Pré-natal para Síndrome de Down

Antigamente (até ontem, eu acho), existia um teste, feito nas futuras mães, para se saber se o feto era portador da síndrome de Down.
O teste consistia em se enfiar uma agulha na barriga grávida da mulher para colher uma quantidade de líquido amniótico (que envolve o feto dentro da placenta) e testar os genes da futura criança.
Além de altamente incômodo e ATERRORIZANTEMENTE ASSUSTADOR para a mãe, o procedimento introduzia o risco de dano ao semibebê.
Agora, cientistas da Universidade de Stanford, EUA, desenvolveram um novo método que depende da colheita apenas do sangue da prenha em questão.
Depois do sangue num vidrinho, basta contar e comparar genes, separando os da criança em desenvolvimento e verificando se eles são alterados.
Um teste do pezinho antes de um pé estar disponível!
Mas e depois?

Depois viria o dilema: agora que eu sei que meu filho vai ser deficiente, eu faço o quê?
Existe uma questão moral muito forte aí.
Quem quer passar por isso? Por mais inevitável que seja um filho downie, de quê adianta saber antes mesmo dele nascer?
Já que ninguém vai dizer, deixem que eu digo: aborto!
O americano típico não vai gostar da idéia de criar um inválido (antes de continuar, por favor notem que eu estou extrapolando uma visão simplista e popular em prol do argumento que quero criar, mas não acho que downies sejam inválidos, apenas deficientes), especialmente se tiver a chance de se livrar do fardo antes que lhe caia às costas.
E quanto a nós, netos de Tupã?
Ah, é mesmo! Não existe aborto no Brasil…
Imagino a aflição de uma mãe e um pai de classe média ou abaixo disso, que não dispõe de recursos como tempo para se dedicar, dinheiro para melhorar as condições e amenizar as necessidades, energia (já bastante drenada pelo nosso dia-a-dia morando neste país) para oferecer ao convívio necessário com um filho nessa situação, etc.
Não aceito que alguém como o zelador do meu prédio ou o padeiro da esquina precise de mais isso em sua vida já bastante concorrida e atribulada.
Para um abastado, a notícia (ou aviso) vem bem a calhar, pois ele pode se prevenir e preparar o terreno para o que está por vir.
Mas, no fim das contas, novamente, qual a importância desse aviso com tanta antecedência?
Quem não pode não vai passar a poder, não importa o tamanho da antecipação.
O que deveria ser uma notícia de uma grande descoberta da tecnologia médica virou uma crítica mal construída das nossas condições.
Mas é isso mesmo.
Foi para isso que Deus inventou os blogues…
Ouvi no TWiS, li na BBC.

Discussão - 5 comentários

  1. João Carlos disse:

    Deixa eu ser particularmente brutal: acabou de acontecer em minha família. O feto apresentou, no ultrassom, sinais que poderiam indicar uma síndrome de Down ou até coisa pior... A mãe passou pelo "exame assustador", com agulhão e tudo. O resultado deu negativo para doenças genéticas. Mas, se tivesse dado "postivo", seria aborto, na certa. E eu sou religioso...

  2. Igor Santos disse:

    Pois é, João.
    Religiosidade de lado, somos todos humanos e vivemos num mundo prático.
    Cruel, mas prático.

  3. ROSA disse:

    eu tenho uma filha dow e nao fiquei sabendo antes de nascer e agradeço a deus por isso

  4. VANESSA P SOUZA disse:

    OI, MEU NOME É VANESSA E ESTOU FAZENDO MEU TCC SOBRE SÍDRME DE DOWN...GOSTARIA DE SABER COMO É O DESENVOLVIMENTO DESSAS CRIANÇAS PERANTE A SOCIEDADE? E QUANTOS ANOS APROXIMADAMENTE UMA PESSOA COM SÍNDROME DE DOWN VIVE?
    SE PUDER ME RESPONDER..
    OBRIGADA

  5. Igor Santos disse:

    Vanessa, eu até posso responder mas eu prefiro não.
    Não sou especialista, portanto qualquer informação que eu consiga seria facilmente encontrada por você também.

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