Destruição de áreas úmidas pode acabar com a água

“O desperdício, a exploração indiscriminada, a poluição e o desmatamento comprometem os estoques mundiais. É uma situação que precisa ser transformada”, afirma o pesquisador Paulo Teixeira de Sousa Júnior, secretário-executivo do Centro de Pesquisas do Pantanal, entidade que está organizando a 8ª Conferência Internacional de Áreas Úmidas em parceria com a Associação Internacional de Ecologia e a Universidade Federal de Mato Grosso. O evento será realizado pela primeira vez na América Latina entre 20 e 25 de julho, no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá, Mato Grosso.
O evento traz a esperança de que os brasileiros percebam a necessidade de políticas públicas mais abrangentes para tratar do assunto. “Estamos sobre o Aqüífero Guarani, o maior manancial de água doce subterrânea do mundo, e até hoje nem há uma regulamentação clara sobre sua exploração. Não podemos prever o futuro, mas com base em informações atuais podemos chegar à conclusão de que há risco para os mananciais de água”, afirma Cátia Nunes, doutora em ecologia e conservação de recursos naturais.
Outro problema enfrentado pelas áreas úmidas é a concepção errônea de que muitas delas são locais sem importância para a natureza. É o que acontece com charcos, mangues, brejos e pântanos. “Estes lugares têm uma grande biodiversidade. Os mangues são o início da vida marinha. Sem eles, que vive da pesca estaria perdido. O Brasil é um país muito grande e cheio de beleza. Acho que é o momento das pessoas olharem adiante e se planejarem para não perder essas paisagens”, alerta Eugene Turner, presidente da Associação Internacional de Ecologia.
O que são áreas úmidas?
Áreas úmidas são ecossistemas que estão em toda parte, inclusive no Cerrado, e têm um papel importante na manutenção dos estoques de água. Algumas também filtram sedimentos e ajudam na purificação da água. “O Pantanal Mato-grossense é um bom exemplo dessa dinâmica. As áreas úmidas funcionam como esponjas. Elas absorvem a água e depois fazem a conexão para o lençol freático, promovendo a redistribuição”, explica. “A destruição desses lugares pode trazer problemas graves”, alerta. Nos rios Reno, na França, e Mississipi, nos EUA, o desmatamento trouxe como conseqüência grandes cheias.
A água potável vai acabar?
Calma! Segundo alguns especialistas que conversei, a água potável não acabará. Não tão cedo! Temos o maior reservatório de água de rios e aqüíferos do mundo. Aí, sim, entra a importância do debate sobre as áreas úmidas.

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