Arquivo da categoria: biologia

O que é esterco?

[youtube_sc url=”https://www.youtube.com/watch?v=aJTHSd4E3zo”]

Querido leitor! Yo, via este blog que vos escreve, iniciei uma parceria com o Instituto Aprenda.bio que nasceu incubado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Juntos, unidos venceremos, começamos a produzir vídeos curtos para explicar dados curiosos da área científica para o nosso canal Além da Bio, no YouTube. Nosso vídeo-piloto, ou seja, o primeiro, é sobre esterco. Saiba como o cocô pode mudar a sua vida. A gente gosta de ciência, mas se diverte.

Obs.: Como dizem nos bastidores do teatro: “meeeeerda”. Nada como começar um projeto com um tema de acordo.

O jardim botânico mais incrível do mundo

[youtube_sc url=”http://youtu.be/2-HGlRJ69VQ”]

O lindinho Jardim Botânico de São Paulo faz parte da minha vida, o do Rio de Janeiro é todo bossa que mora no meu coração, mas o da Cidade do Cabo… É INCRÍVEL.

Ele é o maior jardim botânico da África. Tem mais de oito mil espécies, um lugar reservado apenas para as plantinhas suculentas e – o mais impressionante – está aos pés da, de tirar todos os fôlegos (literalmente), Table Mountain. Conheça o Kirstenbosch National Botanical Garden, jardim botânico localizado na Cidade do Cabo, África do Sul.

Desculpe-me Jardim Botânico do Rio de Janeiro, mas ter uma montanha bem grande do lado é fundamental.

Conhece o gigante bambu do mar?

[youtube_sc url=”http://www.youtube.com/watch?v=JDOWF3zBlWQ” ratio=”4:3″]

Já ouviu falar sobre o gigante bambu do mar? Ele vive em alguns locais com águas frias do sul do planeta como no litoral da África do Sul. Pode ser encontrado jogado na areia, geralmente, arrancado pela força das ondas do mar. Mas sua beleza se realça quando um bambu vive ao lado do outro formando uma misteriosa floresta aquática. E, assim, percebemos que a natureza é superlativa na África até debaixo da água.

Meu primeiro encontro com os guepardos

“Vocês duas esperam aqui, do lado de fora”, ordenou gentilmente um dos guias. A menina de dez anos olhou feio para ele, enquanto a que tinha cerca de cinco anos sentou conformada no banco de madeira, em frente ao ambiente cercado por grades com mais de dois metros de altura onde estavam as duas chitas (guepardos) também irmãs. Uma era fêmea e a outra, macho. Nós seis (os dois guias sul-africanos, o casal americano, o meu marido e eu) seguimos em frente.

O guia tratador das chitas tirou o cadeado do bolso e abriu a porta de metal. Entramos naquela espécie de ampla jaula e caminhamos atentos em busca dos animais. Eles são amarelos, mas imperceptíveis nas sombras nas plantas. O casal americano parou para ver como as filhas estavam do lado de fora. “Venham, temos que andar todos juntos! É perigoso nos afastarmos uns dos outros”, ordenou o guia que nos acompanhou por todo o passeio dentro do Tenikwa Wildlife Awareness Centre, localizado na capital africana do surf Plettenberg Bay. Os americanos, que já estavam um pouco assustados, seguiram mais atentos. Até que…

chita3isisrosa

Encontramos as duas maravilhosas chitas deitadas sob escassa sombra de uma árvore. Não podíamos tocá-las, apenas observar os elegantes felinos que tinham a feição de um gatinho. Enquanto o tratador contava particularidades desses animais como o fato de serem os mais rápidos mamíferos terrestres do mundo, atingindo até 120 km/h durante uma caçada, os bichos ronronavam. Sim! Ronronavam – chitas não rugem! E era porque estavam gostando de algo. As chitas são, com exceção dos gatos domésticos, os únicos felinos que ronronam na idade adulta.

chita

O macho deitado no chão girava o corpo para um lado, girava para o outro, enquanto passamos a observar essa engenhosidade – estrutura leve e calda comprida que atua como um leme e dá estabilidade durante a corrida – da natureza de perto. Que emoção! Eu quis chegar mais pertinho, mas fiquei receosa. Pensei: “Melhor não me aproximar muito e nem fazer movimentos bruscos para não assustar os animais”. As chitas não costumam caçar e comer humanos. Apesar dessas estarem bem alimentadas e tratadas (dá para perceber pelo pelo brilhante) e já acostumadas com a presença humana (elas foram apreendidas de forma que não podem mais serem soltas na natureza), são carnívoras. Portanto, melhor não arriscar. Os músculos pouco rasgados e uma leve saliência na barriga entregam que, apesar da amplitude do local, elas não praticam muita atividade física. Não correm atrás do alimento.

