Entre os dias 22 e 23 de abril, em São Paulo, ocorreu a nona edição do evento “A mulher e a mídia”. Realizado pelo Instituto Patrícia Galvão – uma organização social sem fins lucrativos que atua nos campos do direito à comunicação e dos direitos das mulheres brasileiras – o tema desse ano foi “Mídia, Zika e os Direitos das Mulheres”. O evento, realizado em parceria com a  ONU Mulheres e com o apoio da Ford Foundation, foi composto por quatro painéis: 1)Mulheres no centro da epidemia de zika, mas fora do foco principal da mídia; 2)Acesso à informação e planejamento reprodutivo no contexto do zika; 3) As armadilhas da simplificação: [simple_tooltip content=’A utilização de síndrome congênita do zika vírus é preferível à microcefalia, uma vez que esta última é apenas um dos sintomas de uma série de alterações neurológicas congênitas que podem aparecer no processo de desenvolvimento do bebê’]síndrome congênita[/simple_tooltip] é mais que microcefalia, mulheres não são só cuidadoras e 4)Estratégias de políticas públicas, mobilização social e comunicação para garantia das mulheres em tempo de zika. O principal objetivo do evento era dar maior visibilidade as mulheres – principais afetadas pela epidemia de zika – as quais, muitas vezes, têm sido retratadas como atores secundários, seja pela grande mídia, por médicos, por jornalistas, por pesquisadores, entre outros.

Os painelistas eram compostos por médicos sanitaristas, ginecologistas e neurologistas, por jornalistas de grandes mídias e de mídias alternativas, por pesquisadores, professores, representantes de organismos internacionais (OMS, OPAS, ONU) e ativistas feministas. Na platéia, composta majoritariamente por mulheres, misturavam-se advogadas, psicólogas, assistentes sociais, antropólogas, jornalistas, promotoras legais populares, ativistas de movimentos sociais e partidos políticos de esquerda, representantes de organizações da sociedade civil, médicas, etc., em um profícuo diálogo interdisciplinar cujo intuito era dar respostas  menos reducionistas e superficiais para a compreensão do surto de zika no Brasil.

Segundo especialistas, a simplificação do debate viola direitos fundamentais, tais como  a garantia ao direito à informação e à comunicação, aos direitos reprodutivos e aos direitos ao saneamento básico e água encanada, na medida em que foca-se apenas em explicações e soluções científicas e tecnológicas. Contudo, é preciso ouvir as mulheres afetadas, bem como perceber que a lógica explicativa do problema está interseccionada por fatores como raça, classe e gênero, as quais conferem maior complexidade a questão, mas permitem traçar respostas e soluções mais responsáveis.

A antropóloga e feminista Débora Diniz  aproveitou o evento para divulgar o documentário que dirigiu, no qual deu voz a mulheres paraibanas infectadas pelo zika vírus e que deram à luz bebês portadores da síndrome congênita a ele relacionada. Vale a pena conferir!!!