Fuja! Ou morra… de amor (!?)
Digamos que um salafrário casal sadô-masô amarrou você a uma cadeira, com uma brutalidade particularmente carinhosa, e concluiu que você se daria a um excelente recheio de dor e prazer.
Enquanto você é sanduichado pelo par, que se abraça ao seu redor, asperamente afaga sua privacidade e mordisca seu brio, eles divisam uma situação que lhes causaria tão agradável sofrimento em que você escaparia de suas grosseiras carícias (e uma provável cova rasa encimada por sais de potassa).
Como obviamente eles vendaram você visando amplificar o prazer de todos os envolvidos (o deles, ao aumentar o seu nível de estresse; e o seu, impedindo que você repare nos brinquedinhos ao seu redor), a ideia revolve ao redor de jogos que podem ser resolvidos às cegas.
Já que ambos contam com doutorados, sendo um em psicologia cognitiva experimental e outro em macroeconomia social, eles conhecem intimamente o valor dos incentivos. Para que você não se desanime durante sua tarefa inicial, para cada tentativa que resultar em falha, uma sexy eletrocussão lhe atravessará o peito, partindo de seus mamilos (o que eles esperam que aumente sua avidez em continuar tentando até o máximo que suas terminações nervosas possam suportar), devidamente conectados com garras-jacaré.
A primeira parte do suplício recreativo, eles contam: “No Sybian à sua frente há quarenta fotografias dos resultados das nossas aventuras com parceiros com menor integridade intersticial do que esperamos que você tenha. Dez delas estão viradas com as chocantes imagens para cima, enquanto as outras trinta estão ao contrário, escondendo os horrores excitantes que retratam. Para que evite a ausência de elétrãos livres em suas papilas mamárias, ao desamarrarmos suas mãos e ainda com os olhos obscurecidos pela mais fina seda, você não deve obter sucesso em separar as fotos em duas pilhas com exatamente o mesmo número delas virada para cima.”
Após desfiar essa cadeia labiríntica de negativas (e alguns choques experimentais), você percebe que, para o seu bem (suponho, afinal nunca posso ter certeza das preferências dos meus leitores), você terá que separar as fotografias de modo que tenha dois montinhos com precisamente o mesmo número de imagens à mostra, e terá que fazer isso sem ver qualquer uma delas.
Vale salientar neste ponto que, a menos que você seja O Demolidor, elas também são indistinguíveis por tato. Sua inteligência, e não seus sentidos, deverão ser usados.
Caso consiga vencer a primeira provação, e retirando qualquer dúvida sobre a preferência por negativas desnecessárias, eles prosseguem: “agora, para não sofrer mais, você precisará mentir se quiser ter suas unhas separadas das falanges por uma finíssima cunha metálica, ou dizer a verdade para que sua genitália ganhe uma decoração inédita.”
Aqui, apesar da sua pulsação descontrolada e as temíveis conclusões que sua imaginação insiste em mostrar vividamente, existe uma forma de evitar onicoptose adquirida ou genitosquise involuntária.
Conseguindo transpor aquele temeroso obstáculo, vem a última e mais arriscada etapa desta amorosa tortura e que é responsável pela maioria das fotos que você, infelizmente, precisou tocar e que agora contam com as suas impressões digitais.
Mas não se preocupe com isso no momento, você precisa se concentrar.
FOCO!
Um revólver aparece em cena. Este comporta até seis balas mas o Casal 20 (eles representam o 2 e o 0 é você), num simbolismo macabro do amor(daçado) eterno que os une, usa apenas duas balas e, continuando a abstrusidade da metáfora pouco apropriada, as colocam em câmaras adjacentes do tambor, como nas covas cilíndricas em que o inseparável casal doentio espera ser inumado.
A seguir, eles giram o tambor e, antes que o movimento cesse por completo, a arma é travada e o gatilho é acionado, com a boca do cano experientemente apontada para a sua têmpora esquerda.
Nada acontece. A câmara estava vazia e a agulha acertou apenas ar.
E eis que aqui finalmente chegamos no fim da linha.
A proposta derradeira é esta: eles podem simplesmente puxar o gatilho novamente ou repetir a rotação do tambor e, só então, tentar mais um tiro na sua cabeça. Se você não virar o quadragésimo primeiro retrato da coleção, você pode traumatizadamente e sem ressentimentos ir embora.
O que você escolhe? É melhor tentar a próxima câmara do revólver ou restaurar a condição aleatória inicial?