Completamente vidrada-apaixonada-encantada pela espécie, tentei tirar uma foto com as duas chitas. O guia tratador me orientou: “Pode ir atrás delas, elas não farão nada. E pode abaixar lá para a foto ficar bem bonita”. Soltei uma risada nervosa. “Será?” “Sim, elas não atacam quando o tratador delas está aqui”, informou o nosso simpático guia. Ah, olhei bem as garras delas, engoli e fui para trás. Meu marido e eu fomos os únicos que “se arriscaram”. Foi o tempo de tirar algumas fotos até a fêmea levantar e sair com o olhar fixo num ponto. Admiramos um pouco mais o irmão que acompanhava a fêmea pelo olhar (foto abaixo). “Quer apostar que ela foi observar de perto as crianças?”, disse o tratador. As chitas têm aquelas espécies de “riscos” no rosto para evitar que a luz do sol reflita nos olhos. Diferente dos leões e outros felinos que preferem caçar à noite, no início da manhã ou no finalzinho da tarde, as chitas caçam durante o dia.

chita2

Ficamos mais uns minutos, que nunca parecerão eternos (pena!), no local ao lado do macho. No caminho de volta por dentro da jaula, encontramos a fêmea sentada com o pescoço levantado e os olhos fixos nas duas crianças do lado de fora. É a posição de atenção em que elas permanecem por horas antes de correrem atrás da comida. O tratador soltou um sorriso. Só faltou levantar a placa: “Eu avisei”. A fêmea mal piscava e as crianças lá, sentadas no banco sob o sol, balançando as pernas no ar. Neste caso, a fêmea é quem caça. E as chitas caçam crianças. Os pais voltaram rapidinho para perto das filhas. E a chita lá, impassível.

O Tenikwa, um centro de reabilitação de animais selvagens especializado em felinos, permite vermos de pertinho essas reações de cada felino enquanto o guia discorre sobre a natureza deles. Como no Brasil, na África do Sul é proibido manter animais silvestres em casa sem autorização. Mas muitas pessoas capturam os bichos, como os felinos de pequeno porte, e os tratam como se fossem animais de extimação. Devido a essa convivência e educação, esses quando resgatados não têm mais condições de sobreviverem sozinhos na natureza.

caracal

É o caso de um divino caracal (acima) que corria atrás de um tronco em forma de bola jogado pelo guia. Também pudemos ver de perto um serval (ele quase nos tocou), um gato selvagem africano que estava dormindo escondido entre as folhagens como é de costume, um leopardo, entre outros. No caso do leopardo, estávamos a menos de três metros do animal e não conseguimos vê-lo!  Não entramos na gaiola dele. É tão proibido quanto encostar na grade de proteção onde vive. Ele ataca humanos, embora na natureza foge de nós assim que sente o nosso cheiro a dezenas de metros de distância. Isso porque eles costumam comer animais criados por fazendeiros como bezerros e ovelhas.

leopardo

Durante mais de 100 anos (até hoje, apesar de proibido), os fazendeiros matam os leopardos com tiros. Aliás, existe uma história recente de que em Pretória, capital executiva do país, um leopardo atacou e matou cachorros e crianças que estavam fora de casa até ser descoberto ele o autor dos “crimes”, capturado e solto na natureza bem longe dali. Eles agem durante a noite e passam o dia poupando energia camuflados sob as sombras das árvores. Mesmo assim, bobear perto de um felino como leões e leopardos enquanto tiram aquela soneca preguiçosa da tarde é perigoso.

Se você ama “cats”, animais selvagens (eles têm outros bichos como pássaros), a natureza em geral e vai para a África do Sul, recomendo conhecer o trabalho realizado pelo Tenikwa. Seu pagamento da entrada e compras que faz na lojinha ajudarão a devolver para a natureza animais machucados ou que foram encontrados em cativeiro. Apenas chegue cedo, pois o local sempre lota e só é possível visitar os animais acompanhado de um guia. Um ótimo feriado felino para você!

