Atividade 1 (V. 3, N. 5, 2017)

Mas isso é arte?…

Para começar a tratar de temas e procedimento da arte contemporânea na sala de aula, sugerimos partir do conhecimento prévio dos alunos, perguntando a eles se costumam ir a exposições (ou se alguma vez foram) e, nesse caso, o que acham (ou acharam) da experiência.

É comum que eles relatem uma vivência positiva com o grafitti e, em contrapartida, negativa com a arte institucionalizada, principalmente a contemporânea.

Os motivos para isso costumam ser, por um lado, certo hermetismo característico da arte atual e, por outro, a sensação de distanciamento que se tem ao estar num museu ou galeria. Muitas pessoas sentem-se deslocadas, desconfortáveis para fazer perguntas em ambientes institucionais, geralmente por medo de parecerem incultas ou desinformadas.

Para “quebrar o gelo” e mostrar que todas as dúvidas sobre as obras e os artistas podem ser um bom ponto de partida para a aproximação em relação a eles, sugerimos a atividade a seguir.

Escolha um ou mais trabalhos de um artista contemporâneo para apresentar aos alunos. Isso pode ser feito em sala de aula, ou, se houver possibilidade, numa exposição. Ofereça apenas dados gerais sobre a obra (como título, técnica e ano de execução) e seu autor (nome, nacionalidade, data de nascimento).

Depois de um tempo de observação, convide os alunos, organizados em duplas, trios ou pequenos grupos (de acordo com o tamanho da turma), a elaborarem por escrito perguntas ou breves comentários sobre a obra (numa folha de papel avulsa).

O ideal é que isso seja feito anonimamente, para que eles se sintam o mais à vontade possível para colocar dúvidas e opiniões que não exporiam se tivessem que se identificar.

Ponha os papéis com as questões numa caixa ou saquinho. Depois disso, escolha um deles e leia. Use o que eles escreveram para conduzir uma discussão sobre a obra e o artista e, mais amplamente, sobre a arte contemporânea.

Lembre que o sentimento de incompreensão diante da arte atual é comum e que estar diante de um trabalho pode se transformar numa experiência de diálogo, sem a necessidade de se encontrar uma resposta “correta”. Na verdade, a resposta correta não existe. O que existe são interpretações e vivências possíveis diante da obra, que o espectador ajuda a ampliar.

Fale ainda da importância de se ter algumas informações mais específicas sobre o trabalho e o artista e, no caso da obra escolhida por você, apresente-as. Depois disso, pergunte se essas informações alteram, ou ampliam, a interpretação do trabalho.

Cuide para não dar um significado fechado – sua leitura! – do trabalho e lembre que uma das características do trabalho artístico é, justamente, poder assumir mais de um significado (isto é, ser polissêmico).

Dê prosseguimento ao debate, com ajuda das demais perguntas elaboradas pelos alunos.

O mais importante nesta atividade introdutória à fruição da arte contemporânea é conseguir construir um ambiente descontraído e aberto, em que as dúvidas sirvam para aproximar os alunos da arte.

Não se esqueça de dar uma olhada na postagem correspondente a esta atividade. Ela fornece chaves para a condução do debate, que poderá se expandir posteriormente, com a apresentação de novos artistas, conforme o interesse da turma. Se achar interessante, use o vídeo postado acima antes ou depois do trabalho com os alunos.

Por fim, uma dica: prepare-se para conduzir a discussão. Escolha um artista que já conheça ou com o qual tenha afinidade. Leia sobre a obra escolhida antes e não se intimide se não souber responder alguma questão. Aproveite para mostrar que nem tudo precisa ser respondido na hora para que se estabeleça um diálogo com o trabalho artístico. Informações mais específicas podem ser pesquisadas posteriormente. E, no caso de isso ocorrer, você pode perguntar se algum aluno (ou grupo de alunos) gostaria de se responsabilizar por trazer as informações solicitadas para a turma, na aula seguinte.

Abraços e bom trabalho!