Discussão - 19 comentários
na primeira vira todas carta e faiz uma por uma de cada montinho. 2/3 delas vai ta pra cima que é maior chance que 1/4...
na segunda diz que SIM ja que ´e mentira.
na terceita tem que girar o tamboporque aumenta as chance em 16%
Ederson, eu entendi muito pouco das suas respostas.
tudo bem..o sentimento foi mutuo..rsrsrs....
hahahah, gostei de toda a situação que você se deu ao trabalho de criar antes de chegar à pergunta.
Mas enfim (atenção, essa resposta pode conter spoilers):
Se eu pedir para eles girarem o tambor novamente, então eu terei uma chance de 2 em 6 de ter um final feliz (para eles, não para mim...).
Já se escolher dar o próximo tiro, minhas chances são menores. Como eu sei que a primeira rodada parou numa das quatro câmaras vazias, e como há apenas uma delas cuja câmara posterior está preenchida (já que os dois projéteis estão dispostos lado-a-lado), portanto há uma probabilidade de apenas 1 em 4 de eles se deleitarem com o doce som dos meus miolos caindo ao chão.
Eu creio que ficaria com a segunda opção.
Danillo, suas contas não estão certas. Puxando o gatilho novamente você tem três chances em quatro (75%). Se rodar novamente, suas chances reduzem para duas em três (66%). Mas antes de chegar no revólver você precisa ter vencido os outros obstáculos.
"Para que evite a ausência" ... "você não deve obter sucesso".
Ou seja, se vc falhar, eles vão continuar. Nada garante nessa afirmação que eles irão parar se vc acertar.
Hum... não.
Evitar a ausência = confirmar a presença; não obter sucesso = falhar. A frase leria "para se certificar de que vai levar choques, erre".
Quanto ao primeiro problema, separo 10 fotos e viro o lado delas. Assim, se nenhuma delas já estava de cabeça pra cima, agora tenho dois montinhos, os dois com 10 fotos viradas para cima. Se somente uma estava virada para cima, agora o montinho menor tem nove fotos viradas para cima e o montinho maior tb, e assim por diante.
Tendo escapado sem muita dor (espero), estou com a cabeça relativamente tranquila e percebo que se afirmar "terei minhas unhas separadas das falanges por uma finíssima cunha metálica" colocarei o terrível casal numa situação sem escapatória. Como eles não podem separar minhas unhas sem tornar verdadeira minha afirmação, eles não podem fazê-lo. Já que eles não podem fazê-lo, tampouco podem decorar minha genitália, pois, se não separarem minhas unhas, minha afirmação não terá sido verdadeira.
Chegando ao final com os mamilos, genitália e unhas em perfeito estado de conservação (será?), percebo que, no estado inicial aleatório, a chance de ser alvejado por uma das balas é 1/3, e agora, embora haja apenas 3 tambores vazios e dois cheios, minhas chances de que a próxima seja uma bala é de 1/4. Seja 0 indicativo de tambor vazio e X indicador de tambor cheio, percebemos que a configuração feita pelo pervertido casal pode ser reduzida a 0000XX. Assim, só serei morto se o câmara acionada é a imediatamente anterior ao XX, o que é uma chance de 1/4. Peço para que atirem sem restaurar a condição inicial e torço para estar dentro dos outros 3/4.
Excelente! Completamente excelente!
Eu apenas não só não fiquei sem entender a primeira, não seria possível eu ter em um monte 10 cartas não viradas e em outro idem?
Acho que entendi, eu tentaria antes sem virar nenhuma carta ¬¬
Foi mal a burrice.
A ideia é essa, mas você está vendado.
A primeira tá díficil...
Na segunda basta afirmar que terei minhas unhas separadas das falanges por uma finíssima cunha metálica - Crio um paradoxo e eles não podem fazer nenhum dos 2
A terceira, como já provado pelo Mythbuster (e pelo Serginho Malandro - iéié) peço para repetirem a rotação do tambor.
Os Mythbusters testaram isso? O.o
Se a conclusão deles foi rodar novamente, creio que eles erraram. Suas chances são melhores se você simplesmente puxar o gatilho novamente (o Paradoxo do Malandro se refere a outra situação, em que uma terceira parte conhece as condições do problema, o que não se aplica aqui).
A segunda é isso mesmo. Paradoxos.
Uma pessoa já acertou tudo, mas só vou liberar os comentários semana que vem.
[...] você não faz ideia do que signifique o título, sugiro que leia o enigma publicada semana passada, tenta resolver e, só então, volte aqui para ler a [...]
Capitão, assim você endoidece um bocado de gente, principalmente os que estão na faixa superior de inteligência/nível intelectual. Rubinho
É sempre bom nivelar por cima.
Dessa maneira, Capitão, você promove "piração", faz bater o cabeçote de muita gente (obviamente de quem é portador de bom nível intelectual e de inteligência). RSS