Muitos ônibus ainda não possuem ar-condicionado, equipamento indispensável para enfrentar as ondas de calor no verão, o que agrava a saúde de passageiros e motoristas. Crédito: Ronny Santos/Folhapress

O sistema decretado pela prefeitura do Rio classifica a intensidade do calor em cinco níveis de calor (NC na sigla), que variam em função da temperatura e umidade relativa do ar. Os níveis NC1, NC2 e NC3 não indicam cuidado, mas os níveis NC4 e NC5 vão afetar a rotina dos cariocas e turistas. No calor quatro, que sinaliza calor muito alto, a prefeitura vai divulgar avisos para que a população procure “pontos de resfriamento”, equipamentos públicos já existentes com ar-condicionado ou refrigeração. 

Por sua vez, o nível de calor cinco indica calor extremo por mais de três dias seguidos. Nesse estágio, atividades de risco, como shows e outros eventos, serão cancelados se não houver adaptação para o enfrentamento das ondas de calor, essenciais para evitar riscos para a população. Também serão suspensas atividades externas em unidades de ensino e serviços de asfaltamento e limpeza urbana.  

Torres, que pesquisa o planejamento com ênfase em adaptação às mudanças climáticas e cidades costeiras, levantou pontos importantes sobre a criação deste protocolo. Segundo o pesquisador, a iniciativa da cidade do Rio de Janeiro é positiva, embora motivada – ou acelerada – pela tragédia no show da Taylor Swift em novembro do ano passado, que resultou na morte de uma fã por exaustão térmica. Mais do que um “sistema de alerta”, a medida contém um protocolo de ações, ausente, até então, nas políticas públicas brasileiras – municipal, estadual e federal. Ou seja, o protocolo passa a orientar o que fazer na prática quando um evento climático extremo atinge um território. 

Seguindo a recomendação da Organização Meteorológica Mundial (OMM) a cidade do Rio de Janeiro também passará a nomear as próximas ondas de calor a partir deste ano. A próxima onda de calor vai ganhar o nome de Ian, e ainda neste ano pode ter outros nomes femininos e masculinos que seguem os critérios da OMM – curtos no comprimento dos caracteres para facilitar o uso na comunicação, fáceis de pronunciar, com significado apropriado em diferentes idiomas e respeitando a unicidade, o mesmo nome não pode ser usado em outras regiões. 

Medidas que ajudam na comunicação em tempos de emergência climática

Dar nomes a fenômenos do clima, como furacões e ciclones provou ser a maneira mais rápida de comunicar alertas e aumentar a conscientização e a preparação das pessoas, segundo a OMM. Atribuir nomes a fenômenos climáticos torna o rastreamento e a comunicação mais simples, sobretudo quando muitos fenômenos estão ativos, simultaneamente. Nomear também ajuda a evitar confusão entre meteorologistas, mídia, agências de gerenciamento de emergência e o público. Além disso, os especialistas acreditam que nomes podem ajudar na manutenção de registros históricos e na pesquisa sobre o comportamento e os impactos dos fenômenos.

Torres destacou outra iniciativa positiva na cidade carioca, que ocorreu esse ano. No dia 22 de março, o município – e também o governo do estado decretaram ponto facultativo a partir de um alerta de chuvas fortes para a região. Para o especialista, essas medidas exemplificam também que ações importantes podem ser instituídas por decretos e implementadas logo, afinal estamos falando de tempos de emergência climática.

“O desafio agora é levar essa informação aos territórios e a população atuar para monitorar, cobrar e garantir o cumprimento das ações necessárias ao enfrentamento da emergência climática na cidade”, finaliza o pesquisador da UFABC. 

Este texto foi baseado em notícia publicada na Folha de São Paulo.

O Blog Um Oceano tem parceria com a Rede Ressoa Oceano


Juliana Di Beo

sou bióloga pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e bolsista Mídia-Ciência Fapesp pelo Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp. Atuo com comunicação científica para fortalecer a cultura oceânica e o acesso aberto ao conhecimento na Rede Ressoa Oceano.

3 comentários

LivroXandria · 7 de agosto de 2024 às 10:40

É incrível como está cada vez mais severo o calor, moro na região SUL e aqui sempre teve estações destacadas, porém nos últimos anos o verão predomina, e o calor é assustador! Esse inverno mesmo, fez muito pouco frio, mas aquele frio de verdade, como era antigamente.

    Germana Barata · 9 de setembro de 2024 às 11:07

    As mudanças climáticas e os eventos extremos já são uma realidade que vieram para ficar. O que podemos fazer é cuidar de minimizar seus efeitos e cuidarmos, cada vez mais, da preservação do meio ambiente e da sustentabilidade.

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