Banana: a “Musa” que nunca sai de moda
A banana é uma fruta que atravessa gerações, culturas e continentes. Seu sabor doce, sua praticidade e seu valor nutricional fazem dela um dos alimentos mais consumidos no mundo.
Mas você sabia que a banana que chega à sua mesa hoje é bem diferente daquelas que existiam no passado? Que uma doença devastadora mudou completamente a história dessa fruta? Ou que ela pode emitir radiação? Vamos explorar a fascinante trajetória da banana, desde sua origem até sua posição de destaque na alimentação global.
Um fruto de história milenar
A história da banana remonta a aproximadamente 7.000 anos atrás, no sudeste da Ásia, onde foi uma das primeiras plantas frutíferas a serem domesticadas. As variedades da fruta que conhecemos hoje são resultantes da domesticação e combinação de mutações das espécies Musa acuminata e a Musa balbisiana. Por isso, as bananas são identificadas como Musa spp. O fruto, inicialmente pequeno e repleto de sementes, resultou na banana macia e sem sementes que conhecemos hoje.
Com o tempo, a banana atravessou oceanos e continentes. Primeiramente levada pelos árabes, depois pelos portugueses e espanhóis, a fruta chegou às Américas, onde encontrou condições ideais para seu cultivo. O Brasil, por exemplo, tornou-se um dos principais produtores mundiais.
O Brasil e a banana
O Brasil ocupa uma posição de destaque na produção mundial de bananas. Em 2018, o país produziu 6,7 milhões de toneladas, das 115,7 milhões de toneladas produzidas no mesmo ano ao redor do mundo, ficando atrás apenas de países como Índia, China e Indonésia. A produção está distribuída por todos os estados brasileiros, com destaque para Bahia, São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco e Pará, mais representativos, tanto em área colhida quanto em produção de banana no Brasil.
Apesar de ser um grande produtor, o Brasil exporta pouco. Mais de 95% da produção é consumida internamente. Segundo a EMBRAPA, um brasileiro consome, em média, 25 kg de banana por ano, sendo que a despesa com essa fruta representa apenas 0,87% do total gasto com alimentação, consolidando a banana como uma das frutas mais acessíveis no país.
As projeções da FAO são de que a produção mundial de bananas deve crescer 1,5% ao ano, atingindo 135 milhões de toneladas em 2028.
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A variedade que desapareceu
Hoje, a maioria das bananas consumidas é da variedade Cavendish. Mas até meados de 1950, a estrela do mercado era a variedade Gros Michel. Esta banana era mais doce e resistente ao transporte, tornando-se a favorita para exportação. No entanto, uma doença chamada Mal do Panamá, causada por um fungo, devastou plantações inteiras de Gros Michel. Sem controle para a doença, os produtores buscaram uma alternativa: a Cavendish, que resistia ao fungo.
O problema é que, apesar da resistência ao Mal do Panamá, a Cavendish é geneticamente muito homogênea, o que a torna vulnerável a novas doenças. Especialistas temem que um novo fungo possa colocar em risco essa variedade, assim como aconteceu com a Gros Michel.
Atualmente as bananas Cavendish são as mais conhecidas e representam aproximadamente 50% da produção global. No Brasil, essa variedade é conhecida como banana nanica ou d’água. O restante da produção fica dividido entre as mais de mil variedades de banana existentes, como a “maçã” e a “prata” que são plantadas no Brasil, mas suscetíveis ao Mal do Panamá.
Mais que sabor: um alimento poderoso
A banana é um alimento de alta densidade nutricional, combinando baixo valor calórico com alta concentração de vitaminas e minerais. Seu teor de potássio é um dos maiores atrativos, à medida que em uma unidade do fruto temos mais de 30% da ingestão recomendada do nutriente, sendo um mineral essencial, em parceria com o sódio e o cloro, para manutenção do equilíbrio hidríco, ácido básico do organismo e da saúde muscular.
Apesar disso, ao contrário do que se pensa, o potássio da banana não evita câimbras, pois a perda desse mineral pelo suor durante o exercício é mínima. Essa condição é um fenômeno multifatorial, onde desidratação, perda de sais minerais e fadiga neuromuscular estão entre os fatores causais.
No entanto, o consumo inadequado (tanto para mais quanto para menos) destes minerais pode ocasionar problemas à saúde. Vale lembrar que encontramos potássio nas leguminosas, hortaliças, carnes e oleaginosas, em quantidade, às vezes, superiores à presente na banana.
A fruta também é fonte de fibras, contribuindo para o funcionamento do intestino, e vitaminas. A banana-da-terra é uma boa fonte de vitamina A além do que, assim como uma porção de banana das variedades maçã, prata ou figo, atende entre 10 a 15% da necessidade diária de vitamina C.
Além disso, pesquisas apontam que a biomassa de banana verde é rica em amido resistente, que pode ajudar no controle da glicemia e na saúde intestinal. Essa versão processada da banana tem sido estudada como um potencial aliado para pessoas com diabetes e dislipidemia.
Curiosidades sobre a banana
- As bananeiras não são árvores! Apesar da aparência, elas são plantas herbáceas, parentes do gengibre.
- A banana não se desenvolve a partir de sementes, mas sim de mudas ou rizomas.
- O cacho de banana leva cerca de nove meses para se desenvolver, e a fruta está disponível o ano todo.
- Cerca de 98% da banana produzida no Brasil é consumida in natura, seja pura ou em pratos típicos, como bolos e sobremesas.
- Como contêm potássio-40, um isótopo radioativo natural, bananas em grandes quantidades emitem radiação, mas nada que seja perigoso para a saúde.
Um fruto para todas as ocasiões
Seja como um lanche rápido, um ingrediente em pratos tradicionais ou uma fonte de nutrientes essenciais, a banana é uma fruta que conquistou o mundo. Sua história é marcada por desafios, inovações e adaptações, mas seu papel na alimentação global permanece inabalável.
Com um futuro incerto devido às ameaças de novas doenças, a história da banana está longe de acabar. Pesquisadores buscam alternativas para garantir a segurança dessa cultura tão valiosa. Enquanto isso, podemos continuar aproveitando essa fruta versátil, deliciosa e cheia de história!
Principais referências:
Companhia Nacional de abastecimento (CONAB).
Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO)
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA): https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia40/AG01/arvore/AG01_28_41020068055.html. Acesso 27.04.2020.
Mohandas, K.V. Ravishankar (eds.), Banana: Genomics and Transgenic Approaches for Genetic Improvement. 2016.
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