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Doar – Resenha

Doar -Bill Clinton
Como cada um de nós pode mudar o mundo

Confesso que jamais leria esse livro se ele não tivesse me sido enviado pela Editora Ediouro (via agência Frog).
O livro basicamente conta as infinitas histórias bem sucedidas sobre ONGs e trabalhos voluntários pelo mundo, dá algumas dicas para quem quer ajudar a salvar o mundo e deve ter rendido algum dinheiro ao ex-presidente dos EUA, Bill Clinton.
Um dos pontos que mais me chamou a atenção no livro é perceber como existem ONGs nos EUA e como lá eles precisam delas tanto como nos países pobres. É impressionante a idéia equivocada de país que o mundo tem deles, talvez a única diferença é que eles tenham dinheiro, muito dinheiro e como em qualquer outro lugar, extremamente mal distribuído.
A parte do livro que na minha opinião mais vale a pena é o ultimo Capítulo: Quanto você deve doar, e por quê? Não sei se vai convencer alguém muito rico a doar algum dinheiro, mas os dados são bastante interessantes como: “a partir dos dados fiscais de 2004 (…) se os 14.400 contribuintes (americanos) que compõem o 0,01% dos mais ricos doassem um terço de sua renda (12.775 mil dólares em média) para combater os problemas mais graves do mundo, o total ficaria em torno de 61 bilhões de dólares. Se os 129.600 contribuintes que compõem o 0,1% mais ricos dessem um quarto da sua renda (pouco mais de 2 milhões de dólares), a doação totalizaria quase 65 milhões.” E esse é o exercício mais radical que ele faz, se as doações fossem na casa do 1% da renda, mesmo assim chegariam fácil aos bilhões de dólares. Mas por que será que os ricos sempre tem que ter mais e mais dinheiro? Pensando nisso meu irmão me deu uma idéia bastante interessante, as riquezas pessoais deveriam ser limitadas a um certo valor, afinal quem precisa de mais de alguns milhões de dólares para ter uma vida boa e proporcioná-la aos seus filhos? Aliás com bem menos que isso já é possível ter uma vida bastante confortável.
A pergunta que eu mais me fiz lendo esse livro foi: Com tanto dinheiro sendo doado para boas ações pelo mundo por que será que ainda temos tantos problemas? Eu não tive o trabalho de somar todos os milhões de dólares que ele fala que são investidos em trabalhos sociais, mas caso alguém faça isso vai ver que não é pouca coisa não, deve chegar fácil na casa dos bilhões. E mesmo assim o mundo está do jeito que está, onde está o furo? Onde que está a falha uma vez que os problemas só crescem a cada dia? Será que eles estão apenas combatendo os efeitos dos problemas e não as causas? Temos aqui uma fábula do hipopótamo?
Mas o que mais me deixou revoltada com esse livro foi a hipocrisia do Bill Clinton, isso é impagável!! Chega a ser vergonhoso! É tão ridículo ele falando das ações humanitárias em locais devastados pela guerra, e ainda cita a guerra de Kosovo!!! Promovida com a ajuda de quem??
E pra finalizar… Ele fala tanto em doar tempo, dinheiro, conhecimento, etc. Será que ele doou os lucros de venda do livro para alguma ONG? Afinal, bastante estranho ganhar dinheiro com um livro chamado Doar, que utiliza histórias essencialmente de ONGs… Pra mim soa no mínimo contraditório. Ok, provavelmente ele deve doar o dinheiro arrecadado com o livro para a própria fundação.
P.S.: Mudando de tema, mas não de assunto… Se tem uma coisa que me surpreendeu muito foi quando entrei em contato com a Fundação Clinton no ano passado, eles são de uma organização ímpar, isso é admirável. Mandei uma mensagem de um desses formulários de site pedindo informações sobre as ações da Fundação Clinton em São Paulo em relação as mudanças climáticas, em questão de dias a pessoa da fundação que estava trabalhando aqui me mandou um e-mail. Exemplar!

O mundo é o que você come – Resenha

O mundo é o que você come – Barbara Kingsolver
Uma família prova que você pode comer cuidando da sua saúde e da saúde do planeta.

Se você gosta de relatos de experiências esse livro é pra você. Bárbara Kingsolver a autora do livro relata a experiência de mudar-se com a família para uma fazenda e viver apenas de comida local, não apenas comida produzida nas redondezas de sua casa como também cultivando-a, tanto animais como vegetais. Aliás, o título do livro em inglês é: Animal, Vegetable, Miracle: A Year of Food Life.
Uma das coisas bem interessante do livro é que ele não apenas conta como foi a experiência da família, mas discute várias questões sobre alimentos e alimentação. Qual a produtividade de uma fazenda familiar x fazenda de escala industrial? Como são criados os animais destinados ao abate na indústria alimentícia? Comer ou não comer carne? Até qual distância você pode considerar uma comida dita local?
O que pode deixar as pessoas um pouco cansadas ao ler o livro é que toda essa experiência contada só contém exemplos pra quem vive no hemisfério norte, senti falta de poder saber sobre laranjas, abacates e bananas. Mas ao mesmo tempo é bem interessante perceber como são as diferenças não apenas de tipos de alimentos mas também de como é enfrentar o frio rigoroso e a escassez de comida nessa época do ano. O que para nós aqui abaixo da linha do Equador é bastante raro.
Esse livro me remeteu várias vezes ao post que falei da importância das abelhas, é impressionante como seres urbanos como eu somos tão distantes da realidade da natureza, de como as coisas de fato funcionam. Outro detalhe, é triste ver como a nossa sociedade menospreza esse tipo de informação, quem realmente já perdeu tempo querendo saber como se desenvolve a cana-de-açúcar que produz o álcool que abastece seu carro? Mas provavelmente ver o último modelo de carro e suas novidades é sempre interessante. Essa desconexão do homem com a natureza é absurda pois dependemos dela para continuar andando de carro, seja ele abastecido por álcool, gasolina ou diesel.
Talvez a consciência dessa importância da natureza em nossas vidas seja o primeiro passo para que as pessoas se sensibilizem com a importância de preservá-la, acho que na maioria das vezes as pessoas não estão entendendo muito bem por que separam o lixo, por que se preocupar com alimentos vindo de tão longe, economizar energia elétrica ou a importância das abelhas. Falta conexão.
Este livro foi uma cortesia da Editora Ediouro.