De dia é azul, de noite é piscando.

O ar que forma a atmosfera em cima das nossas cabeças, apesar de parecer, não é totalmente transparente, é meio fosco e tem uma certa densidade que também não é constante.
– E eu com isso?
É por isso que as estrelas piscam.
Imagine um carro com os faróis acesos e uma fogueira acesa entre o carro e você.
Quanto mais fumaça tiver, menor será a quantidade de luz dos faróis alcançando seus olhos, e vice-versa. Mas, a quantidade de fumaça nunca é constante. As vezes tem mais, as vezes tem menos, dependendo do calor da fogueira, do vento, do pedaço que tá queimando, da posição do pedaço dentro da fogueira, da orientação do pedaço, da umidade do ar, etc.
Ar é uma fumaça café-com-leite em termos de opacidade. Ar é formado de gases, que são fluidos, assim como líquidos são fluidos.
Se uma pia estiver cheia de água, dá para ver o ralo. Se uma piscina estiver cheia d’água, dá mais ou menos para ver o fundo. Quanto mais água, menos luz passa. A mesma coisa vale pro ar, quanto mais ar, menos luz atravessa.
Quando existe mais ar entre nós e as estrelas, elas ficam menos brilhantes, quando tem menos ar, ficam mais. Como a quantidade e a densidade do ar está sempre mudando, como a fumaça da fogueira, por causa do vento, temperatura, correntes de convecção, etc., as estrelas piscam.
O poeta Zé da Luz, quando em puxinanã, explicou muito bem esse fenômeno:
Os ói dela paricía
Duas istrêla tremeno
Se apagano e se acendeno
Em noite de ventania
Esse mesmo ar que fica esculhambando o samba de noite, deixa o céu azul de dia.
Minha professora da primeira série disse que “o céu é azul porque o céu reflete a cor do oceano”.
E por que fica vermelho de tardezinha? Ela não soube responder e me deu umas contas preu fazer e ficar quieto. Eu gosto de fazer conta.
Não existe um motivo só para o céu ser azul, mas vários.
Um deles é que o ar, como dito acima, não é transparente, e absorve um pouco as ondas eletromagnéticas de frequência mais curta (qualquer dia desses eu publico uma entrada sobre ondas. É mó legal!) como o vermelho e o laranja e espalha mais facilmente as ondas mais longas, como o azul e o violeta.
O céu não é violeta para os nossos olhos porque, apesar da absorção pelo ar ser menor que a da cor azul, nós temos cones receptores de cor nas nossas retinas que respondem melhor ao vermelho, azul e verde. O seu televisor funciona do mesmo jeito, criando todas as cores de todos os vestidos das madames das novelas usando só três luzezinhas (plural diminutivo de ‘luz’. O de ‘bar’ é ‘baresinhos’) nessas mesmas cores.
Como as ondas mais curtas já estão melhor espalhadas pelo ar, essas células dentros dos nossos olhos captam as cores da seguinte maneira: os cones vermelhos respondem à pouca luz vermelha que está na atmosfera mas também responde, mais fracamente, ao amarelo e laranja. Os cones verdes respondem também ao amarelo, mas mais fortemente ao verde e verde-azulado que estão mais espalhados. Os cones azuis respondem às cores que estão mais bem espalhadas; azul, anil e violeta. Se não houvesse anil nem violeta, o céu seria azul esverdeado. O resultado disso é que os cones vermelhos e verdes são estimulados mais ou menos na mesma quantidade, mas os cones azuis recebem muito mais informação que ambos ou outros.
Não é coincidência que para ver o azul-celeste como uma cor pura.
O fato de o azul do céu limpo ser do mesmo tom que excita dos nossos receptores não é coincidência. Nós evoluimos para nos adaptarmos melhor ao ambiente e conseguir diferenciar cores naturais facilmente é uma grande vantagem.
E por quê então o pôr-do-sol é vermelho? Tó, vá fazendo aí:
(3² x 4)³ – {(10² + 2) x [7³ x (19 x 6)]}
Quando o sol está perto do horizonte, ele fica uma nesguinha de nada mais longe da gente do quando está acima.
Apesar do ar absorver a parte carmim da luz e espalhar a parte azulada melhor, o encarnado tem mais força e consegue ir mais longe.
Quando o sol está mais longe, puxa fica mais pro escarlate porque essa cor tem mais energia e viaja mais.
Se o ar estiver limpo, o céu fica amarelado. Se estiver muito sujo com partículas poluentes, fica mais vermelho. Em alto-mar, o pôr-do-sol é mais alaranjado, por causa da refração da luz nas partículas suspensas de sal (maresia). Essas mudanças são por causa de um fenômeno chamado Efeito Tyndall.
E eu descobri agora, enquanto pesquisava para isto aqui, que o ângulo também influencia, espalhando melhor a luz e deixando a mistura mais homogênea.
Uma experiência que eu gostava de fazer quando era criança (onde é fácil de perceber o efeito Tyndall) era colocar um copo de coca contra a luz. Fica bem vermelhinho.
Outra maneira de perceber essa filtragem é quando estamos de óculos escuros (os polarizados funcionam melhor) e os cintos de segurança dos carros, que normalmente são pretos, passam a ser enxergados em grená.
Ah, a conta dá 42…

Discussão - 3 comentários

  1. Mao disse:

    Tse Tung diz (21:37):
    igor, aumenta essa fonte
    Tse Tung diz (21:39):
    e a chave é pra ser fora do colchete que é fora do parênteses

  2. chupa que é de uva! senta que é de menta!!

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