Deixa a erva queimar

Mais um título gratuitamente apelativo e que nada tem a ver com as calças.
Hum. Tem sim, eu vou falar de uma erva que queima.
Então o título acima é provavelmente o mais apropriado que eu já produzi.
Com excessão do uso do verbo “queimar”, que não faz muito sentido no contexto geral do artigo.
Verbo aquele que, por sinal, foi conjugado erroneamente.
Humm…
Não sei ajeitar. Se tentar é capaz de perder toda esta entrada.
E ainda vai mudar o link permanente. E eu não quero escrever de novo.
Na verdade, nem sei se quero continuar escrevendo.
Por sorte, sempre escrevo a introdução por último e o artigo já estava completo, o que permite a mim parar de escrever agora enquanto concomitantemente permite a vocês continuarem lendo.
Boa sorte.
Eu escrevi já alguma coisa no uôleo, mas achei que deveria estender o assunto porque é muito interessante mesmo mesmo (e envolve fogo).
Existe no mundo real uma planta que pega fogo mas não queima.
Novamente, mundo real, porque na ficção essa planta já existe há milhares de anos.
Trata-se da Dictamnus albus, ou planta gasosa (gas plant em inglês, num trocadilho hilariamente brilhante com palavras que podem também significar “fábrica de gás”):

Planta essa que, quando não tem um abestalhado por perto tentando fazê-la pegar fogo, produz quantidades suficientes de um óleo com cheirinho de limão que evapora em um gás bastante inflamável que faz com que a planta, eventualmente, em dias muito quentes e secos, exploda em chamas.
Por alguns poucos segundos, ficando totalmente ilesa após o fenômeno.
Nem tão ilesa assim pois fica sem seu óleo protetor que tem um gosto pessimamente amargo e afasta herbívoros oportunistas de paladar delicado.
Sempre lembrando que o óleo dificilmente queimaria sozinho (a não ser que caia um raio sobre a planta mas aí também eu já estou aloprando na argumentação). O que entra em ignição é o vapor daquele óleo.
Ou gotículas dele, com muita área superficial, como acontece com cascas de frutas cítricas que são espremidas em chamas abertas:

Isso aí é muito fácil de fazer em casa (não digo que é seguro porque sempre tem algum inepto que vai conseguir incendiar o bairro todo duma lapada só) e eu recomendo que o façam.
Especialmente na frente das crianças (extrapolando da minha própria experiência, pois o dia em que eu descobri esse fenômeno foi um dos mais felizes da minha infância) pois é uma boa experiência de introdução à pirociência.
Tangerinas oferecem o melhor resultado (confiem em mim nessa).
Notem que a casca não se incendeia se for jogada diretamente no fogo. O óleo essencial que a fruta produz queima, mas não tão facilmente assim, precisando de algumas condições especiais.
Uma delas é estar em forma de aerosol, quando as capsulazinhas na casca são quebradas e minúsculas gotas saem loucamente pelo ar e encontram uma fonte de energia flamejante.
Jogar a casca no fogo não é uma dessas condições.
Mas nem tudo que queima sem queimar é natural.
Não.
É possível acender dinheiro sem queimar as notas:

As etapas do vídeo acima são meio convolutas e envolvem várias coisas e misturas e medidas e cuidados e isso e aquilo.
O meu jeito é bem mais fácil e já me garantiu algumas rodadas grátis em bares:
Segure uma nota de dinheiro com um garfo, molhe bem com vodca e acenda.
Mesmo efeito do vídeo mas rápido, simples e garantia de ganhar apostas de bêbados que duvidam (como ousam?) da minha intimidade com fogo.
E qualé o segredo do dinheiro que não é consumido pelo fogo?
Quando em vodca, a nota fica ensopado com uma solução que contém mais água que álcool (60% e 40% respectivamente). Enquanto o álcool queima, a água protege o papel.
Por isso é importante que toda a nota esteja molhada, porque qualquer pedacinho que permaneça seco vai começar a pegar fogo, já que não há água ali para evitar.
Havendo mais de algo não-inflamável que de algo inflamável, é possível acender sem queimar qualquer coisa (desde que o primeiro tenha alguma propriedade que proteja a coisa de ser queimada pela ação do segundo).
Incluindo a sua mão!
Infelizmente eu não consegui achar um vídeo demonstrativo bom, mas o que eu fazia era o seguinte: eu pegava acetona e…
Ah, o que é que custa fazer meu próprio vídeo explicativo?

Notem que eu diluí a acetona em água, em partes iguais.
Outro detalhe que não ficou claro nas imagens: minha mão está molhada. Logo, há mais água do que acetona no sistema, o que me permite manusear fogo por alguns instantes.
Antigamente era mais impressionante, porque eu mergulhava minha mão numa cumbuca cheia de acetona aguada. E fiz isso até crescerem cabelos nas costas da minha mão.
Então, quando os cabelos voltaram a crescer, passei a fazer o truque só na palma até perder o interesse.
Mas, o propósito deste artigo não é contar as minhas estripulias infantis (difícil de notar para quem continua lendo até aqui), mas mostrar como coisas podem queimar sem necessariamente pegarem fogo.
Mais exemplos, alguém?

Discussão - 6 comentários

  1. Thanuci Silva disse:

    Se acahavam que você não era doido porque não queima dinheiro, essa é sua chance amiguinho! Queime uma oncinha e depois que todo mundo acreditar é reaproveitar. =P

  2. Wario disse:

    Ou então faça no corpo todo e saia pela noite combatendo o crime.

  3. Wario disse:

    Ou então faça no corpo todo e saia pela noite combatendo o crime.

  4. Igor Santos disse:

    "Super Cheiro de Cabelo Queimado" não é um bom nome para um herói.

  5. Joey Salgado disse:

    Nero não teve muito sucesso. Ou teve!

  6. Luiz Felipe disse:

    Hum. Isso explica aquele fenomeno da arvore que pegava fogo na mitologia cristã.

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