“Crime é 50% ligado à genética”, diz cientista inglês

De acordo com o psicólogo inglês Adrian Raine, professor do Departamento de Psicologia e Psiquiatria da Universidade de Pensilvânia, nos Estados Unidos, 50% dos criminosos apresentam alterações genéticas em sua função cerebral, que podem levar ao crime. Motivos externos – como violência na infância – correspondem a 35% dos fatores que explicam o que leva uma pessoa a matar. Apenas 15% é atribuído ao histórico familiar.
O psicólogo estuda o tema há 30 anos. Ele passou quatro anos em prisões de segurança máxima na Inglaterra, avaliando imagens do cérebro de pessoas violentas e de serial killers. Essa polêmica pesquisa foi apresentada durante o 4° Congresso Brasileiro de Cérebro, Comportamento e Emoções, que reuniu 2.300 especialistas em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul.
“Encontramos alterações importantes na estrutura do cérebro dessas pessoas quando comparamos com as imagens obtidas de cérebros de pessoas normais”, afirma Raine. “Isso mostra que existe, sim, uma alteração biológica importante que pode levar o indivíduo a se tornar um criminoso e não podemos mais ignorar isso”. Ele diz que alterações cerebrais atribuídas a comportamentos violentos podem ser detectada ainda na infância.
É possível propor que crianças muito agressivas recebam tratamento ainda entre os 8 e 12 anos”, acredita o psicólogo. Raine conduziu pesquisas nos Estados Unidos com crianças violentas. Elas passaram a receber desde uma dieta diferenciada – rica em peixes que possuem ômega 3 que ativam a função cerebral – até assistência psicológica. “Não adianta intervir apenas quando a criança já se tornou um adolescente criminoso. Temos condições de fazer algo antes e a ciência está, cada vez mais, comprovando isso”, acredita.
Alerta: Devemos refletir sobre o que esse tipo de pesquisa pode desencadear. Entre tantos casos na história da humanidade, não devemos esquecer do recente Hitler. Inseriu suas idéias em um país desenvolvido já no início do século XX – a Alemanha. Um berço de pensadores e pesquisadores de destaque mundial. Ele gerou violência devido seus pensamentos sobre eugenia – ciência para favorecer as melhores condições de reprodução humana e o aperfeiçoamento da raça – e sua idéia de que existiam seres humanos superiores e inferiores.
Mesmo assim, não sou completamente contra esse tipo de pesquisa. Se usada com bom-senso pode ser útil. Além disso, TODA regra possui sua exceção. Por exemplo, não é porque a pessoa possui genética para engordar que será obesa. Ah, lembra-se da discussão sobre o trabalho do neurocientista Jaderson da Costa, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul? Junto com outros pesquisadores, ele quer analisar adolescentes brasileiros infratores com mapeamento cerebral. Pretendia saber se eles seriam violentos devido à genética ou por traumas sofridos ao longo da vida. Alguns advogados, antropólogos e pesquisadores foram contra. Leia mais sobre esse caso aqui e ali.

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