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Olhe o “matinho” da praia aí, gente

Que bacana! Lembra-se do jundu – clique aqui e ali? Trata-se de uma vegetação costeira em risco de extinção. Desde criança – vou ao Rio de Janeiro, praticamente, todos os anos -, achava fantástico o “matinho de praia” que tomava parte da areia, às vezes avançando sobre o calçadão, no Leblon. Ainda mais quando estava sobre umas minúsculas dunas. Dava um ar mais selvagem à praia, mais natural. Nunca entendi porque apenas lá um pouco dessa vegetação estava preservada…

Por sorte, parece que alguém anda pensando da mesma maneira que eu. Agora, os jundus do Leblon e de Ipanema foram cercados para ninguém pisar neles! O cercadinho sempre está acompanhado de uma placa: “Área de proteção ambiental da orla marítima. Lei municipal 1.272/88. Recomposição da vegetação de restinga fixadora de dunas. Ajude a conservar esta praia mantendo limpo este local”. É o mínimo que deveria ser feito para recompor esse ecossistema completamente devastado da Mata Atlântica.

 

Inspire-se nessa imagem.

Protegendo as tartarugas no Caribe

Este, enfim, é o último post sobre meu olhar relacionado ao meio ambiente na viagem que fiz este ano ao Caribe. Daqui em diante, mergulharemos nas maravilhas do Rio de Janeiro! Bom, o arquipélago venezuelano Los Roques também tem um projeto para preservar as tartarugas marinhas: a Fundación Científica Los Roques. Como em diversos lugares do mundo, lá no Caribe o número de tartarugas diminuiu consideravelmente nos últimos anos por vários motivos, entre eles a pesca.

Na Ilha de Dos Mosquises, há o que eles chamam de “estação marinha” – que tem a parte de tanques aberta para a visitação. Ela é composta por instalações voltadas ao estudo do ecossistema local e diversos tanques repletos de tartarugas coletadas após o nascimento – veja o vídeo. No local, eles mantém as tartaruguinhas protegidas dos predadores, inclusive do homem, por cerca de dez meses até elas atingirem um tamanho e mobilidade maior. Depois, são soltas na areia para caminharem ao mar e seguirem o seu destino.

 

Das sete espécies de tartarugas marinhas que existem no mundo, cinco vivem na Venezuela e quatro em Los Roques – mais detalhes leia aqui, em espanhol. Segundo o biólogo Carlos (foto), as tartarugas logo ao nascerem passam muito tempo boiando quietinhas na água.

Esse comportamento somado ao seu tamanho – menor que a palma da mão quando nascem – oferece muito risco a esses animaizinhos. Tanto que, nos tanques, a gente vê as tartaruguinhas lindinhas boiando, boiando e apenas parando para comer.

 

Para incentivar os turistas a preservarem Los Roques – e a conhecer o trabalho da fundação -, eles foram bem espertos. Todos os barcos que vão para Cayo de Agua, ilha que possui uma das praias mais lindas do mundo, param em Dos Mosquises na volta. Nesta ilha, os visitantes têm uma palestra sobre a preservação marinha, sobre o ecossistema do local e conhecem o trabalho da instituição.

Após a rápida palestra, de cerca de 15 minutos, você tem certeza de que não deve correr como um doido direto para a água azul-calcinha, por mais que o desejo seja muito forte. Nunca se sabe o que te espera naquela areia fininha abaixo do mar. Na ocasião em que estive lá, por exemplo, conheci o famoso peixe-pedra exposto em um tanque – ele foi coletado em frente à fundação. O animal simpático vive em lugares com pouca profundidade e, como diz seu nome, parece uma pedra. Aí, sem perceber, você entra na água e pisa no bicho. No dorso, ele possui um espinho que – dizem – dói muito quando perfura nossa pele.

 

Bom, o investimento que a fundação recebe é bem menor se comparado ao Projeto Tamar que grandes empresas patrocinam… Independente das condições, o bacana é ver que os biólogos se esforçam para preservar esses animais e o ambiente marinho. Essa percepção faz com que todos saiam satisfeitos da “aula” e, espero, mais conscientes.

