Você fuma e acha que só prejudica você?

Sabia que para produzir um único cigarro são gastos vinte e seis mil litros de água? E isso é só para o cigarro, sem contar a embalagem![1]

E sabia que essa água não pode ser reutilizada por ficar contaminada demais por metais pesados (usados como bactericida na filtragem) e por hidrocarbonetos provenientes do alcatrão (usado para concentrar a nicotina do tabaco)?[2]

Alcatrão esse que precisa ser extraído de petróleo bruto, em outro processo bastante dispendioso em termos de recursos (especialmente gás natural e água) com o único intuito de aumentar o poder viciante da nicotina, sem qualquer preocupação com a saúde humana, visto que piche (outro nome mais comum para alcatrão) é extremamente tóxico (especialmente quando aquecido além do seu ponto de vapor durante o ato de fumar) mas modifica as moléculas de nicotina de modo que elas se fixem mais facilmente aos receptores do cérebro e causem mais desconforto durante abstinência.[3]

E as plantações de tabaco? Você já viu alguma? Provavelmente sua resposta é “não”, pois elas ficam em imensas fazendas de monocultura em países pobres (geralmente governados por ditadores) como Nicarágua, Honduras e República Dominicana.[4]

Algumas dessas plantações são tão grandes que é possível vê-las do espaço!

E alguns cientistas climáticos[5] dizem que o vapor extra jogado na atmosfera pela evaporação de tantas plantas imediatamente acima daqueles países é o que tem causado os ciclones e furacões que vêm assolando a região nas últimas décadas com cada vez mais intensidade (lembram do Katrina?).

Vista do espaço, plantação de tabaco a 15 quilômetros sudeste de Tegucigalpa, Honduras.

Vista do espaço, plantação de tabaco a 15 quilômetros sudeste de Tegucigalpa, Honduras.

E todos nós sabemos que monoculturas danificam o solo e para continuar produzindo necessitam de fertilizantes químicos que poluem leitos subterrâneos, contaminando os poços artesianos das famílias ao redor, onde a incidência de câncer é a maior do mundo, perdendo somente para algumas vilas ao redor de Chernobil.[2]

E sabia que o dono da Phillip Morris, maior companhia de cigarros do mundo, é também sócio majoritário de uma das maiores empresas produtoras de adubo químico do planeta?[4]

Lógico que toda essa química precisa vir de algum lugar. Você sabe de onde sai o nitrogênio para o famoso NPK? Ele é produzido naturalmente quando folhas mortas apodrecem e essa é a maneira mais barata de consegui-lo.

E aí, consegue pensar num lugar com muita folha morta largada no chão para quem quiser vir pegar? Exatamente. Amazônia![4]

Mas tudo bem, é só um monte de folha seca, não?

Nada disso! Nossa floresta só sobreviveu até hoje por causa desse nitrogênio, que aduba naturalmente aquele solo pobre em recursos. Sem esse elemento, o solo não tem como sustentar tantas árvores.

Você achava que a única causa do desmatamento era a derrubada de árvores adultas? Isso é fichinha! Comparado com todas as mudas que jamais crescerão por falta de nitrogênio no solo as madeireiras são santinhas![6]

Ou seja, não é só o seu pulmão que cigarro afeta, mas também o pulmão do mundo!

A Indústria dos Cigarros está poluindo e contaminando irremediavelmente nossa água [7], criando dependência química e matando milhões de pessoas ao redor do mundo sem o menor pudor, enriquecendo regimes ditatoriais em países miseráveis, aumentando a freqüência e intensidade de furacões em áreas já comprometidas por péssima infraestrutura e pobreza, dando câncer em trabalhadores inocentes e suas famílias, destruindo quimicamente o solo das plantações e acabando com a nossa Amazônia.

Apesar de todas essas provas incontestáveis, você já viu o Greenpeace, o Instituto Nina Rosa, PETA, a WWF ou qualquer outra ONG “ambientalista” ir atrás das empresas de cigarro? Já viu alguma manifestação desses grupos “verdes” em frente à casa de algum magnata da Indústria da Fumaça?

