Quem nunca, não é mesmo? Quando a gente, Felícia da vida, vê aquele animalzinho bonitinho ou gracinha de tão feinho tem vontade de apertar, passar a mão ou de perguntar, “quer ser meu amigo”? Mas resista à tentação! Se você gosta mesmo dele, tem que deixá-lo livre em sua natureza. Caso contrário, pode prejudicar aquele que diz que ama. Um exemplo é o problema com as raposas (Pseudalopex culpeus) da Patagônia que eu pude ver com meus próprios olhos, graças a um brasileiro.
Chegando ao Parque Nacional da Terra do Fogo, no Ushuaia, um brasileiro bagunceiro – pleonasmo – ficou mais animado ainda ao ver uma raposa se aproximando da vã que parava. Quando descemos do veículo, todos soltamos ao mesmo tempo: “Que lindinha!”. Foi um alvoroço geral. Todos queriam tirar foto da raposa e vê-la de pertinho. Ela se aproximou de nós, menos de dois metros de distância. Nesse momento, o brasileiro não se conteve. Abaixou, esticou o braço e tentou passar a mão na cabeça do bicho. A raposa em um piscar de olhos deu uma mordida na mão dele. Fiquei preocupada, mas ele disse ao amigo: “não foi nada”. Passada mais de uma hora, ouvimos um amigo exclamar: “Nossa, ficou feio”.
Elas são muito, mas muuuito lindinhas – saiba mais sobre essa espécie aqui. Têm um olhar e andar de gato – aliás, li em algum lugar que as raposas em geral são parentes mais próximas de gato que de cachorro, alguém saberia dizer se a informação procede? As raposas ou zorro, como as chamam os hermanos, parecem dóceis. Além disso, é comum elas chegarem perto de pessoas nos parques, principalmente, da Argentina como aconteceu conosco. Por que será?
Simples, porque as pessoas as alimentam. Para que caçar se você pode ganhar? Ou roubar um churrasquinho suculento? Quando nós alimentamos os animais silvestres causamos uma série de problemas. Resumindo, eles “desaprendem” a caçar, podem passar mal com a nossa comida, desenvolver uma doença e infectar outros semelhantes. Também, essa ação pode causar um desequilíbrio no ecossistema local, afinal, as raposas deixarão de comer suas caças que, consequentemente, poderão se multiplicar. Para piorar, as lindas raposas podem ficar agressivas contra os humanos. Não duvide, vão morder para conseguir comida ou quando se sentirem ameaçadas.
Obs.: Outro problema semelhante ocorre na fronteira da também Argentina com o Brasil. Os quatis roubam a nossa comida no Parque Nacional do Iguaçu. Em uma ocasião, no parque do lado da Argentina, vi o animal subindo na mesa de uma gringa e tirando o lanche da mão dela. Atenção, os animais podem transmitir raiva. Se for mordido, vá a um pronto-socorro tomar vacina.
Dica de viagem: No inverno, algumas trilhas do Parque Nacional da Terra do Fogo, como a costeira, estão fechadas por causa do volume da neve – eu tentei fazer, andava com neve pelo joelho. Inviável, perigoso cair em um buraco. Por outro lado, a entrada é grátis. Em um dia é possível ver as principais atrações do parque. Se for no verão e curte natureza, reserve dois dias para fazer as principais trilhas. Em ambos os casos, leve lanche e água.
Ísis, não sou biólogo, mas os mamíferos carnívoros atuais se dividem basicamente entres os parecidos com gatos" (felinos, hienas, lontras etc.) e os "parecidos com cachorros" (cães e lobos, raposas, ursos, focas, guaxinins etc.) e esta divisão é bem antiga. Esta "raposas da Patagônia" não é uma raposa verdadeira, são parentes do "lobo-guará" - que também não é lobo, mas são carnívoros canídeos e portanto parentes muito mais próximos dos cães.
Laerte,
Muito obrigada! Não sei onde li essa informação e não achei mais para entender o porquê deles fazerem essa ligação.
Um abraço!