 

Obs.: A Fundación Científica Los Roques tem um blog bem bacana com muitas fotos e vídeos relacionados aos trabalhos deles – entre aqui.

Como captar água doce em plena ilha

Existe um lugar paradisíaco indescritível chamado Cayo de Agua – sugestão: dê um Google Imagens. É fantástico tanto em cima da água (foto) quanto em baixo (veja o vídeo aqui, sim, sou a pessoa de blusa branca). Fica lá em Los Roques. Num desses bate-papos informais com os marinheiros do barco que nos levou à Cayo de Agua, descobri o porquê do nome. E, em outra conversa com a camareira da pousada, encontrei a “fonte” da água doce usada no arquipélago.

 

A curiosidade me move – andando por Cayo de Agua para explorar o local até pisei num daqueles espinhos de mato. Como já disse por aqui, antes de colocar o pé na estrada sempre dou uma pesquisada sobre o local. Quando fomos a Los Roques, não havia muita informação confiável na internet. Todas as minhas indagações fiz aos moradores. “Você é uma jornalista nata”, diz meu marido. Por onde passo busco conhecer as “estórias” locais. O barqueiro, por exemplo, disse que antigamente as pessoas retiravam em Cayo de Agua a água doce usada para sobreviver – rá, daí o nome.

 

Segundo o marinheiro, aquela é a única ilha que possui fonte de água doce – localizada atrás da duna ao fundo da foto. Ele também disse que ninguém sabe explicar sua proveniência, ou seja, como ela brota por lá, no meio do nada, no meio do mar. Mistério… Agora, e o trabalho que era pegar essa doce água?

 

A maioria dos moradores vive em Gran Roque, a ilha principal. Ela fica cerca de 1h30 de distância em lancha rápida de Cayo de Agua. Imagine você enchendo seu barquinho de baldinhos e atravessando o mar tendo que desviar de ilhas e bancos de areia, perderia ao menos metade do dia na jornada. Sem contar que, no meio do caminho, a doce água poderia se misturar com a do mar devido ao balanço das ondas. Uma tragédia.

 

A solução mais prática atualmente encontrada foi a dessalinização da água do mar: toda a água doce usada por todos provém dessa tecnologia. Claro que muitas vezes a água acaba na ilha – passamos por esse evento desagradável. Assim, é de se imaginar o chuveiro de lá completamente diferente do nosso, um pinga-pinga. Eles realmente sentem o que é viver sem esse bem essencial. Tanto que uma das primeiras recomendações, entre as recepções e as explicações, feitas para nós pela gerente da pousada foi: economize água.

 

Eles sabem a falta que a água faz.

O que fazer com o lixo da ilha caribenha?

Este ano está passando tão rápido, são tantas novidades, tantas frentes, que parece que viajei ao Caribe ontem! Maio passou há pouco tempo no meu calendário: ainda é julho para mim. Bom, chega de lenga-lenga. Vamos ao que interessa, à minha apuração feita em Los Roques – aquele encantador arquipélago do caribe venezuelano. Para quem não sabe, o rústico lugar precisa se virar para dar um jeito no lixo produzido e para captar água doce. Essa história da água você saberá nas cenas do próximo capítulo amanhã, por aqui. Hoje, vamos falar sobre o lixo.

 

Não há veículos motorizados de terra no arquipélago, com exceção para um caminhãozinho. Todo final de tarde, ele passa nas vielas de areia da ilha principal, onde estão praticamente todos os dois restaurantes, as dez pousadas, as 100 casas, etc – brincadeira, os números não são exatamente esses. Como aqui no Brasil, as pessoas colocam o lixo para fora. O lixeiro joga na caçamba e segue seu caminho. Será que, como ocorre em Fernando de Noronha, o lixo é enviado de barco para o continente?

