistados se declararam seguidores da igreja liderada por Bento XVI.
A pesquisa apontou também que há uma concentração dos sem-religião na base e no topo da pirâmide social. Entre as classes sociais, os evangélicos se concentram nas D, C e AB. Nessa última, há uma forte presença dos espíritas (6%). O sincretismo religioso do Rio, de acordo com o pesquisador, pode ser curioso para a visita do papa. “Um lugar com diversidade religiosa e baixa religiosidade é interessante para quem quer defender o rebanho”, diz.
Na última semana, a Companhia de Planejamento do DF divulgou estudo sobre o perfil do religioso na cidade, apontando menos de 5% na proporção dos sem- religião. Os pesquisadores do órgão apontam, porém, que, das 30 regiões administrativas, apenas 15 foram mapeadas. Eles destacam que, quando finalizado, a taxa tende a crescer, coincidindo com os dados do FGV, feitos com base em estatísticas do IBGE.
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