Pode parecer um post pago mas não é. Vou falar de uma coisa que achei muito legal da Natura, aquela indústria de cosméticos.
Tudo bem que eu tenho uma birra de campanhas “hipongas” como “xixi no banho”, que pra mim só fazem as pessoas se alienarem mais do problema ambiental real que é muito maior do que só reciclar seu lixinho ou fazer suas necessidades fisiológicas em locais inapropriados.
Por isso tinha certo pé atrás com a Natura e todo este clima zen e natureba de Bem Estar Bem, seu maior lema. Também uma coisa que me incomodava é a prática de não utilizar animais de jeito nenhum para testar seus produtos. Isso parecia uma provocação ao meu trabalho que exige que use animais. Mas como no fundo eu também não gosto de usar os bichinhos eu acabei engolindo seco essa, e melhor que não usem mesmo animais só para testarem cremes de pitanga e batons.
Acontece que alguns amigos meus trabalham lá e me disseram que não é só papo furado, e que existe sim uma política, ou mesmo uma paranóia, de se manter padrões rígidos de qualidade e sustentabilidade que nem mesmo são exigidos pela lei ainda! Sendo que a concorrência toca tudo despreocupadamente e continua faturando de qualquer jeito.
O que me levou a escrever este post foi a embalagem de um produto de açaí da Natura. Além de muito bonita, a embalagem vem com uma tabela com “Informações ambientais”. Nela se podem encontrar informações sobre a origem e certificação da matéria prima do produto, e o mais interessante é que mesmo quando a origem da matéria prima não é certificada está lá o 0% correspondente. Não é como ocorre de costume em outras empresas que quando podem colocar “0% gordura trans” colocam escrito gigante em rosa choque na embalagem (mesmo isto sendo balela), mas quando reduzem o volume no pacote escrevem no menor tamanho permitido por lei.
A Natura ganhou meu respeito por esta ação de colocar estas infos ambientais apesar de nem ser obrigada por lei. Sei que também é uma forma de campanha bem marqueteira, mas pelo menos não chegam a ser hipócrita – se é 0% certificado é 0% e pronto, põe lá.
Isso sem falar dos programas sociais, ambientais e até de pesquisa básica, que estimula laboratórios de pesquisa biológica e médica fazendo parcerias.
Esse modelo de negócio e identidade ambiental pode ser mais fácil de manter na área de cosmética em comparação com indústrias mais pesadas e essenciais como farmacêuticas e alimentos, mas mostram que é possível ainda faturar mesmo com esta pegada ambiental, e também pode servir de base para uma regulamentação governamental futura.
Claro que ainda sim teremos o maior dos problemas rondando à nossa porta, que é o excesso de consumo de bens. Mas esta utopia de fazer o mundo consumir menos eu já perdi de vista a algum tempo.