Os corais são organismos de muita importância para vida marinha e humana, e têm sofrido o processo de branqueamento, ou morte, pelos impactos do aquecimento e acidificação das águas oceânicas.  Mas por sua extensão, monitorar esses seres vivos é uma tarefa quase impossível. Pensando nisso, pesquisadores  das universidades federais do Rio Grande do Norte (UFRN) e do Paraná (UFPR), estão usando a  inteligência artificial como  aliada, junto com a ação humana, no monitoramento desses organismos. 

Hoje, a forma de monitorar os corais é a partir da ação humana, com mergulhadores especialistas, que coletam amostras de corais  que são levadas para análise em laboratórios.  Uma das técnicas utilizadas e é o uso de redes neurais da inteligência artificial (IA) que processa grandes quantidades de dados em modelo inspirado no cérebro humano. A IA permite fazer uma análise completa e com rapidez, sem a qual hoje pesquisadores levariam horas e dias para realizar, devido à complexidade do processo manual, que tem seu início na coleta das amostras até as etapas finais de análise.  

Cena do vídeo “Monitoramento e manejo do coral-sol” do canal do youtube ICMbio Alcatrazes (SP). Crédito: O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

A partir de um grande número de imagens capturadas por mergulhadores,  as redes são treinadas para fazer a identificação dos organismos, como sua forma, textura e cores. “Ferramentas de IA são capazes de analisar imagens para encontrar sinais de branqueamento de corais, doenças ou outras condições adversas, além de identificar outras formas de vida marinha”, afirma o pesquisador Luiz de Oliveira, do departamento tal da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e um dos responsáveis pelo estudo.

Uso de IA para analisar imagens e identificar branqueamento de corais, aqui um coral baba-de-boi (Palythoa caribaeorum). Crédito: Furtado 2022, PeerJ.

A nova etapa da pesquisa tem parceria com pesquisadores franceses, serão utilizados drones subaquáticos para obter as imagens dos corais. O objetivo principal é fornecer essa atividade como parte de um passeio turístico, como explica o biólogo e coordenador do projeto, Guilherme Longo, da UFRN: “A ideia é conseguir oferecer essa atividade como parte de um passeio turístico, assim as pessoas geram as imagens, podem compartilhar em suas redes sociais já com informações de espécies”, mas Longo afirma que essa nova etapa da pesquisa ainda está em estágios iniciais. Proporcionar interação com público é uma das metas do biólogo. O projeto #De Olho nos Corais  no instagram permite que o público acompanhe o trabalho de monitoramento dos corais.

A rede social #DeOlhoNosCorais tem cerca de 11,2
mil seguidores e 640 publicações no Instagram,
as postagens são feitas semanalmente.
O que são corais?

Os corais são conhecidos pela beleza de cores vibrantes, responsáveis por deixar o oceano ainda mais bonito, mas também servem como alimento, berçário e proteção para outros seres vivos, e têm grande importância na atividade filtradora da água do mar e contribuem na economia através da pesca. São organismos do reino Animalia, dos animais, e do filo Cnidária, grupo das águas-vivas e anêmonas. Entre os corais há também as espécies invasoras, que necessitam de monitoramento constante, como o caso do coral-sol (Tubastraea spp.), presente em toda costa brasileira. O acompanhamento é feito com frequência pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, visando diminuir os impactos à biodiversidade que a espécie pode causar. 

Leia mais:

Artigo “#DeOlhoNosCorais: a polygonal annotated dataset to optimize coral monitoring”, de Daniel Furtado, Edson Vieira, Wildna Nascimento, Kelly Inagaki, Jessica Bleuel, Marco Zanata Alves, Guilherme Longo, Luiz Oliveira. Publicado na revista científica  Peerj PeerJ, volume11 (e16219), 2023. Disponível gratuitamente em acesso aberto em: https://peerj.com/articles/16219/ 


0 comentário

Deixe um comentário

Avatar placeholder

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *