Estudo aponta que as áreas marinhas aumentam em 45% a biodiversidade em relação a áreas desprotegidas

Reserva Extrativista em Arraial do Cabo, RJ - Foto: Brunno Rodrigues no Pexels
Reserva Extrativista em Arraial do Cabo, RJ – Foto: Brunno Rodrigues no Pexels

Quanto mais áreas estiverem protegidas, menores serão os impactos na vida marinha. Segundo artigo publicado na última edição da revista Journal of Environmental Management será necessário aumentar o número total de  Áreas de Proteção Marinha (AMPs), que hoje representam apenas 2,5% do total no Brasil. Os autores Harildon Ferreira, Rafael Magris, Sergio Floeter e Carlos Ferreira, do ICMBio e universidades Federal de Santa Catarina e Fluminense, demonstraram que áreas protegidas possuem 45% mais biodiversidade que áreas abertas.

Áreas protegidas são regiões ou locais com restrição total ou parcial à atividade pesqueira no ambiente costeiro-marinho ou oceânico, de acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A medida é adotada para proteger tudo o que faz parte do ambiente marinho, seja a interação entre os seres vivos ou deles com o ambiente. As espécies pesqueiras são as mais beneficiadas nas áreas totalmente protegidas, principalmente os peixes marinhos, mais sujeitos à captura e pesca.

Dois fatores são importantes para o aumento da biodiversidade, concluíram os autores: tempo de proteção e interconectividade marinha, ou seja, conexão com áreas adequadas para espécies que vivem em recifes de corais e que são consideradas ricas em vida.

Segundo o estudo publicado, as áreas totalmente protegidas no Brasil – o país de maior biodiversidade do mundo – apresentam desempenho levemente inferior do que aquelas em países desenvolvidos, enquanto as parcialmente protegidas estão em pior situação. 

Infográfico reproduzido a partir do artigo de Ferreira, et al., 2022.
Infográfico reproduzido a partir do artigo de Ferreira, et al., 2022.

Medidas a tomar

A costa marítima continental desprotegida deixa claro que apesar das tempestades adiante, ainda há tempo para frear a degradação do oceano, começando por aumentar a preservação das AMPs. A exemplo do enfrentamento da pandemia da Covid-19, não há solução sem ciência e vontade política para mudar os rumos da humanidade. Os co-autores do artigo afirmam que, nos últimos anos, o Brasil, impulsionado por apelos globais para cumprir as metas de biodiversidade, conta com uma distribuição mais abrangente de AMPs em relação a anos anteriores, embora ainda haja muito a avançar. “As AMPs totalmente proibidas podem ser eficazes mesmo quando jovens, isoladas e cercadas por pesca intensa”, enfatizam.  Nessas regiões, os biólogos encontram mais animais, animais maiores e mais diversos.

“À medida que a área do planejamento da conservação avança, defendemos o desenvolvimento e adoção de avaliações de conservação baseadas em dados empíricos para ajudar a melhorar nossa compreensão sobre a eficácia dos AMPs no benefício da biodiversidade”, concluem os biólogos.

Neste ano, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) comemora o Ano Internacional da Pesca e Aquicultura. Uma boa ocasição para a sociedade pressionar por mais políticas ambientais que ampliem as AMPs, garantindo assim mais biodiversidade no oceano. 

Infográfico reproduzido a partir do artigo de Ferreira, et al., 2022. Área de estudo - 
Áreas Marinhas Protegidas usadas na análise, classificadas de acordo com o nível de proteção concedido e seus impactos positivos, negativos e neutros na biodiversidade.  A  linha pontilhada representa o limite da  Zona Econômica Exclusiva do Brasil .
Infográfico reproduzido a partir do artigo de Ferreira, et al., 2022. Área de estudo – 
Áreas Marinhas Protegidas usadas na análise, classificadas de acordo com o nível de proteção concedido e seus impactos positivos, negativos e neutros na biodiversidade.  A linha pontilhada representa o limite da  Zona Econômica Exclusiva do Brasil .


1 comentário

Luara · 31 de maio de 2022 às 20:05

achei bem legal, ajudou no meu trabalho. 😀

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