Gato selvagem africano
Gato selvagem africano
Serval
Serval


Como são os safáris na África do Sul

Eu tenho tanta informação para escrever por aqui coletada durante os 20 dias da minha viagem pela África do Sul e tanto vídeo para editar e subir que precisaria de um clone para fazer tudo isso por mim. Além das incríveis histórias da população que hoje vive por lá – muitas delas para se discutir em uma mesa de bar -, as paisagens e os animais também são envolventes. De tirar o fôlego. Portanto, faço aqui uma revelação (ao menos para mim): em cinco dias no mato você consegue ver os bichos caçando, comendo sem parar (no caso dos herbívoros), amamentando, copulando, fazendo barulhos, distraídos, lutando, curiosos, sem se importar com a sua presença ou te ameaçando por estar no ambiente deles.

Sério, eu me senti dentro de um dos programas do Discovery Channel. Era como se fosse uma espectadora in loco. Por exemplo, em apenas cinco dias conseguimos perceber os sinais que a maioria dos grandes animais – como elefantes, antílopes, leões, girafas – transmitem de acordo com o que estão sentindo. Fizemos safári em uma reserva pública chamada Addo Elephant e em uma particular. Na pública, nós mesmos podíamos dirigir pelas trilhas com o nosso carro alugado ou contratar os guias locais para fazer safáris como os noturnos.
O Addo Elephant, como diz o nome, é uma reserva repleta de elefantes. Em cerca de dois dias inteiros por lá, observamos bebês elefantes mamando. Elefanta guiando a manada, algumas com mais de 15 indivíduos. Sim, é a fêmea quem manda no grupo, sabe onde está a água para beber, para tomar banho, onde há a melhor comida. Pudemos ver jovens machos acompanhando, de longe, um grupo (foto abaixo). Isso porque ao completar determinada idade, creio que dois anos – me corrija se estiver errada -, a fêmea guiadora expulsa o macho jovem do grupo. Ele tem que se virar sozinho. Traumatizado e sem saber o que fazer, muitos jovens seguem o antigo grupo por um tempo. Em seguida, como também pudemos observar, dois machos às vezes andam juntos para se defenderem de outros animais.

Vimos que até os elefantes conseguem se camuflar – sua bundinha parece um montinho de terra no meio do mato. Que eles se alimentam cerca de oito horas por dia praticamente sem parar. Que geralmente não há leão e nem chita (guepardo) onde estão os elefantes. O leão é quem escolhe o melhor território primeiro – que pode mudar com o tempo. Os elefantes expulsam as chitas de parte do território que sobrou e eleito o deles.

Já éramos água para elefante. Os animais do Addo estão acostumados com tanto carro passando. Mesmo assim, meu marido foi encarado por um jovem macho que veio em direção ao nosso carrinho, desviou praticamente em cima do capô, passou pelo lado do motorista e virou a cabeça para encarar olho no olho. Entortou o pescoço até não conseguir mais e seguiu seu caminho. Ficamos bem quietinhos – e meu marido gélido. Mas foi só isso e algumas olhadelas de mamães amamentando. Até que…

Seguimos para a reserva particular com o carrinho prateado alugado, um Nissan Micra. Passamos por tantos elefantes, tantos passaram por nós, que já estávamos acostumados em ver eles tão perto, cerca de um metro de distância do carro. Entramos na reserva, vimos as primeiras girafas da viagem – lindinhas e calmas. Seguimos pela estrada de terra até encontrarmos dois elefantes no meio da pista. Um deles, o macho, parou e nos olhou. Essa encarada do elefante é um sinal de que o bicho está incomodado. Pensei: “Vou dar uma aceleradinha e andar um pouco para avisar que queremos passar”.

