Esporos

Não, não vou falar sobre o jogo SPORE, porque eu quero ter mas não posso jogar (me falta tempo e condições físicas), portanto eu tento não pensar muito nisso.
Na verdade, o título deveria ser “Fungos e seus esporos“, mas além de difícil de repetir rapidamente três vezes e parecer nome de banda punk de pré-adolescente (e querer contabilizar na fama do jogo), o filé do artigo é sobre os esporos mesmo. Os fungos que os gera são os coadjuvantes.
Pesquisadores estudando fungos que crescem em rumas de fezes de herbívoros (ô vida boa…) descobriram que os bichinhos se desenvolvem por meio de esporos que devem ser devorados e redefecados.
Contudo, os animais necessários para esse estágio de desenvolvimento não gostam de pastar onde fazem suas necessidades (hummm) e se tornou preciso que os fungos dessem um jeito (eu estou falando como se todos os envolvidos fossem seres conscientes e tudo ocorresse em pouco tempo, mas é porque eu sou um cronista e suponho e espero que meu publico entenda de evolução, mas se não for o caso, leiam o lablogue de Marco).
Eis que surgiu a coisa biológica mais rápida (na verdade, a que tem maior aceleração) da qual se tem notícia. Os esporos.
As espécies estudadas atiram sua munição genética até cento e oitenta mil vezes a aceleração da gravidade (que equivale ao aumento de velocidade em dez metros por segundo a cada segundo que passa, perto de um prédio grande).
180.000 x 10m/s² = 1.800.000m/s² (um milhão e oitocentos mil; por extenso é mais fácil de entender números grandes).
Ou seja, no primeiro segundo, a velocidade é zero. No segundo seguinte (para não confundir ninguém dizendo “no segundo segundo”), a velocidade é 1800000 metros percorridos a cada segundo. Se mantida essa taxa, no próximo segundo, a velocidade seria três milhões e meio de metros percorridos em um só segundo!
Desde o começo isso já seria mais rápido que a velocidade da luz, o que não é possível.
Mas isso é a ACELERAÇÃO medida por segundo.
Como tudo ocorre em bem menos tempo, a velocidade não chega a ser tão impossível.
O fato ocorre em um milionésimo de segundo (1 sobre 1 milhão, ou um zero-vírgula seis zeros, ou 0,0000001), o que não é bem apropriado para os nossos olhos que devem se preocupar mais com coisas como dentes-de-sabre pulando bem mais devagar.
A conta, portanto, daria uma velocidade máxima de 1,8 metro por segundo (na página que eu indiquei mais acima eles chegam num total de 25, mas eu não vou discutir isso porque estou com preguiça, com fome e com uma dor no joelho que tá dobrado faz tempo e eu sei que na hora que eu desdobrar vai doer pior, o que me preocupa mais que o resultado dessa conta aí).
Câmeras daquelas que acompanham trajetória de balas ou balões de festa estourando rodam a mil quadros por segundo. Para estudar esses lançamentos foi preciso uma câmera que filmasse 250 mil quadros por segundos. Só isso.
Essa aceleração brutal se dá devido a um efeito chamado pressão osmótica que precisa ser monstruosa para que os microscópicos esporos consigam adquirir tal aceleração no ar, que para eles é denso como uma piscina de melaço seria para nós (comparativamente, é como se um humano estivesse se movendo cinco mil vezes mais rápido que o som dentro de mel de rapadura).
A distância alcançada é de mais ou menos dois metros e um pouquinho (essa última sentença é bastante vaga, eu sei, mas foi de propósito), o que aparenta ser suficientemente longe dos bolos de excrementos para os animais pastarem novamente e ingerirem os esporos, criando mais fungos nas próximas excreções (como eu disse antes, o lixo de um é o tesouro de outro).
Tem muita coisa boa no mundo.

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