Pesquisadores do Laboratório do Sono do Serviço de Pneumologia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor-HCFMUSP) , ligado à Secretaria de Estado da Saúde, publicaram um artigo na revista científica internacional American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine mostrando uma nova técnica de exercícios de fonoaudiologia para tratar a apneia. Segundo o pneumologista Geraldo Lorenzi Filho, chefe da equipe e coordenador do estudo, todos os pacientes submetidos à técnica tiveram melhora do quadro. Veja que beleza!
A técnica estudada no Laboratório do Sono do Incor consiste numa série de exercícios direcionados para o fortalecimento da musculatura da língua e garganta (palato superior). Isso porque, na apneia do sono, esses músculos relaxam além do devido, provocando o colapso da musculatura. Aí, a garganta se estreita resultando em paradas transitórias da respiração. Esse problema dá sonolência durante o dia – claro, a pessoa dorme mal – e acelera o processo de obstrução das artérias.
Como foi feita a pesquisa
Um grupo de 31 pacientes participou do estudo – todos com diagnóstico de apneia do sono de grau moderado e leve. Um subgrupo de 16 pessoas foi sorteado para praticar os exercícios, com séries diárias de 30 minutos. Ao final de três meses, o subgrupo que foi submetido à nova técnica apresentou melhora significativa. O número de parada na respiração passou de 22,4 para 13,7 interrupções/hora. Em 60% dos casos, os pacientes passaram de uma apneia de grau moderado para leve.
Os pacientes também dormiram melhor e roncaram menos. “Os resultados sugerem que a nova técnica é bastante promissora para tratamento desses casos e, o que é melhor, com baixíssimo custo”, diz Lorenzi. Kátia Guimarães, fonoaudióloga e pós-graduanda que desenvolveu a técnica e conduziu o estudo no Incor, disse que houve a diminuição de, em média, 1 cm na circunferência do pescoço. Os outros pacientes que não foram submetidos à série de exercícios, não foram tão felizes.
O que é apneia
Estima-se que cerca de 30% da população tenha apneia obstrutiva do sono. Ela causa o ronco, acompanhado de paradas momentâneas da respiração. A apneia está ligada a uma maior incidência de problemas cardiovasculares. Em casos mais graves, é tratada com aparelhos portáteis que se acoplam ao rosto por meio de máscara usada durante o sono. Mas, em graus moderado e leve, o problema é um desafio para os médicos. A eficiência dos atuais métodos – aparelhos portáteis, perda de peso, cirurgia e aparelhos intraorais – varia muito em função do perfil do paciente.