Dei mais uma acelerada – estávamos com receio de nos perdemos dentro da reserva e queríamos chegar logo à sede para fazer os safáris. Afinal, nas reservas particulares os safáris são feitos com os veículos delas, geralmente Land Rover abertas. O elefante se virou para nós e abriu a orelha. Péssimo sinal que interpretamos bem. Sabíamos o que isso significava: ele queria mostrar que era grande, mais firmemente que não estava gostando. Às vezes, os elefantes abrem as orelhas para se refrescarem. Elas têm veias que ajudam a trocar o calor quente pelo mais frio do ar. Não era o caso. Falei para meu marido: “Vou acelerar e correr”. “Não faça isso, ele está na parte de cima do morro, se der um passo para cima de nós acaba com a gente”, sábias palavras. Andei mais um metro com o carro. O elefante começou a balançar a cabeça do lado direito para o esquerdo e vice-versa. Sua tromba, que encostava no chão, chacoalhava no ar. Ferrou. Recuei rapidamente mais de dez metros com o carro! O bicho entendeu, arregamos – não que quiséssemos brigar, apenas estávamos aflitos.

Falei: “Temos todo o tempo do mundo, qualquer coisa alguém da sede busca por nós”. E esperamos uns cinco minutos, ou seja, muito menos do que imaginávamos. Até que o elefante subiu morro acima, parou de nos olhar e passamos devagar – mas espertos – menos de dez metros ao lado dele seguindo pela estrada de terra esburacada.

Nos dias que se seguiram, um leão rugiu para o carro em que estávamos – desta vez, com o guia ao volante – enquanto seguíamos o grupo de felinos em uma caçada. Vimos leões e chitas correrem, literalmente, atrás do almoço. Três machos chitas, um dos animais mais velozes do mundo que pode alcançar cerca de 110 km/h, atacaram um bando de guinus. Uma delas pegou um guinu, mas o bando voltou e começou a tentar dar chifrada na chita, até que ela o soltou. Também tivermos a sorte de observar um leão comendo ao lado de nós (foto acima), antílopes brigando, búfalos lutando, copulando, zebra e elefante tentando copular.

No total, calculamos ter avistado mais de 70 espécies animais, sem contar as inúmeras aves. A nossa revelação e emoção foi vê-los “em ação”, como dizem os guias. Não imaginávamos que era tão fácil, tão comum, tão encantador observar as amamentações, caçadas, lutas. Apesar dessas brigas diárias entre predadores e presas, o ambiente parecia calmo. Os animais sabiam que estavam sendo observados por seus caçadores, mas permaneciam por perto com exceção de quando era visível que o predador iria atacar. Nem os safáris se comparam à vida que levamos nas florestas de concreto. Isto, sim, é vida selvagem.

Sua comida pode estar em extinção

Devido à pesca predatória, inúmeras espécies de peixes usadas como alimentos por nós, humanos, estão em extinção na África do Sul – o mesmo ocorre aqui no Brasil. Para alertar os moradores e os turistas sobre esse problema, organizações públicas, não governamentais e privadas se uniram na divulgação colando cartazes de alerta em diversos pontos públicos como no Two Oceans Aquarium, em Cape Town (Cidade do Cabo).

Os cartazes são simples. Neles, espécies peixes com nomes e ilustrações foram separadas em três categorias dentro das respectivas cores: green (verde), orange (laranja) e red (vermelho). Os peixes da categoria verde, como é o caso da anchova e do dourado, podem ser consumidos. O cartaz alerta para o consumo moderado das espécies colocadas na categoria laranja, como o bagre. Essas espécies correm risco de extinção, mas menos do que as inseridas na categoria vermelha como, por exemplo, o incomum peixe-serra. Veja aqui, no site da WWF, a lista completa.

Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), 85% dos estoques de peixes do mundo são superexplorados ou já foram explorados ao máximo. Para piorar a situação, estima-se que um quarto dos animais marinhos pescados são muitas vezes mortos ou desperdiçados por terem sido capturados acidentalmente.

Parece que os restaurantes de modo geral da África do Sul, graças a esse extenso alerta, têm evitado comercializar as espécies em risco de extinção – me corrija se eu estiver enganada. Mesmo assim, os peixes e alguns frutos do mar estão entre os principais alimentos consumidos por lá. Eu, por exemplo, vivi a base de lula e peixe – mais saborosos do que os daqui!

A África do Sul tem uma extensa área costeira (3.798 quilômetros). Lá, peixe e frutos do mar custa cerca de três vezes menos do que os consumidos no Sudeste do Brasil, sendo que a costa brasileira é de cerca de 8 mil quilômetros – mais que o dobro maior do que a sul-africana. Alguns estudos apontam maior quantidade de animais marinhos em águas frias como as da África do Sul. Essa explicação seria suficiente para justificar os preços mais altos dos frutos do mar por aqui, já que o litoral do Brasil é relativamente quente? Ou os peixes do Brasil correm mais risco por diversos motivos?

