léo na TV
Por esses dias conheci um padre muito interessante por ser polêmico. Não conheci pessoalmente porque está morto. Mas ouvi uma homilia sua sobre o aborto.
O famoso padre Léo e o aborto
Famoso nos círculos católicos, bem de acordo com a renovação carismática dentro da igreja católica, causa polêmica dentro da própria igreja pelo estilo polêmico de pregar. Muito semelhante aos pastores a que nos acostumamos a ver na televisão hoje em dia. O movimento carismático gera esta semelhança com as igrejas neopentecostais ou mais conhecidas como evangélicas.
Mas não sei porque estou dando esta palestra sobre atualidade cristã. O fato é que no discurso sobre o aborto, dispensável dizer que contra o aborto, um dos argumentos usados pelo padre é muito mal colocado do ponto de vista biológico.
Animais: santos ou pecadores?
Para emocionar a audiência, o Pe. Léo cita alguns casos de sua humilde infância na roça: Quando um bezerro morre, sua mãe pára de dar leite. E a família dona da vaca, muito necessitada do leite para o próprio sustento, tem que enganar a pobre mamãe vaca, tirando o couro do filhote e o colocando por cima de outro bezerro. Assim a vaca sente o cheiro de seu filho e não pára de dar leite. Isto seria um sinal de amor da mãe pelo filho.
Ao fim de uma história ele sempre fala: E o homem quer legalizar o aborto.
Outro caso: uma cena que o chocou muito foi quando estava na roça e viu uma ovelha berrando e se contorcendo, esticando o pescoço e gemendo. Tudo por causa de um filhote morto aos seus pés. Esta cena quase o fez chorar junto com a pobre mãe.
E o homem quer legalizar o aborto.
Olhe, não faço apologia ao aborto neste texto, mas devo trazer um ponto importante nesta argumentação: ANIMAIS NÃO SÃO SANTOS.
Uso um exemplo bem conhecido. Cães e gatos: quando uma mãe tem uma ninhada, muito frequentemente a mãe simplesmente renega uma de suas crias, geralmente a mais fraquinha, fazendo com que, sem os cuidados necessários, morra à míngua.
Este é um só exemplo que invalida a estratégia de se usar os animais como ícones de pureza e sabedoria natural. Do mesmo jeito que vacas deixam de dar leite caso seus filhotes morram, elas os deixam morrer caso não fiquem de pé logo depois que nasçam.
E não pára por aí: leões praticam infanticídio; golfinhos estupram fêmeas; macacos seqüestram filhotes até mesmo de outras espécies, como cães, para fortalecerem seu bando; assassinato, pedofilia, incesto e por aí vai.
Usar um ou outro exemplo animal para ilustrar um ponto de vista pode ser muito bem usado no sentido alegórico e fabulesco. Mas neste caso de um dogma da igreja, onde estamos falando (ou tentando falar )de coisas nos seus sentidos mais absolutos, e num assunto tão delicado, devemos tomar cuidado.
Cada macaco no seu formigueiro
Não podemos nos espelhar nos animais pela diversidade comportamental dos mesmos. Caso contrário, por exemplo, poderíamos decidir acabar com as liberdades individuais, tornarmo-nos subservientes a um só rei, e tudo isto só para seguirmos o modelo ideal de uma sociedade natural: um formigueiro. Isto seria certo ou errado?
Ou estaria o padre, por alguma influência hinduísta repentina, querendo dizer que o exemplo das vacas serve porque são mais santas que os outros animais infanticidas? Ou estaria o demônio agindo também no mundo animal como age no mundo do Homo sapiens, os corrompendo e compelindo ao infanticídio?
Cada espécie é igualmente única. Sejamos nós mesmos a medida do homem. O próprio Homo sapiens tem que decidir o que é melhor para si.
Usemos as metáforas animais, não como um naturalista, mas como Esopo: transformando-os em caricaturas nossas.
Padre Léo On Drugs no Jô. Até chá de fita de vídeo ele tomou. Para depois ajudar na recuperação de dependentes.
Na parte 1 ele conta como descobriu que queria ser padre durante a chapação.
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