“O fato de existirem desigualdades entre as pessoas faz com que a ação realmente ética seja, então, não apenas aquela que visa ampliar a liberdade do sujeito, mas que se paute pelo compromisso em ampliar também a liberdade dos outros.” (Heci Regina Candiani)

Ensaios, tratados, uma peça de teatro, um manifesto, romances, contos, novelas, relatos de viagem, memórias, cartas, diários e reportagens: a obra de Simone de Beauvoir é vasta, múltipla, ativa, desafiadora. Heci Regina Candiani apresenta, no verbete com que contribui ao Blog Mulheres na Filosofia, um pouco da vida e das ideias desta que é a mais célebre entre as pensadoras da condição feminina. Ele mostra como, desde os seus primeiros escritos, as questões da liberdade e da condição humana espaço-temporalmente situada são centrais. Dessa atenção surge O Segundo Sexo, obra magistral em que, com base no existencialismo, na fenomenologia e no marxismo, a autora se debruça sobre as experiências das mulheres nas sociedades ocidentais em meados do século XX. O resultado é um enfoque mordaz sobre a opressão como a ação do Outro, uma análise que abriu caminho para toda uma vertente do pensamento feminista. O verbete também mostra como esse tema da marca social da alteridade volta em outros textos de Beauvoir, como em A velhice, obra que aborda o envelhecimento como transformação no modo como somos objetificados nas relações interpessoais.