Violência Doméstica na Gestação e Puerpério

Profa. Fernanda Surita, à esquerda e a aluna de doutorado, Odette, à direita. Foto de arquivo pessoal.

Sabe-se que os linfomas são um tipo de câncer que se desenvolve nos linfócitos, que são células do sistema imunológico. O nosso blog conversou com Dr. Guilherme Rossi Assis de Mendonça, que recentemente recebeu o Prêmio Capes de Tese na área de Medicina I: no seu trabalho de Doutorado, Guilherme estudou o microambiente tumoral dos linfomas, sob a orientação do Prof. Dr. José Vassallo e coorientação da Profa. Dra. Carmen Silvia Passos Lima, no Laboratório de Genética do Câncer (LAGECA) e Laboratório de Patologia Investigativa e Molecular (LIP), como aluno do Programa de Pós-graduação em Clínica Médica, no qual ingressou por meio do Programa Pesquisador em Medicina – que interrompe temporariamente as atividades do curso de graduação em Medicina para a realização do doutorado.

Em sua tese “Impacto biológico do microambiente inflamatório peritumoral e de polimorfismos em genes da imunidade nos linfomas foliculares e de células do manto”, Guilherme estudou dois tipos de linfoma não-Hodgkin que são de difícil tratamento, com uma alta taxa de recidiva: o linfoma folicular e o linfoma de células do manto. Em ambos, ele buscou entender os mecanismos que levam o linfoma a escapar da resposta imune e serem redicivantes. De modo geral, ele conseguiu detectar algumas populações celulares nas biópsias, de ambos os linfomas, que se associaram a uma pior resposta clínica.  As principais foram os linfócitos T-CD8+  – que são linfócitos responsáveis por matar essas células cancerosas – mas que não funcionam adequadamente em alguns desses tumores. Também importantes foram os linfócitos T-regulatórios – que são capazes de inibir a resposta imune fisiológica e, portanto, estimular a evasão imunológica dos tumores. Paralelamente a isso, analisando o sangue dos pacientes doentes e de controles saudáveis, o pesquisador investigou algumas variações genéticas – polimorfismos gênicos – em genes do sistema imune que, noutras investigações prévias, se associaram a uma modulação da resposta imunológica.  No presente trabalho, alguns desses polimorfismos foram associados a uma pior sobrevida dos pacientes com linfoma (IL12A, TGFB1) ou a um risco aumentado para o surgimento desses tumores (IL17A, IL17F, TGFB1, TGFBR2). Esses dados sugerem que variações genéticas herdadas em genes da imunidade também contribuem para a biologia dessas doenças.

Dr. Guilherme relatou que a ideia de comparar o desfecho clínico da doença com a genética do paciente encontrou respaldo em outras doenças oncológicas, em geral de canceres sólidos, como os de mama ou de colo, por exemplo. Contudo, pouco nesse sentido havia na literatura a respeito dos casos de linfoma. Para isso, foi preciso um tratamento estatístico mais rigoroso dos marcadores encontrados, primeiramente de modo individual e, depois, relacionando-os entre si, e esse pode ter sido um dos fatores pelos quais o trabalho do Dr. Guilherme se destacou entre as demais teses que concorreram ao Prêmio Capes no ano de 2021. Outra característica importante do trabalho foi seu tamanho amostral, que contemplou casos daqui da Unicamp e do Hospital A. C. Camargo, em São Paulo. Também nesse sentido, o trabalho do Dr. Guilherme foi pioneiro: ela relata que este foi o primeiro estudo com pacientes brasileiros, uma característica importante quando se trata de estudos que envolvem perfil genético.

O Programa Pesquisador em Medicina (MDPhD)

Dr. Guilherme Rossi conta que sempre teve o desejo de seguir a carreira acadêmica. Assim, o programa MD/PhD foi para ele a oportunidade de antecipar sua inserção no universo da pesquisa e, então, poder vislumbrar o futuro nela com mais segurança, aproveitando das características intrínsecas da sua rotina como estudante, que seguramente é distinta da rotina pós inserção no mercado de trabalho. Contudo, Dr. Guilherme destaca que para participar do programa MD/PhD é preciso que haja interesse genuíno por parte do estudante, já que a pesquisa exige dedicação. Outro aspecto importante para o sucesso do aluno no programa, ainda na opinião do Dr. Guilherme Rossi, é a escolha de bons orientadores, que além da capacidade técnica, sejam capazes de auxiliar o aluno nesse momento delicado de transição da posição de estudante para a de pesquisador. Nesse quesito, ele relata que sua experiência foi a melhor possível, tendo trabalhado com o Prof. Dr. José Vassallo e a Profa. Dra. Carmen Silvia Passos Lima, além das respectivas equipes de pesquisa, aos quais é grato pela oportunidade.


Quem escreveu aqui?

Me. Mauro Pereira Amoroso Anastácio Junior

Mauro Pereira Amoroso Anastácio Junior atualmente é aluno do Doutorado no Programa de Pós-graduação em Gerontologia das Faculdades de Ciências Médicas da Unicamp, sob orientação da Profa. Dra. Olga Rodrigues de Moraes von Simson. Aos 14 anos, Ingressou no curso técnico em piano erudito do Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos de Tatuí-SP. Graduou-se em Música pelo Instituto de Artes da Unicamp (2008) e em Musicoterapia pelas Faculdades Metropolitanas Unidas (2014). Após iniciar o atendimento à idosos com demência em Instituições de longa permanência, ingressou no Mestrado do Programa de Gerontologia da Universidade de São Paulo (2019), onde pesquisou o efeito da Musicoterapia na qualidade das relações sociofamiliares de casais formados por um idoso com doença de Alzheimer e seu cuidador.

Sobre Pós-graduação FCM/Unicamp
Os programas de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas têm o objetivo de propiciar a formação de professores pesquisadores de alto nível nas diversas áreas do conhecimento da saúde. A busca persistente de excelência acadêmica e o compromisso com a atividade de pesquisa constituem o substrato básico que norteia a todos os Programas.

2 Comentários em Violência Doméstica na Gestação e Puerpério

Leave a Reply

Seu e-mail não será divulgado


*