A biologia sintética pode tornar sua bebida mais segura? Reloaded – Parte 2
Como o Pedro disse no vídeo publicado no último post, eu vou tratar da parte um pouco mais cabeluda de se fazer um projeto: os problemas!
Nesse vídeo abaixo (que eu me esforcei para caber em quase 10 min), o meu trabalho foi explorar os outros contaminantes presentes nas bebidas “não comerciais” (ou falsificadas): o carcinogênico carbamato de etila e o cobre.
O grande e emocionante desafio dessa parte é estimar a viabilidade no projeto com base em alguns parâmetros, como preço das técnicas, acessibilidade a equipamentos, o know-how que temos e principalmente o tempo que tudo isso irá tomar até setembro (!!).
Com apenas as pesquisas que fizemos, tentei delinear informações importantes e determinantes para sabermos se o projeto é factível ou não, com base em questionamentos simples, como: “Se tivermos uma amostra com uma bebida com o máximo de contaminantes permitidos por lei, o sistema irá responder com os níveis de atividade gênica que temos!?”.
O objetivo do “produto final” não é ser um detector como um cromatógrafo, da mesma maneira que o seu computador pessoal não foi feito com o objetivo de ser um “Pensador Profundo“. A ideia aqui é explorar é criar um detector extremamente barato e descartável, sem a necessidade de se encomendar análise ou de comprar aparelhos caros. O “público alvo” da tecnologia em pesquisa é o cidadão comum. É o “Seu Antônio” da distribidora de bebidas da esquina, que quer avaliar a qualidade de um novo fornecedor; ou até mesmo a vigilância sanitária de uma cidadezinha de Minas Gerais, que quer avaliar a qualidade das chachaças de um festival regional. Imagine essas pessoas indo no supermercado mais próximo comprar um “fermento” que pode fazer essas análises.
Enfim: estamos abrindo esse projeto a ideias, sugestões e principalmente críticas. Estamos precisando daquelas pessoas que nos digam que é impossível, mas que argumentem o melhor possível suas opiniões. Ao contrário de muitos alunos de pós-graduação, nós adoramos que “falem mal” das nossas ideia de pesquisa – desde que seja pra gente! Apesar de aparentemente contraditório, é assim que os projetos se tornam tangíveis.
Assistam o vídeo para descobrirem os furos que já encontramos da proposta do primeiro vídeo e o que estamos fazendo para “tapá-los”:
[youtube_sc url=”http://www.youtube.com/watch?v=YkjQHUoDRDU”]
Correções e Observações do Vídeo:
- A publicação “do último dia de 2012” não é sobre um Microarray, mas de um sequenciamento de RNA (coisa de ponta, e cara!).
- Essa publicação não foi a primeira a se analisar o transcriptoma de P. pastoris.
- Essa publicação não foi referenciada no final do vídeo. Eis a referência aqui:
Liang S et al. “Comprehensive structural annotation of Pichia pastoris transcriptome and the response to various carbon sources using deep paired-ed RNA sequencing“. BMC Genomics 13(1):738, 2012. - Também faltou mais uma referência, a que eu cito entre aspas quando falo dos gargalos do carbamato de etila:
Narayan C, Kumar A. Constitutive over expression of IL-1β, IL-6, NF-κB, and Stat3 is a potential cause of lung tumorgenesis in urethane (ethyl carbamate) induced Balbc mice. J Carcinog. 11:9, 2012.
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