No século 17 DC, durante o período Barroco, Descartes produziu a sua primeira obra filosófica, “Compendium musicae”, escrita em 1618 mas publicada apenas após a sua morte. É interessante assim observar que a primeira obra de Descartes é dedicada ao estudo filosófico da música. O pensamento cartesiano, em termos de música, tem suas raízes no movimento humanista da Renascença, que procurou resgatar os ideais musicais da Grécia antiga, tanto em relação à sua fundamentação matemática pitagórica quanto ao seu componente aristotélico, emocional e catártico. Descartes inicia este seu primeiro livro com a seguinte afirmação “A base da música é o som e o seu objetivo é nos agradar e despertar várias emoções”. No entanto, Descartes não acreditava que valores estéticos pudessem ser representados unicamente pela obra musical. Para ele, tais valores ocorrem através da relação da música com o ouvinte, ou seja, através de propriedades relacionais entre objeto e observador. Em seu último livro, “As Paixões da Alma” (1649), Descartes afirma que existem apenas seis tipos de afetos gerados pela mente humana. Estes são: admiração, amor, ódio, desejo, alegria e tristeza). Os demais afetos seriam, segundo Descartes, meras combinações destes afetos primordiais. [1]