Não? E sabe o por quê?

O jornal londrino The Sun divulgou, em uma matéria publicada ano passado, o resultado de uma investigação jornalística que liga Ingrid Newkirk (fundadora do grupo PETA e fumante inveterada desde seus 14 anos) e seu amigo de infância Patrick Moore (co-fundador do Greenpeace International e presidente da central canadense) ao conglomerado americano de lobby a favor do cigarro no senado americano (incluindo dois senadores e seis congressistas).[7]

Como ambos os grupos foram considerados como células terroristas [8] ao longo dos anos devido a comprovados atentados à bomba e destruição de patrimônio público e privado, os chefes das duas maiores “facções verdes” do planeta fizeram acordo com os lobistas mais poderosos do mundo para se livrar da cadeia em troca de jamais organizar um ataque contra uma fábrica ou desviar um carregamento de cigarros.

Ingrid Newkirk, fundadora do grupo PETA, também fuma.

Ingrid Newkirk, fundadora do grupo PETA, também fuma.

Podem procurar por aí! Desde o começo dos anos 80 não há um só ato registrado de protesto ambientalista contra a Indústria do Cigarro. E como todas as ONGs menores pedem a benção àquelas duas maiores, fica por isso mesmo.

Portanto, lembrem disso quando acenderem o próximo cigarro.

———

[1~8] De onde eu tirei tudo isso? Fora alguns inexpressivos detalhes, o resto saiu dos recessos mais nefastos da minha imaginação, sem qualquer confirmação.

Mas parece verdade, né?

Discussão - 2 comentários

  1. Rafael Mousinho disse:

    Venho ao Science Blogs Brasil por amar a Ciência e fiquei muito triste ao saber que todas as "referências" indicadas pelo autor não passam de sua imaginação. Não me parece que esse texto esteja alinhado com a proposta do SBB. Também senti-me enganado porque realmente queria ler as pesquisas que originaram essas informações. Fica a sugestão para tomar mais cuidado ao escrever textos "ficcionais", peço que ao menos isso fique claro desde o início.

    • Igor Santos disse:

      Rafael, obrigado pelo comentário.

      O Scienceblogs é um portal que abriga 43 blogs que, em sua maioria, tratam de assuntos realmente científicos e praticamente todos exercem a importantíssima função de divulgação científica, inclusive o 42., este blog. Por outro lado, como não sou cientista (e sim um entusiasta), não me sinto capacitado para realmente discorrer profundamente sobre os méritos de pesquisas e afins, justamente por ter tantos vizinhos que o são. O 42. é, principalmente, um blog de humor. Às vezes bom, às vezes mau, mas sempre humor.

      No entanto, eu acredito que é também parte da labuta de divulgação científica o exercício do ceticismo científico, aquele que forma opiniões baseadas em dados e fatos e não em preferências pessoais ou achismos. Este texto sobre o cigarro (bem como alguns outros espalhados por este veículo) foi escrito justamente como um desses exercícios, pois mesmo nós, perenes curiosos, caimos em armadilhas intelectuais como a de concordar previamente com prováveis pesquisas que apenas demonstram como nosso ponto de vista é o correto.
      Incluir as pseudocitações como desfecho serve justamente para acordar nos despertar dos atos auto-congratulatórios (aquele tapinha nas próprias costas de "eu já sabia!") que, sinceramente, são muito contraproducentes quando nós que nos autodenominamos 'céticos' engolimos uma informação a priori só porque ela se conforma com nosso ponto de vista (fora que eu descubro rapidamente quem está comentando sem ter lido o texto até o fim - o que não foi o seu caso).

      Ao contrário do que você sugere, eu acredito que o texto acima se alinha perfeitamente à proposta do Scienceblogs, que é o incentivo ao pensamento crítico acima de qualquer coisa. Mesmo num blog de humor, como o meu.

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