Recentemente, fiz uma matéria para o portal iG sobre um suposto amontoado de plástico que bóia no Oceano Pacífico. Leia aqui -, aliás, no final dela coloquei uns dados assombrosos sobre o consumo do material. Além de pesquisar, para elaborar o texto conversei com alguns estudiosos, entre eles o oceanógrafo Ronald Buss de Souza que fez uma “revelação” desconhecida da maioria da população. “As pessoas falam da poluição do plástico, mas se esquecem de uma pior. Do lixo atômico”, diz.
Recapitulando. Durante a Guerra Fria, que aconteceu entre a Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinção da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (1991), os Estados Unidos e a URSS realizaram inúmeros testes nucleares. Além de destruir as cidades japonesas de Nagasaki e Hiroshima – aliás, recomendo a leitura do livro que leva o nome desta cidade para ter idéia do horror – detonaram, literalmente, a vida marinha.
Enquanto os Estados Unidos explodiam o Pacífico, a URSS mandava a ver no seu extenso litoral. Fabricaram torpedos nucleares que afundaram. Bombas nem sempre guardadas nas melhores condições. Desativaram lugares altamente radiativos que recebem visitas de turistas – vi um documentário sobre uma extinta fábrica de bombas dentro de uma montanha na Rússia esta semana. E, atualmente, diversos países ainda produzem lixo atômico.
Segundo o site Brasil Escola, “o termo ‘lixo atômico’ não é muito bem aceito pela comunidade científica, que prefere usar o termo “rejeito radioativo”, pois ele abrange todo material que não pode ser reutilizado e que contêm elementos radioativos, ou seja, não pode ser tratado como lixo comum. (…) A grande questão é onde depositar o lixo atômico, já que a radioatividade desses rejeitos se prolonga por milhares de anos e é extremamente nociva aos seres vivos. Geralmente o lixo atômico é colocado em grossas caixas de concreto e jogado no mar, porém é impossível garantir que as proteções ao conteúdo radioativo não venham a se deteriorar com o tempo”.
“Haverá um momento que esse lixo começará a vazar ou ‘aparecerão’ as conseqüências para a vida animal e humana”, alerta o estudioso. Claro. Os peixes – e frutos do mar – que vivem na radiação podem ser aqueles da nossa mesa. Aliás, este mês, a revista Superinteressante publicou uma matéria sobre espécies de fungos mutantes que se alimentam da radioatividade de Chernobyl – assista um vídeo feito dentro do reator da cidade aqui. Seria a natureza dando um “jeitinho” no nosso erro?
Claro que a radioatividade perde “força” com o passar dos anos, porém isso pode demorar mais de um milênio. Ah, e uma matéria publicada no Com Ciência afirma que “O Greenpeace acredita que os testes já realizados envolvendo o destino do lixo nuclear são insatisfatórios e que testes confiáveis demandariam dezenas de milhares de anos. Os rejeitos produzidos em Angra 1 e 2 podem ser classificados em três níveis de radioatividade: alta, média e baixa. Ainda não há, no Brasil, um lugar escolhido para o depósito definitivo do lixo nuclear, ficando o lixo de Angra em depósitos intermediários”. Vamos esperar para nos contaminar?
podiam enviar o lixo para fora da terra, não? tem espaço de sobra lá fora. Serão meteoros atômicos, perigosíssimos, mas não tanto quanto quando por aqui.
Não sei o quanto isso é correto... Em volta da Terra está repleto de lixo. Colocaríamos mais?
Acho que a idéia levantada pelo mnazian foi originalmente "enviar o lixo ao sol".
De fato isso já foi especulado por várias pessoas, principalmente na literatura de romance e quadrinhos.
Mas há três problemas entre o romance e a realidade, que menciono no que eu acredito ser a ordem de dificuldade.
O primeiro é problema é o custo de enviar toneladas de material ao espaço - e nem tente argumentos, estamos falando de custos impossíveis, não há como ... ainda.
O segundo é a incerteza sobre o sucesso do lançamento - uma tragédia aqui seria algo muito ruim.
E a terceira é a incerteza sobre a estabilidade da rota que foi escolhida - vai que algo dá errado e o objeto volta para terra !!! Alguém pode prever isso ? Bem, sim e não. Pode-se prever rotas com precisão absurda, mas não com 100 % de certeza, 0,001 % na incerteza já seria um alto risco, visto o número alto de missões necessárias para completar a missão desejada;
Assim sendo, por hora, é a idéia preferida dos romancistas e quadrinistas, mas impraticável no mundo real nas escalas que fariam a diferença. Contudo, seria uma boa idéia, se os três itens que apontei (e os tantos que ainda não pensamos) pudesse ser resolvido.
Será que os "rejeitos nucleares" são mesmo tão perigosos assim?... Lendo sobre Oklo, no Gabão, a coisa não parece tão perigosa...
O problema é que muitas vezes as pessoas fazem esse tipo de coisa e não pensam no futuro. Eles fazem usinas e não pensam onde depositar o lixo ou o que pode acontecer com as pessoas à sua volta.
Se esse fungo mutante realmente ajudar a acabar com o lixo atômico, seria uma boa idéia pesquisar mais e usá-los como papa-rejeito, mas de um modo que não nos prejudique depois.