A Turma da Mônica no protagonismo das meninas: #DonasDaRua

Iniciativa da empresa Mauricio de Sousa Produções busca garantir direitos das meninas por empoderamento feminino.

Tempo de leitura: 5 min.

Empoderamento feminino

Faz mais de 50 anos (em 1963) que a Mônica, primeira personagem feminina e primeira das #DonasDaRua, criada por Maurício de Sousa, foi inserida para fazer contraposição ao ponto de vista dos meninos, pois até então os personagens principais eram o Franjinha e o Cebolinha. Ela surgiu para a representatividade feminina e acabou por se tornar ela mesma uma das personagens principais [1].

A personagem Mônica da história em quadrinhos Turma da Mônica é amplamente conhecida entre as gerações que convivem hoje na sociedade. Ao citá-la já vem à memória a menina de personalidade forte, que mostrava sua opinião e exercia uma voz ativa entre seus amigos.

Para continuar a representar as meninas além das histórias em quadrinhos, a Maurício de Sousa Produções criou o projeto #DonasDaRua com o intuito de desenvolver a confiança das meninas para que elas passem a ser protagonistas em suas vidas.

Para falar desse assunto, Mônica Sousa (sim, a filha do Maurício de Sousa que inspirou a personagem) concedeu uma entrevista para o blog a respeito do projeto:

“Desde que implementamos esse projeto, encabeçado por mim, observamos um interesse das pessoas pelo assunto. Seja funcionários, parceiros ou fãs. Eu, inclusive, passei a ser convidada para dar palestras sobre o assunto tanto no mundo corporativo quanto para mulheres que buscam inspirações. Muitas vezes precisamos fortalecer o diálogo e o tema. Toda mulher pode e deve inspirar a outra.”

O protagonismo é demonstrado por meio da criação e de atualizações constantes de exemplos de mulheres, que assumiram o papel principal na sua vida pessoal, profissional e social. Assim, as meninas têm a oportunidade de conhecer e de se espelhar em mulheres que conquistaram o reconhecimento por suas capacidades pessoais, como comenta Mônica Sousa:

“Nesses últimos anos também temos apoiado eventos que se propõem a levar informações sobre ciência e tecnologia às meninas, como a Campus Party e o Mergulho na Ciência USP. Na Campus Party, por exemplo, disponibilizamos os desenhos dos personagens para programação de jogos com uso de Scratch, e no Mergulho na Ciência USP, levamos as personagens ao vivo para interagir com as estudantes e distribuímos pôsteres com informações sobre as mulheres que fizeram história na área.”

O projeto já conta com diversos exemplos de mulheres que fizeram ou fazem a diferença no Brasil, como a biografia de Carolina de Jesus, uma das primeiras e mais importantes escritoras negras brasileiras, sendo o seu livro “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada” traduzido para 13 idiomas, em que ela conta sobre a sua rotina na favela nos anos 50 e que ainda é recente e presente, uma vez envolvendo as atividades de acordar, buscar água e se alimentar de restos no lixo [2]. Importante ressaltar que o mercado editorial brasileiro percebeu a relevância do acervo de Carolina de Jesus que editará outras obras de sua autoria, conforme informa matéria publicada pelo Estadão [3]:

O projeto também compreende mulheres que fizeram ou fazem a diferença no mundo, como a paquistanesa Malala Yousafzai que é a mais jovem ganhadora do Prêmio Nobel da Paz pelo seu ativismo na educação das meninas de seu país, o que quase a levou a morte por ter sido, em razão de sua luta, baleada na cabeça quando saía da aula, aos 15 anos [4]. Em Junho deste ano, Malala concluiu a graduação em Ciência, Política e Economia pela Universidade de Oxford [5]:

Ainda, duas pesquisadoras que se destacaram pelo sequenciamento do novo #coronavírus, a Dra. Ester Sabino e a Dra. Jaqueline Góes de Jesus [6], foram também representadas como personagens da Turma da Mônica:

Há que destacar a mais nova integrante da lista: Adriana Barbosa com o seu engajamento no empreendedorismo feminino e cultura negra por meio do desenvolvimento de projetos voltados à geração de renda à população negra, em especial o Feira Preta, que acontece todo o ano em São Paulo com o objetivo de articular, fomentar, promover e divulgar a arte, a cultura e o empreendedorismo negro [7].

Essas são algumas das mulheres divulgadas pelo projeto #DonasDaRua e fica o convite para que todas as meninas explorem e conheçam as protagonistas que elas também podem ser na plataforma desenvolvida pelo projeto neste link.

