Eu adoro visitar supermercados em outros países. Eles dizem muito sobre a cultura do povo. Você é o que você come. Além disso, quitutes e frutinhas sempre nos ajudam a enganar a fome durante as caminhadas no meio do mato.
Chegando ao mercadinho em Ushuaia (Argentina), cidade mais ao sul do planeta, reparei que a moça deu as águas de dois litros e os chocolates dentro de sacolas de papel (!), igual antigamente. É claro que iria rasgar. Achei desengonçado, mas colocamos na mochila e beleza.
No dia seguinte, durante o trajeto pelo porto que leva até o Valle Hermoso (acima), um local entre as cadeias de montanha distante ao leste cerca de 20 quilômetros da cidade, reparei que haviam fardos de plásticos na areia da praia (ao lado dessas construções na praia à direita). Pensei: “devem levar todo o lixo para outro local de navio”. Como ocorre – ou deveria – em Fernando de Noronha, ao norte do Brasil. Que nada.
Segundo o dono da pousada em que fiquei (e super recomendo), todo o plástico e alumínio são reciclados na cidade. E os supermercados, lojas e farmácias foram proibidos de entregar as compras em sacolas plásticas. Tudo é passado em sacola de papel. Por isso que as pessoas, principalmente senhoras, caminham com sacolas de tecido pelas ruas.
Além disso, ele contou que a cidade está para inaugurar uma usina que recicla papel. Olhe que belezinha. Ah, existe aterro na região, claro. Ele fica do outro lado das montanhas. Ou seja, a cidade está voltada para o sul, o aterro, ao norte.
Obs.: Lá na Patagônia Austral não se vende muitas verduras, como era de se imaginar. Frutas, inclusive banana, a gente até encontra. Digo isso porque tentei ter uma alimentação melhor. No Chile, me diverti comendo frutas em conserva (inclusive morangos divinos) e picles, cebolas e cenouras também em conserva. Experimente!
Aqui em Belo Horizonte também não se comercializa mais sacolas plásticas! Compras são entregues em sacos de papel ou sacolas compostáveis - pagas a parte.
No início as pessoas ficaram meio revoltadas com a medida, mas depois se acostumaram e hoje levam sacolas de pano para os supermercados.
Acho muito bom que essa consciência ecológica esteja chegando a um canto tão remoto e diminuindo nosso impacto num ecossistema tão sensível. Obrigado pelo relato!