Enfim, os recursos marinhos são finitos. O que está sendo feito no Brasil para cuidar dessas espécies e desse ambiente tão especial?

África do Sul: como preservar a natureza usando o turismo

Saudades, leitor! Fiquei o mês de agosto fora, de férias na África do Sul. Foi uma viagem de tirar o fôlego! Estou cheia de novidades. Tentei focar a viagem em passar mais tempo próxima à natureza e em conhecer um pouco a história local. Apesar de o país passar por alguns visíveis problemas, podemos aprender com algumas ações que parecem terem dado certo por lá.

Há menos de 20 anos a África do Sul quase entrava em guerra civil… Segundo o que me contaram, boa parte das vegetações originais tinham sido desmatadas até então. Hoje, existem incontáveis reservas públicas e privadas espalhadas pelo país. E, claro, eles usam o turismo para mantê-las de pé. Como?

Quem não quer fazer um safári? Ou ver baleias de perto? Então… Boa parte das reservas resgataram as vegetações endêmicas para receberem os animais – parece que as reservas públicas foram mais cuidadosas em inserir (com alguns rigores científicos) espécies de bichos que originalmente viviam naquele ecossistema.

É possível dormir dentro das reservas – tanto nas públicas quanto nas privadas. Por exemplo, existe um parque marinho chamado Tsitsikamma. Ele preserva a vegetação e animais costeiros e, claro, espécies marinhas. Lá não há leões, girafas ou elefantes, mas você pode fazer trilhas para ver paisagens de tirar o fôlego, remar e até nadar com as focas.

Se preferir, pode dormir no Addo Elephant. Como o nome sinaliza, é um parque que possui um grande número de… elefantes. Nesse lugar, é possível fazer safári com o próprio carro. Lá há mais de 30 espécies de animais – entre eles os temidos leões e leopardos.

Ou, se quiser, pode pousar no maravilhoso De Hoop (sinônimo de dunas, baleias, florestas e mar transparente) perto das zebras e dos antílopes. Como não há animais que atacam os homens, pode fazer trilhas a pé e de bicicleta. Detalhe: sua reserva marinha é famosa pelas baleias. Eu contei 15 juntas – incluindo bebês. <3

Nesses locais há restaurantes, cozinhas, passeios guiados e acomodações para diversos bolsos. São super seguros – tanto com relação ao ataque de bichos como à violência “humana”. Enquanto esse tipo de uso das reservas e dos parques gera dinheiro para a manutenção dos próprios, os visitantes também acabam sendo mais olhos para ajudar na preservação do lugar. Vi raras ações depredatórias.

Portanto, a natureza, lá, não é apenas para ser admirada e intocada. Ela pode ser respirada, sentida, vivida. Não seria um bom exemplo a se seguir?

Obs.: Para conhecer todos os parques e as reservas públicas da África, clique aqui.

Conheça os plânctons!

[youtube_sc url=”http://youtu.be/S83_rs_HVUc”]

Depois de muitas tentativas frustradas, consegui filmar os plânctons – organismos bem pequenos que vivem na coluna de água do mar – dos quais tanto falo por aqui. Eles impressionam. Quando agitamos a água, esses organismos (algas, larvas, pequenos animais) emitem uma luz própria. Em alguns locais mais preservados do litoral brasileiro, como no Saco do Mamanguá, os plânctons emitem luz com a quebra das ondas e quando um peixe ou outro animal marinho faz movimentos bruscos sob a água. A luz emitida por eles forma círculos e pontos no mar como se fossem fogos de artifício. Apaixonante.

Existe apenas 10% da vida marinha no Rio?

No feriado de Corpus Christi, peguei um barquinho – cujo quase todo o casco permanece dentro da água e mal tem espaço para uma pessoa sentada sem bater a cabeça na lona azul que o recobria – e fui embora feliz da vida para um lugar onde não chega sinal de celular. Aliás, e nem energia elétrica. Após suportar o vento com chuvisco soprado do Sul por cerca de 45 minutos, desembarco no Saco do Mamanguá, em Paraty. Não sei se o lugar é um vilarejo, afinal, havia mansões e casinhas de pescadores separadas por trilhas por todo o local – depois escrevo um post sobre a incrível geologia de lá para entender melhor esse salpicado de construções.