 

Nhão. Lá no cantinho da ilha, onde não existem praias de areia, mais ou menos longe das casas e ao lado de uma pequena formação rochosa – uns morrinhos, restos mais visíveis do antigo vulcão – eles possuem uma espécie de lixão (foto acima, clique nela para aumentar). E incineram o material. Enquanto estive lá, não vi queimando, apenas avistei aquele monte de lixo com pássaros sobrevoando. Pelo que vi, posso estar enganada, o lixo que poderia ser reciclado é incinerado junto. Não saberia dizer se queimar o “resto” seria uma boa ou a melhor opção. Foi a encontrada por eles.

No meio do caminho tinha um coral

Parece que algumas más práticas com relação à vida marinha ultrapassam o mapa político brasileiro – leia post sobre Maragogi e Porto de Galinhas. Estou eu, toda feliz-alegre-e-contente em uma das praias/ ilhas consideradas mais lindas do mundo, a Cayo de Agua (no caribe venezuelano, arquipélago Los Roques). Navegando sob aquele mormaço deliciosamente insuportável, os marinheiros nem evitam bater no coral. Sendo que era possível desviar dele, como fez outro barqueiro em minha visita anterior.

Ali é uma região com vida marinha intensa. Um berçário de minúsculos peixes, cardumes imensos, arraias bebês e tudo o mais. Sei que isso pode ser de uma ecochatisse tremenda, mas me incomodou. Sei também que o turismo sempre, de um jeito ou outro, degrada uma região. Mas como resistir à chance de conhecer esses lugares mais intocáveis? Menos mal se o marinheiro desviasse do coral. “Nunca me esquecerei desse acontecimento.”

Vamos vaporizar inseticida no avião

Achei de uma prepotência horrorosa. Quando embarquei rumo Aeroporto Internacional de Maiquetía “Simón Bolívar”, na Venezuela, a comissária de bordo apareceu com um inseticida na mão e começou a vaporizar o veneno por toda a parte interna do avião. Começou lá na primeira classe, apontando para o alto, e andou o corredor inteiro, áreas direita e esquerda.
Ao mesmo tempo, outra comissária dizia via microfone que essas eram ordens do governo venezuelano. No momento, confesso que pensei: “Eles acreditam que apenas nós temos mosquitos infectados de doenças tropicais – como a malária, a dengue e a febre amarela? São superiores e não possuem nada?” Depois, descobri que se trata de uma medida comum.
E após fazer matérias sobre organismos levados pelo casco e lastro dos navios, concordei com a medida de precaução. Mas essa foi a primeira vez em que vi essa ação em um voo. Depois, os comissários do avião que seguia da Venezuela para São Paulo também adotaram a medida. Espero, mesmo, que a medida seja relevante e não prejudique a saúde dos passageiros.

Existem pedras que estalam

Da série especial de Weruska Goeking, sobre San Pedro do Atacama (Chile):

Fizemos uma visita ao Valle de La Luna, formado por muitas rochas avermelhadas e dunas claras. Neste ponto, se todos os visitantes ficarem em total silêncio é possível ouvir as rochas “estalarem”. Parece que tudo irá ruir e vir abaixo! A guia garantiu que não.O fenômeno acontece devido à variação de temperatura do lugar. À noite, as rochas se resfriam e, por isso, ficam mais compactas. Com o aumento das temperaturas ao longo do dia se expandem e “estalam”. Assim, o melhor horário do dia para conferir esse fenômeno incrível da natureza é por volta de 12h/13h.

Sal ou gesso?

Não precisa lamber a rocha para saber a resposta. Se conseguir riscar a pedra com a força da unha, é gesso, se não conseguir, é sal. No caso da foto é gesso. Bonito, né?

Saiba mais sobre a participação da jornalista no post Nem sempre onde há fumaça, há fogo.

Por que os flamingos são da cor rosa?

Participação especial no Xis-xis de Weruska Goeking, sobre San Pedro do Atacama (Chile):

No Atacama, uma das vistas mais bonitas – senão A mais – é a das lagunas altiplánicas, formada pelas lagoas Miscanti e Miniques com as águas vindas das montanhas. Essas lagoas ficam a mais de 4.000 metros de altura do mar.

A região fica a 110 km ao sul de San Pedro de Atacama e tem ao redor os vulcões que dão nome às lagoas, além das montanhas de Puntas Negras, Chaique e Chuculaqui, que dão forma às lagoas.