Para além da plataforma, Mônica Sousa também aponta que 

tentamos fortalecer esse discurso e projeto em ambientes que muitas vezes as meninas não conseguem ter tanto espaço como por exemplo o universo geek. Por isso, sempre na CCXP, por exemplo, inserimos esse tema de alguma maneira para trazer a discussão.”

A divulgação compreende ainda depoimentos de várias mulheres que exercem uma profissão artística, conforme esclarece Mônica Sousa:

“O projeto Donas da Rua da História é algo contínuo. É preciso mantê-lo sempre vivo, trazendo cada vez mais visibilidade às mulheres. Somos exemplos e incentivamos outras a seguirem carreira em qualquer área que desejar. O mais interessante é que, quanto mais pesquisamos, mais descobrimos histórias de mulheres que revolucionaram diversas áreas do saber e não ganham tanto destaque como os homens. Ou seja, temos ainda muito a fazer nesse campo para ajudar a torná-las mais conhecidas do público.”

O projeto também tem um espaço com vários depoimentos de mulheres, que podem incentivar as meninas, vale a pena conferir!

Educação inclusiva 

Outra ação promovida pelo projeto #DonasDaRua é ensinar às crianças o significado de palavras e de ações que são usadas por políticos, por professores e por jornalistas que podem ser difíceis de entender sem antes ter um conhecimento do assunto e uma explicação teórica. Assim, o projeto tenta explicá-los de uma maneira simples por meio das histórias em quadrinhos. 

Com isso, por exemplo, o termo autonomia passa a ser fácil de entender ao ler que a Mônica não precisa da ajuda do Cebolinha para conseguir realizar suas próprias ideias, como a construção de um castelo de papelão [8]:

@MAURICIO DE SOUSA PRODUÇÕES

Ou que ela pode ter o corte de cabelo que ela quiser [9]:

@MAURICIO DE SOUSA PRODUÇÕES

O compartilhamento do protagonismo das mulheres é essencial para o desenvolvimento da igualdade de gênero e de uma sociedade plural desvinculada de estereótipos sociais.

Por isso, #DonasDaRua é um projeto peculiar, pois consegue transmitir pela linguagem escrita, visual e digital as histórias que inspiram hoje e inspirarão amanhã as meninas que podem se identificar com algum desses exemplos e se tornarem #DonasDaRua. É o que ensina o próprio projeto em suas frases:

“As meninas fortes de hoje serão as mulheres incríveis de amanhã” 

“As donas da rua estão em todo lugar, em toda menina em toda mulher” 

“Toda menina é uma dona da rua”

“Somos todas #donadarua”

“Nós acreditamos que garotas são heroínas como a Mônica”

“Seja sua própria heroína”

“Por mais #donasdarua”

A entrevista completa concedida pela Mônica Sousa ao blog #incentivandoelasnaciencia pode ser lida abaixo:

1) Como os exemplos das mulheres citadas pelo projeto são escolhidos?
Estamos atentos a datas, eventos importantes e a assuntos em alta nas redes sociais dentro dos temas de ciências, esportes e artes. Buscamos homenagear mulheres que tiveram uma participação decisiva e ímpar em grandes feitos nas áreas que atuam e que, inclusive, de alguma maneira podem incentivar outras mulheres e meninas a seguirem seus sonhos e darem o melhor de si, demonstrando que todas são donas da rua e podem exercer a profissão ou os sonhos sem limitações.
A história e a ilustração de cada uma que já foi homenageada pelo projeto fica disponível no site: http://turmadamonica.uol.com.br/donasdarua/ddr-da-historia.php

2) Quais os resultados notados até o momento com o projeto?
Os retornos são superpositivos, tanto por parte do público quanto internamente. O resultado é nítido e rápido, principalmente nas redes sociais da Turma da Mônica, alcançado milhões de pessoas. Sejam fãs ou não da turminha, o reconhecimento por parte da população é extremamente gratificante e é a certeza de que estamos atingindo nossos objetivos.
A participação por meio de testemunhos das fãs na página do projeto é o exemplo de que estamos e vamos continuar no caminho certo!
Além disso, desde que implementamos esse projeto, encabeçado por mim, observamos um interesse das pessoas pelo assunto. Seja funcionários, parceiros ou fãs. Eu, inclusive, passei a ser convidada para dar palestras sobre o assunto tanto no mundo corporativo quanto para mulheres que buscam inspirações. Muitas vezes precisamos fortalecer o diálogo e o tema. Toda mulher pode e deve inspirar a outra.

