Arte contemporânea é assim mesmo… (V.3, N.6, 2017)
Prosseguimos na tarefa de aproximar os leitores da produção artística atual, chamando a atenção, desta vez, para um fenômeno muito importante e que será abordado em outras postagens: a liberdade no uso de materiais.
Aqui é importante enfatizar que a adesão a materiais não-convencionais não implica o abandono de materiais tradicionais, mas sim sua ressignificação.
Vejamos o exemplo da pintura: os artistas atuais continuam pintando, mas não da mesma maneira como faziam os do passado. Isso ocorre porque, ao pintar, sua intenção não é imitar os grandes mestres, e sim pesquisar a linguagem da pintura, pensando em sua significação na conjuntura social e cultural em que vivemos.
Seja usando novos materiais, seja explorando os antigos, deve-se lembrar que os artistas estão em busca daquilo que pode ajudá-los a construir obras que estejam em consonância com o mundo ao seu redor e com sua forma de sentir e entender esse mundo.
Podemos compreender melhor o uso que se faz dos os materiais hoje fazendo uma comparação entre dois artistas que, cada um a seu tempo, trataram de diferentes maneiras uma questão semelhante: no caso, a importância da luz para a pintura.
Observe as reproduções a seguir.
A primeira é de uma pintura emblemática do impressionismo. A segunda, de uma instalação realizada quase um século depois. Apesar do espaço de tempo e das diferenças formais que os separam, não é difícil encontrar semelhanças entre os trabalhos, principalmente no que diz respeito ao interesse dos artistas.
Tanto Monet quanto Lucia Koch estão interessados numa questão fundamental para a pintura: os efeitos de cor gerados pela incidência da luz sobre os corpos.
E, cada um a seu tempo, utilizou os materiais que. Além de estarem disponíveis, correspondiam às necessidade de sua vontade criativa.
Incentivamos o professor a levar essa discussão para a sala de aula, instigando os alunos a reler obras icônicas da história da arte com o uso de materiais não-convencionais.
Você poderá escolher a obra que preferir, mas é importante que ela tenha uma temática ampla bastante explícita.
Sugerimos a temática do desespero e da dor, imortalizada no quadro O grito, de Edvard Munch, de 1893, reproduzida a seguir.
Lance aos alunos o desafio de relerem esse importante trabalho utilizando materiais não-convencionais.
É possível que, em vez de materiais, eles escolham meios diferentes, como a fotografia. Isso deve ser incentivado.
É importante que, antes de eles partirem para a ação, você discuta a obra com a turma e a ajude na busca de caminhos para realizar a tarefa, caso necessário. Uma boa opção é trabalhar com imagens de desespero veiculadas pela mídia, ou solicitar que eles façam retratos ou auto-retratos sobre o tema, utilizando a fotografia.
Observação: por enquanto, não vamos tratar de meios expressivos, tampouco utilizar conceitos como os de matéria e materialidade, devido à complexidade que encerram. Limitamo-nos, portanto, a falar de materiais artísticos. Mais à frente, esses conceitos serão devidamente apresentados e explorados.
Bom trabalho!