Depois uma visita à  lagoa Chaxa, que faz parte da Reserva Nacional dos Flamingos e é  formada pelas águas vindas da Cordilheira dos Andes por vias subterrâneas. Em alguns pontos a água é malcheirosa devido à grande concentração de enxofre.

Na lagoa vivem muitos flamingos de cor rosada. Lindos! Mas eles nascem bem branquinhos. A tonalidade rósea é conseguida apenas na idade adulta, depois de eles terem se alimentado com muitos camarões minúsculos e bem vermelhos. Em um ponto de descanso e alimentação para os turistas que fica bem ao lado da Chaxa havia um aquário com vários deles, mas eram tão pequenos que não consegui uma foto boa deles – menos de 1 cm!

Bem próximo da Lagoa Chaxa o terceiro maior “salar” do mundo. Um verdadeiro oásis de sal no meio do deserto, onde se costumava explorar diversas reservas de sal. Atualmente a exploração nessa área é expressamente proibida pelo governo chileno. Pequenas pedras delimitam até onde as pessoas podem pisar.

Observação eco: calor e frio na medida

Por determinação municipal, todas as construções devem usar tijolo de adobe, uma espécie de barro cru que mantém a temperatura amena no interior das casas, tanto no calor quanto no frio, como pode ser visto no pequeno povoado de San Pedro de Atacama.

Leia também Nem sempre onde há fumaça, há fogo.

Nem sempre onde há fumaça, há fogo

Minha amiga jornalista Weruska Goeking, que também responde pelo perfil do Twitter @Weruska, recentemente esteve em San Pedro de Atacama, no Chile. Suas fotos eram de tirar o fôlego – e sua agitação idem. Assim, a convidei para compartilhar conosco seus conhecimentos ambientais e científicos adquiridos na viagem. Sorte a nossa que ela topou! Segue uma série de posts sobre um dos lugares mais incríveis que pretendo visitar.

Quando deixei o Brasil para a cobertura de um evento no Chile já imaginava que encontraria belas paisagens e faria alguns passeios no intervalo dos compromissos corporativos, mas jamais poderia prever que conheceria lugares tão bonitos. Foram apenas três dias, mas fiz tanta propaganda da beleza do lugar que a Isis, amiga e responsável pelo Xis-xis, me convidou para contar um pouquinho do que vi para seus leitores.

Cordilheira dos Andes

O caminho até  San Pedro de Atacama é longo. Decolei às 9h10 em São Paulo e cheguei em Santiago por volta das 13h. Pouco antes de pousar já era possível ver a Cordilheira dos Andes pela janela do avião.

A vista era tão bonita que até um chileno que viajava ao meu lado ficou maravilhado. Segundo ele, não era sempre que as montanhas se apresentavam cobertas com tanta neve. O motivo eu descobri mais tarde, com um guia turístico: havia chovido mais do que o usual neste ano. Incríveis quatro dias em fevereiro.

Ao longe dava para ver o Aconcágua, ponto mais alto da América do Sul com 6.962 metros acima do mar. Pena não ter conseguido um clique deste momento.

O aeroporto de Santiago serve apenas para uma conexão. De lá segui em um voo de aproximadamente duas horas para a cidade de Calama. Depois do pouso, em que se tem a clara impressão de ter pousado no meio do deserto até descer do avião e ver a estreita pista, segui em uma van até a cidade de San Pedro de Atacama, que no idioma cunza significa “cabeceira do país”. Foram mais duas horas de viagem pelo deserto até chegar ao hotel.

Na estrada encontrei algumas vans com outros turistas, além de cruzes e pequenas casinhas com flores e santos ao longo da via. Elas marcam os locais de mortes e desaparecimentos de pessoas.

Entre os diversos vulcões vistos no caminho, um deles soltava essa “fumacinha” que se confundiria facilmente com uma nuvem, se o céu não estivesse absolutamente limpo.

Uma amiga que já  visitou o Chile contou que, em vulcões ativos, enquanto houver essa fumacinha, não há risco de ele entrar em erupção, já que essa seria sua “válvula de escape”. Ufa!