Conhecendo Carreiras de Humanas: o Jornalismo

Tempo de leitura: 10 min

Banner da profissão jornalismo. Do lado esquerdo há o desenho de uma mulher branca de cabelos castanhos falando ao microfone. No centro há as imagens de um jornal, um celular e uma TV. O fundo é roxo e em cima está escrito "Jornalismo". Na parte inferior, está o logo do Incentivando Elas na Ciência.

O que faz uma Jornalista

A importância do jornalismo está intimamente ligada à democracia. O exercício da profissão de jornalista garantirá o acesso às informações por qualquer pessoa, o que é de extrema necessidade, principalmente na sociedade contemporânea que vive o problema das fakes news. Então, a jornalista buscará a verdade com a apuração de fatos de interesse social e a divulgação dos dados que coletará sobre determinado assunto [1]. 

Além disso, a profissional poderá atuar na área de comunicação pela administração de conteúdo na internet ou como assessora de imprensa para cuidar da imagem pessoal de alguma figura pública, instituição ou empresa [2]. 

O que se estuda na Faculdade de Jornalismo?

Como já se pode imaginar, a graduação em Jornalismo envolve muita língua portuguesa e comunicação. Para a profissional, é fundamental que se saiba usar corretamente o idioma e que suas habilidades de se comunicar sejam desenvolvidas. Também é importante que o profissional compreenda o cerne de temas fundamentais para o jornalismo, como antropologia, política e ciências sociais, uma vez que esses temas são básicos no entendimento do momento em que vivemos e da sociedade em si. 

Uma vez concluídos os temas básicos, os cursos podem apresentar maior variação, dependendo da universidade escolhida. Ainda assim, radiojornalismo, fotojornalismo, práticas de reportagem, comunicação e produção em novas mídias, jornalismo digital e editoração em jornalismo impresso são alguns dos temas mais comumente estudados nas faculdades.  

E, assim como em outros cursos, a estudante de jornalismo terá a oportunidade de explorar o universo e encontrar a área que mais lhe atrai, para seguir uma carreira. 

Foi o caso da jornalista Kyene Becker da Silva. Ela, que sempre foi muito comunicativa e tinha facilidade em conversar com as pessoas, entrou na universidade porque queria trabalhar com jornalismo esportivo.  “Eu amava futebol e adorava acompanhar o meu time, então, sempre acompanhava os programas esportivos. Meus olhos brilhavam quando via algum jornalista esportivo fazendo um trabalho legal, como reportagens legais e coberturas de Olimpíadas, por exemplo. Comecei a perceber que queria fazer aquilo também. E com 15 anos decidi que queria ser jornalista, porque queria seguir na área esportiva.”

Foto de Kyene Becker. Ela é uma mulher branca de cabelos castanhos compridos e cacheados. Usa óculos de grau redondo e batom roxo na boca, que sorri.
Kyene Becker foi para o jornalismo porque queria trabalhar com esportes.

A profissional, que é de Santa Catarina, se formou na Universidade Estadual de Ponta Grossa e lá dentro acabou pegando gosto pelas disciplinas de Redação e Teorias da Comunicação e do Jornalismo. Atualmente, Kyene trabalha como jornalista no site de fact-checking Boatos.org, mas também segue carreira acadêmica como pesquisadora de doutorado em linguística, na Unicamp.  

Fazer algo que pode contribuir para a sociedade é fonte de grande satisfação pessoal para a jornalista, que já recebeu o reconhecimento de várias personalidades. “Diversos famosos já compartilharam meus textos, como o ex-deputado Jean Wyllys e até o Felipe Neto. “Ano passado eu trabalhei junto com o TSE no combate à desinformação nas eleições municipais e participei de uma reunião de agradecimento com o ministro Luís Roberto Barroso. Teve uma vez que eu peguei um Uber e estava conversando com o motorista. Ele disse que lia um site muito bom que desmentia informações falsas e falou que era o Boatos.org. Eu falei que trabalhava lá e ele agradeceu bastante pelo trabalho que a gente fazia.” 

Onde estudar

Há diversas opções de universidades que oferecem o curso de Jornalismo em todos os estados brasileiros. Em planilha disponibilizada pelo Ranking Universitário Folha 2015 [3], última edição que inclui o curso, são listadas 326 instituições de ensino superior. A maioria é de universidades privadas, concentradas na região Sudeste, seguido das regiões Sul e Nordeste.

Fonte: Autoras, adaptado de [1].

De acordo com o ranking, as universidades brasileiras mais bem conceituadas em relação ao curso de Jornalismo são a Universidade de São Paulo, a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Um lado positivo dessa grande oferta de instituições é a facilidade de encontrar uma universidade para estudar. Não importa em qual região você more, haverá uma faculdade de jornalismo próxima, o que é importante caso mudar de cidade não seja uma opção para você.  