Visualmente, o Saco do Mamanguá parece um lugar intocado. Sua vasta e densa mata, os altos morros que acabam no mar, a água azul-clara e verde-esmeralda, as pequenas faixas de areia dourada-clara me levaram longe. Lembraram paisagens asiáticas de países como o Vietnã. Um lugar naturalmente imponente. Talvez, por isso mesmo, difícil de ser domado pelo homem. A única vendinha ficava distante cerca de 20 minutos por trilha – ou, dependendo da direção e velocidade do vento, 5 minutos remando – da casa onde me hospedei com amigos. Bom, resolvemos encarar o barro para explorar a mata, vislumbrar as paisagens e comprar mais velas e frutos do mar direto do pescador.

 

Escolhemos alguns quilos de peixes. Enquanto a moça limpava, por quase 20 minutos aprendi mais sobre meteorologia e sobre a natureza com um senhor de 79 anos. Esperto, há cerca de 50 anos tem sua mesma casa privilegiada de frente para o mar e pretende continuar por ali mesmo, longe da bagunça dos grandes centros urbanos que ele conhece bem. Atentamente, eu olhava nos olhos profundos e vividos do senhor, hoje, ex-pescador e dono da vendinha. Ele dizia que o sol apareceria quando voltar a ventar novamente do Sudoeste e, passado um tempo, começar a entrar vendo do Leste – foi o que aconteceu no domingo. Ele tinha razão.

 

Deixamos o céu, focamos no mar. Nós, moradores de São Paulo, ficamos com vontade de comer camarão e lula. Porém, a quantidade muito pequena disponível para a venda não daria para alimentar todas as bocas da casa que alugamos. O senhor contou que, nos últimos 20 anos, ele viu despencar o número de peixes e de frutos do mar pescados. Antes, com a água no joelho, pegava peixes de 16 quilos. Agora, não há nada de consistente no raso. Nós pudemos observar tartarugas, siris e peixes “bebês”. Perguntei o quanto a vida marinha diminuiu na região. “Hoje em dia, pesco 10% do que pegava há 50 anos”, disse. “10%”, repeti, inconformada, na esperança de ter ouvido errado. “Isso.”

 

Ele disse que a pior queda aconteceu nos últimos 20 anos. Listou ao menos cinco espécies de peixes que nunca mais viu no local. Para o ex-pescador, a pesca indiscriminada dos cardumes – sem deixar um peixe no mar para contar história – foi uma das causas do problema. Ele também falou sobre o defeso do camarão, quando sua coleta é proibida no Sul e Sudeste entre os meses de março e maio devido à época de reprodução do animal. Contou que no fim do ano o camarão também se reproduz e teceu uma vasta argumentação técnica alegando que deveriam haver dois defesos. Infelizmente, não tenho informações científicas para confirmar ou refutar a queda na pesca e o breve causo do defeso – se você tiver, deixe nos comentários. Espero que tudo isso não passe de história de pescador.

Uma mancha vermelha no mar

Nesse fim de semana, os lindos céu e mar azuis pincelado por golfinhos em São Sebastião foi coberto por densas nuvens cinzas. O vento que trouxe essas nuvens agitou o oceano e carregou mais surpresas para perto da areia: uma mancha vermelha na água. Minutos antes, uma tartaruga morta foi encontrada ainda sangrando na praia. “Não é possível que toda essa mancha seja o sangue da tartaruga”, pensei. “São algas”, concluiu o grupo com o qual conversava.

 

Claro que, curiosa, entrei na água até acima do joelho para ver de perto (sem mergulhar). Nem sei se faz mal para a saúde, mas não resisti. Incontáveis algas avermelhadas de vários tamanhos boiavam lado a lado forrando o mar perto da praia com sua cor vermelho-coral alarmante (clique nas imagens para ampliar). Até deixei de sentir frio causado pelo vendaval que varria a parte da pele molhada exposta para fora da água. Fiquei ali admirando “a união faz a força” daqueles pequenos seres por alguns minutos. Saí fedida – geralmente, alga exala um cheiro forte.Algum biólogo saberia dizer se esse é o fenômeno conhecido por maré vermelha (proliferação excessiva de algumas espécies de algas tóxicas que pode ser causada, entre outros, pela poluição do mar)?

Boa colorida semana!