Imagine a seguinte situação: você liga para alguém, a pessoa não está lá, mas te passam o telefone de onde ela foi. Sem lápis e papel por perto você resolve confiar na sua memória e manda ver. Depois de repetir umas dez vezes o novo número você segue confiante para ligar novamente… e dá ocupado. Nesses quinze minutos que você espera para ligar mais uma vez, cadê o número? Ele estava tão claro na sua cabeça! Como foi sumir assim?
Pois é, o motivo desse sumiço é a memória de longo prazo. Você guardou o telefone apenas enquanto contava com a memória de curto prazo, e não teve tempo de passar essa informação para a memória de longo prazo. O neurologista e escritor Oliver Sacks descreve em um de seus livros o caso de um paciente sofreu uma lesão no cérebro e se recordava plenamente do seu passado, mas não era capaz de registrar os últimos minutos, de maneira que sempre “acordava” achando que ainda estava no passado (como no filme “Como se fosse a primeira vez”). Além dessa assimetria nos tipos de memória, também é conhecida a assimetria entre os lados do cérebro como a percepção visual feita pelo hemisfério direito, e a articulação da fala feita pelo hemisfério esquerdo.
Em colaboração, cientistas australianos e italianos conseguiram demonstrar que essa assimetria também ocorre em invertebrados. Treinando abelhas para reconhecerem o cheiro associado ao alimento usando ambas as antenas para sentí-lo e depois cobrindo uma das antenas, puderam perceber que durante as primeiras duas horas a abelha só reconhecia o cheiro recém aprendido com a antena direita. Depois de cerca de seis horas, até o fim de um dia, a abelha passava a reconhecer o odor apenas com a antena esquerda, demonstrando que a memória de longo prazo se estabelece do lado esquerdo do cérebro dela.
Mais um ótimo artigo da PLoS:
Rogers et al. From Antenna to Antenna: Lateral Shift of Olfactory Memory Recall by Honeybees. PLoS ONE, 2008; 3 (6)