No entanto, um lado não tão positivo é a saturação do mercado de trabalho, dependendo da área em que você pensa em atuar. Em geral, veículos da grande imprensa, como emissoras de TV e jornais impressos, não oferecem tantas vagas de trabalho e a maioria dos profissionais trabalha em assessorias de comunicação, na imprensa independente ou como autônomos. 

Kyene, por exemplo, sempre teve muita dificuldade de encontrar emprego, principalmente depois que se mudou para Campinas. “Hoje, por exemplo, eu trabalho como freelancer e não com carteira assinada. Quando mudei para Campinas/SP, cansei de distribuir currículo e sempre recebia a mesma resposta: não temos vagas. Sempre foi muito difícil arrumar emprego, porque não gosto de trabalhar com assessoria e as vagas em jornais são escassas.”

Mulheres no Jornalismo 

Em relação à presença feminina no jornalismo, dados do Ministério do Trabalho de 2014 apontam que mulheres brancas representam a maioria dos profissionais de comunicação no Brasil, com mais de 20 mil trabalhadoras nesta área. Por outro lado, a mulheres negras ocupavam menos de 7 mil postos na área, um número superior apenas ao de homens negros. [4]

Tais números mostram que, apesar do jornalismo ser uma área feminizada no país, ela privilegia majoritariamente pessoas brancas, com uma desigualdade racial bastante explícita. Além disso, apesar de serem maioria numérica, mulheres negras e brancas ainda estão subrepresentadas nos cargos de comando e de maior visibilidade, sendo mais comum encontrá-las em cargos como os de assessoria de imprensa, produção e revisão de textos e arquivistas. 

De forma geral, essas discrepâncias variam de acordo com a editoria. Uma pesquisa realizada pela Gênero e Número em parceria com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) constatou que em cadernos como Política, Internacional, Cultura, Cidade e Ciência, a presença de homens e mulheres no cargo de editores é proporcional. Já em esportes, educação e tecnologia, os homens estão em maior número, enquanto em economia, turismo, moda e gastronomia, há um número maior de mulheres comandando as editorias. 

Chama atenção nessa pesquisa o fato de que educação, um campo visto como feminino, tem maioria de chefes homens, enquanto economia, que é uma área frequentemente associada a homens, tem maioria feminina na chefia. Esses dados revelam que, apesar de ainda haver uma discrepância na representatividade de acordo com estereótipos de gênero, algumas nuances permitem homens e mulheres atravessarem essa divisão.  [5]

Informações confiáveis

Imagem de blocos brancos com letras do alfabeto escritas em preto formando a palavra Fake News em cima de uma superfície de madeira.

Estamos vivendo um momento (pandemia da Covid-19) em que vimos como os jornalistas são necessários para trazer informações confiáveis e, da mesma maneira, com rapidez. Evitar as fake news é de extrema importância em todas as áreas do conhecimento, visto que a sociedade precisa de informações verídicas e de fontes confiáveis para o bom funcionamento da democracia.

Por isso, precisamos de bons profissionais nesta área. 

Mas como podemos saber se estamos caindo ou não numa fake news? Muitas vezes as redes sociais não são fontes confiáveis, principalmente se o texto não tiver autoria ou tiver um tom muito sensacionalista e alarmista. Caso você receba algo das redes sociais, verifique a fonte, fique de olho na data de publicação e procure mais informação a respeito. Sempre questione a veracidade antes de divulgar massivamente, procure outras fontes e utilize sites que verificam a veracidade da informação.

Além do Boatos.org, onde Kyene trabalha, outras fontes que podem ajudar são:

Agência Lupa: https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/

Fato ou Fake: https://g1.globo.com/fato-ou-fake/

Projeto Comprova: https://projetocomprova.com.br

E-farsas: https://www.e-farsas.com

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Referências

[1] Ver em https://querobolsa.com.br/carreiras-e-profissoes/jornalista

[2] Ver em https://guiadoestudante.abril.com.br/blog/pordentrodasprofissoes/o-que-um-jornalista-faz/

[3] Ver em https://ruf.folha.uol.com.br/2015/ranking-de-cursos/jornalismo/

[4] Ver em https://www.ipea.gov.br/retrato/pdf/190215_tema_j_mulheres_e_comunicacao_no_brasil_1995_a_2015.pdf

[5] Ver em: https://www.mulheresnojornalismo.org.br/

Autoria: Carolina F. Ferreira, Paula Penedo P. de Carvalho, Regiane Alves de Oliveira, Gabriela F. Ferreira, Luisa Fernanda Rios Pinto

One thought on “<strong>Conhecendo Carreiras de Humanas: o Jornalismo</strong>

  • 26/08/2021 em 20:57
    Permalink

    Achei interessante. Nesses tempos de fake news, onde não temos tanta certeza sobre a credibilidade da
    notícia, essa é uma profissão muitíssimo importante! Parabéns!

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