3) Quais as perspectivas para o desenvolvimento do projeto no futuro?
O projeto Donas da Rua da História é algo contínuo. É preciso mantê-lo sempre vivo, trazendo cada vez mais visibilidade às mulheres. Somos exemplos e incentivamos outras a seguirem carreira em qualquer área que desejar. O mais interessante é que, quanto mais pesquisamos, mais descobrimos histórias de mulheres que revolucionaram diversas áreas do saber e não ganham tanto destaque como os homens. Ou seja, temos ainda muito a fazer nesse campo para ajudar a torná-las mais conhecidas do público. Nesses últimos anos também temos apoiado eventos que se propõem a levar informações sobre ciência e tecnologia às meninas, como a Campus Party e o Mergulho na Ciência USP. Na Campus Party, por exemplo, disponibilizamos os desenhos dos personagens para programação de jogos com uso de Scratch, e no Mergulho na Ciência USP, levamos as personagens ao vivo para interagir com as estudantes e distribuímos pôsteres com informações sobre as mulheres que fizeram história na área. Queremos nos envolver cada vez mais com o tema a fim de trabalhar a igualdade entre os sexos independente do cenário em que atuam.
Além disso, tentamos fortalecer esse discurso e projeto em ambientes que muitas vezes as meninas não conseguem ter tanto espaço como por exemplo o universo geek. Por isso, sempre na CCXP, por exemplo, inserimos esse tema de alguma maneira para trazer a discussão.
Um ponto importante é, por exemplo, a parceria que temos com a Pelado Futebol Clube, em que criamos o projeto Soccer Camp Donas da Rua, projeto de futebol para meninas de 6 a 14 anos. Essa iniciativa é muito importante, pois muitas delas, quando estão atingindo a fase da pré-adolescência acabam desistindo de fazer esportes por vergonha e timidez (mudança do corpo). Além disso, futebol sempre foi considerado um esporte masculino e não é né… as meninas podem fazer o que quiserem e desejarem.
Precisamos fortalecer sempre a mensagem: Lugar de menina é onde ela quiser!

Agradecimentos

O blog agradece sobremaneira à Mônica Sousa pela atenção e pela disponibilidade em conceder a entrevista. Especial agradecimento também à assessoria de imprensa Máquina Cohn&Wolfe pela cordialidade na aproximação e na possibilidade de efetivação dessa matéria.

Autoras: Carolina Filipini Ferreira, Regiane Alves de Oliveira, Gabriela Filipini Ferreira e Luisa Fernanda Ríos Pinto.

Referências

[1] Ver em https://pt.wikipedia.org/wiki/Turma_da_M%C3%B4nica e http://turmadamonica.uol.com.br/donasdarua/projeto.php

[2] Ver em http://turmadamonica.uol.com.br/donasdarua/ddr-da-historia.php

[3] Especial: Obra de Carolina Maria de Jesus enfim será editada e publicada, por Gabriel Sobota. Ver em https://cultura.estadao.com.br/noticias/literatura,especial-obra-de-carolina-maria-de-jesus-enfim-sera-editada-e-publicada,70003417547

[4] Ver em http://turmadamonica.uol.com.br/donasdarua/ddr-da-historia.php

[5] Ver em  https://emais.estadao.com.br/noticias/gente,malala-yousafzai-conclui-estudos-em-oxford-e-comemora-com-familia,70003338469

[6] Ver em https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2020/03/brasileiras-que-lideraram-o-sequenciamento-do-novo-coronavirus.html 

[7] Ver em http://turmadamonica.uol.com.br/donasdarua/ddr-da-historia.php

[8] e [9] Ver em http://turmadamonica.uol.com.br/donasdarua/hqs.php

2 thoughts on “A Turma da Mônica no protagonismo das meninas: #DonasDaRua

  • 02/09/2020 em 14:55
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    Eu conheci o Sr. Mauricio ,aqui na cidade do Sol .Natal,
    No Bairro da Ribeira ,em um Encontro de Intelectuais .Meu amigo Prof. Antenor tirou uma foto com ele ,eu fiquei chateada,mas é a vida. Hoje estou em frente a esse maravilhoso projeto Mulheres rua.
    Sou de uma cidade de Caicó/RN.
    Estou levando o desenho de Carolina de Jesus. Felicidades e Sucesso.Feliz saúde mental.
    A Epidemia é braba,só Deus na Causa.

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    • 10/10/2020 em 13:20
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      Que legal Maria que esta em frente ao projeto! Muito sucesso para você. Saúde para todos!

      Resposta

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