Mais a ganhar do que sexo


Se você é mulher e quer viver mais, eis uma forma bem prazeirosa: faça sexo. Mas cuidado, isso só acontece se você fizer sexo com um homem estressado, caso você escolha um homem calmo não vai ajudar muito. Ficou preocupada? Não precisa, a afirmação anterior só é valida se você for uma formiga da espécie Cardiocondyla obscurior. Respirem fundo e preparem a cabeça, pois para quem gosta de evolução o texto abaixo tem muita coisa interessante.
dois tipos de macho Antes de mais nada vamos entrar na lógica do que a competição evolutiva entre os sexos pode causar, mais uma vez a teoria da Rainha Vermelha funcionando. Já vimos que existe uma diferença de interesses entre machos e fêmeas na reprodução. O exemplo a seguir só resalta isso. Imagine um macho que vai fecundar uma fêmea e que ele pode interferir no metabolismo futuro dela com substâncias presentes no esperma. O que a seleção natural iria favorecer? O macho fazer com que a fêmea gaste mais energia produzindo uma grande prole e como preço viva menos, ou que ela economize essa energia e viva mais? Na maioria das vezes, a primeira opção prevalece.No caso de insetos sociais como a formiga C. obscurior isso não é tão vantajoso. Nos insetos sociais, a maioria das fêmeas é fecundada apenas uma vez, e o sucesso reprodutvo só é atingido mais tarde quando o formigueiro está grande o suficiente para que fêmeas aladas e machos, os reprodutores, apareçam. Quando um macho fecunda a fêmea nessas condições, o vantajoso é que ela viva mais. A questão é: o quanto mais?

Essa espécie de formiga habita ambientes que estão sujeitos a mudanças bruscas, como montes de folhas e buracos na madeira. Espécies de vida fixa que enfrentam esse tipo de adversidade costumam ter diferentes estratégias reprodutivas. Quando a situação é estável e o formigueiro está crescendo, os macho que se formam não têm asas (o carinha da esquerda na foto lá de cima) e cruzam com fêmeas virgens dentro do formigueiro. Estas, posteriormente, se mudam com grupos de operárias e formam novas colônias nos arredores. Como levam operárias, a colônia cresce rapidamente.
Quando a situação é estressante, nas épocas de seca, ou quando a comida está acabando por exemplo, os machos nascem alados (o carinha da direita), e além de cruzarem com as fêmeas do formigueiro, voam em busca de novas fêmeas para se reproduzirem. As fêmeas que cruzam com machos alados vão para locais mais distantes e não têm operárias para ajudá-las. Levam mais tempo para estabelecer um nova colônia e por isso o aparecimento de formigas reprodutoras demora mais.
Tanto as fêmeas que cruzaram com machos alados quanto as que cruzaram com machos sem asas viveram mais. Dentre essas, as que mais viveram foram as que cruzaram com machos alados. Dissecando esses machos, foi constatado que eles têm as glândulas seminais maiores e provavelmente liberam mais substâncias nas fêmeas. Se o ambiente é favorável, a fêmea levará operárias, o ciclo será mais rápido e ela não precisa viver mais. Se o ambiente é estressante, a fêmea partirá sem operárias e o ciclo será mais longo, de maneira que é vantajoso viver mais.
Quem diria que os machos têm esse poder todo sobre as fêmeas.


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