Ainda nas diferenças de gênero


tomada macho e fêmea

Parece que estamos numa temporada de artigos sobre gêneros e diferenças, a revista PLoS que o diga. Como isso tem tudo a ver com evolução, lá vamos nós novamente.

Homens e mulheres são anatomicamente diferentes, e antes que você pense que estou falando do óbvio, saiba que estou falando do cérebro. Sim, nossa espécie tem diferentes comportamentos entre machos e fêmeas, algumas muito claras e outras nem tanto.

Tudo isso é devido não só àquela parte da nossa história de caçador coletor, onde o macho caçava e a fêmea cuidava da prole. Também se deve às diferentes estratégias reprodutoras, uma vez que quem cria os filhotes são as fêmeas.

No que isso implica? Isso implica em investir em um parceiro que realmente compense o esforço na criação da prole. Para os machos a coisa é diferente. Uma vez que eles não têm que criar diretamente os filhotes podem se dar ao luxo de procurar diversas fêmeas até conseguir uma que tope. E as diferenças de gênero não se aplicam apenas a nós.

Um gupo de pesquisa sueco publicou essa semana na revista PLoS Genetics um trabalho que explora a diferença de expressão gênica entre machos e fêmeas de três espécies de primatas, duas com grandes diferenças de gênero, o macaco-caranguejeiro (Macaca fascicularis) e o macaco-grande-pelado (Homo sapiens) e uma de poucas diferenças, o sagüi-de-tufos-brancos (Callithrix jacchus).

Comparando esses primatas, eles buscaram encontrar genes diferentemente expressos que correspondam a diferenças diretas de gênero e que estejam relacionadas ao comportamento e estão presentes apenas no macaco-caranguejeiro e no ser humano.

Encontraram diversos genes, e aqui a parte que considero mais interessante: no caso dos genes diferentemente expressos presentes apenas no ser humano e no macaco-caranguejeiro, e que portanto estariam mais diretamente relacionados às diferenças de comportamento, foi possível a análise das pressões seletivas sobre tais genes.

Nos genes mais expressos nas mulheres, houve uma grande pressão seletiva para que eles se mantivessem iguais, indicando que a maior pressão seletiva atuando sobre as fêmeas é purificadora – uma vez que são elas que geram as crias, característica que não muda.

Já os genes diferentemente expressos nos machos sofreram grande pressão para mudarem, o que indica pressão seletiva sexual, pois quem escolhe o parceiro são as fêmeas. Ou seja, enquanto os genes expressos pelas fêmeas permaneceram iguais, aqueles expressos só pelos machos mudaram bastante, graças à escolha delas.

Sim, as mulheres eternamente exigentes como são.

Fonte:
Reinius B, Saetre P, Leonard JA, Blekhman R, Merino-Martinez R, et al. (2008) An Evolutionarily Conserved Sexual Signature in the Primate Brain. PLoS Genetics 4(6): e1000100 doi:10.1371/journal.pgen.1000100


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