Democracia em Vertigem, o filme de Petra Costa lançado recentemente, é bem mais do que um documentário: é um em si mesmo um documento histórico.

Ali se registra, por exemplo, a existência das duas (perturbadoras) placas no Palácio da Alvorada: em um canto, aquela que celebra as “reformas” realizadas na época do Collor; no outro, as feitas quando era o Lula que estava lá; em ambas: o nome de várias (senão de todas e cada uma) das empresas construtoras envolvidas nos escândalos de corrupção que tanto mal-estar têm provocado nos últimos anos no Brasil. Conteúdos deste tipo dão ao trabalho uma relevância que vai para além da cinematografia. De fato, no sentido documental, a obra já é, e seguramente se tornará cada vez mais, uma referência imprescindível no tumultuado esforço conjunto no qual nos encontramos: aquele de elaborar uma narrativa minimamente coerente da situação política do pais após a Lava Jato.