Estudo aponta que as áreas marinhas aumentam em 45% a biodiversidade em relação a áreas desprotegidas
Quanto mais áreas estiverem protegidas, menores serão os impactos na vida marinha. Segundo artigo publicado na última edição da revista Journal of Environmental Management será necessário aumentar o número total de Áreas de Proteção Marinha (AMPs), que hoje representam apenas 2,5% do total no Brasil. Os autores Harildon Ferreira, Rafael Magris, Sergio Floeter e Carlos Ferreira, do ICMBio e universidades Federal de Santa Catarina e Fluminense, demonstraram que áreas protegidas possuem 45% mais biodiversidade que áreas abertas.
Áreas protegidas são regiões ou locais com restrição total ou parcial à atividade pesqueira no ambiente costeiro-marinho ou oceânico, de acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A medida é adotada para proteger tudo o que faz parte do ambiente marinho, seja a interação entre os seres vivos ou deles com o ambiente. As espécies pesqueiras são as mais beneficiadas nas áreas totalmente protegidas, principalmente os peixes marinhos, mais sujeitos à captura e pesca.
Dois fatores são importantes para o aumento da biodiversidade, concluíram os autores: tempo de proteção e interconectividade marinha, ou seja, conexão com áreas adequadas para espécies que vivem em recifes de corais e que são consideradas ricas em vida.
Segundo o estudo publicado, as áreas totalmente protegidas no Brasil – o país de maior biodiversidade do mundo – apresentam desempenho levemente inferior do que aquelas em países desenvolvidos, enquanto as parcialmente protegidas estão em pior situação.
Medidas a tomar
A costa marítima continental desprotegida deixa claro que apesar das tempestades adiante, ainda há tempo para frear a degradação do oceano, começando por aumentar a preservação das AMPs. A exemplo do enfrentamento da pandemia da Covid-19, não há solução sem ciência e vontade política para mudar os rumos da humanidade. Os co-autores do artigo afirmam que, nos últimos anos, o Brasil, impulsionado por apelos globais para cumprir as metas de biodiversidade, conta com uma distribuição mais abrangente de AMPs em relação a anos anteriores, embora ainda haja muito a avançar. “As AMPs totalmente proibidas podem ser eficazes mesmo quando jovens, isoladas e cercadas por pesca intensa”, enfatizam. Nessas regiões, os biólogos encontram mais animais, animais maiores e mais diversos.
“À medida que a área do planejamento da conservação avança, defendemos o desenvolvimento e adoção de avaliações de conservação baseadas em dados empíricos para ajudar a melhorar nossa compreensão sobre a eficácia dos AMPs no benefício da biodiversidade”, concluem os biólogos.
Neste ano, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) comemora o Ano Internacional da Pesca e Aquicultura. Uma boa ocasição para a sociedade pressionar por mais políticas ambientais que ampliem as AMPs, garantindo assim mais biodiversidade no oceano.
1 comentário
Luara · 31 de maio de 2022 às 20:05
achei bem legal, ajudou no meu trabalho. 😀