Nestes últimos dias temos visto nos noticiários a evolução do coronavirus, um grupo de vírus que causam doenças tanto em aves quanto em mamíferos (como nós). Enquanto escrevo este artigo, o site https://www.worldometers.info/coronavirus/ relata que até o momento foram registrados 34.974 casos constatados e 724 mortes pelo coronavirus, no mundo. Isto equivale a um pouco menos de 0.0005% da população mundial, algo pouco maior do que a chance de ser atingido por um raio (0,0003%) ou menor do que pular de uma avião e o paraquedas não abrir (0,0007%). Este episódio também me lembrou da legendária morte do grande compositor russo, do final do século XIX, Pyotr Ilyich Tchaikovsky, falecido 9 dias após estrear sua sexta sinfonia (de caráter sombrio, melancólico e até desesperado). Sua morte é por alguns atribuída a uma bem sucedida tentativa de suicídio, por intencionalmente ter bebido repetidamente água não fervida durante uma grande epidemia de cólera na sua região (uma doença causada por um tipo de bactéria, que é atualmente considerada bem rara, apesar de ainda matar cerca de 15.000 brasileiros por ano, ou seja, cerca de 0,007% da população nacional, o que equivale a mais de 14 vezes o número de mortes ocasionadas pelo coronavirus no mundo). No entanto, ninguém atualmente se preocupa com a possibilidade estonteantemente maior de morrer de cólera, mas todos estão atualmente muito temerosos com a possibilidade de se infectarem e até morrerem com uma infecção de coronavirus. Este fato me levou a pensar sobre o medo, em especial, o medo da morte, e como este é um blog de musicologia, o medo da morte expresso pela música.