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HelpX – Mais uma opção

helpx

Se no último post eu falei do WWOOF, durante minhas pesquisas sobre o assunto acabei encontrando outra rede de voluntários em fazendas, o HelpX, esse um pouco mais moderninho, vamos dizer assim. Todo o sistema dele é na própria interenet e uma vez que você paga a taxa de afiliação, que vale por 2 anos, você tem acesso aos “fazendeiros” afiliados de todas as partes do mundo. O fazendeiros está entre aspas pois nessa rede eles abrigam não apenas fazendeiros orgânicos como no WWOOF, eles tem fazendo orgânicos e não orgânicos, pessoas que oferecem a sua casa, hostels para mochileiros, etc. Tudo na base da troca, eles oferecem hospedagem e comida e você oferece o seu trabalho, de 4 a 6 horas por dia.

Me inscrivi nessa rede e estou a procura de uma fazenda orgânica na Austrália que me aceite, já escrevi para umas 6 fazendas e apenas uma me respondeu dizendo que não seria possível me receber, confesso que pensei que seria mais fácil. Li também vários relatos de pessoas que tiveram essa experiência e apenas um caso negativo e não foi um caso de fazenda e sim hospedagem em casa.

O site é bem organizado e depois que de inscrito você tem acesso não só aos contatos de cada anfitrião, mas também do relato e as avaliações dos hóspedes, quase como um Tripadvisor.

Por conta do último post a Ludmila me contou que foi pra Inglaterra trabalhar num centro de educação ambiental ai pedi pra ela contar como foi a experiência dela lá! Você pode ler o relato dela aqui:

Em março deste ano embarquei junto com meu marido em uma viagem considerada pela maioria, no mínimo, inusitada.

Fomos de navio para Itália em um cruzeiro que estava retornando à Europa após o final da temporada de verão brasileira. Não bastasse fazer o caminho de volta do meu “bisnonno” e chegar do outro lado do oceano em uma velocidade que não ultrapassava 50km por hora, nosso objetivo principal era na verdade ir até o interior da Inglaterra para ficar trabalhando como voluntários em um centro de educação ambiental, na região de Norfolk.

Fomos através de um programa chamado Help Exchange que ainda não é tão conhecido no Brasil quanto o WWOOF, que é similar.

Ludmila e o marido na fazenda na Inglaterra.

A partir dessa rede é possível escolher propriedades cadastradas no mundo inteiro, realizando as mais diversas atividades e, consequentemente, que necessitarão das mais diversas colaborações. Mas, para ter acesso a esses contatos em primeiro lugar é preciso se cadastrar e pagar uma pequena taxa, não é muito cara e para nós, como casal, foi muito bom porque uma única taxa foi suficiente para ambos.

Estávamos procurando alguma fazenda onde pudéssemos aprender mais sobre a produção orgânica a partir da permacultura e também aperfeiçoar o Inglês, então achei que um centro de educação ambiental inglês serviria bem.

Depois de escolhido o local, enviamos a solicitação de estadia ou “request” ao anfitrião. Nesse primeiro contato é bacana se apresentar dizer de onde é, o que faz, o que gosta de fazer, enfim, é muito importante que haja esse entrosamento porque, afinal de contas, será preciso conviver com essa pessoa e em muitos lugares, como no local onde ficamos, o acesso é difícil e você fica um tanto isolado no lugar com as pessoas de lá.

Outro ponto que acho super importante ressaltar é definir claramente as tarefas que serão exigidas do voluntário, como será sua rotina de trabalho, o que receberá em troca. Cada local tem autonomia para definir tudo isso, normalmente a troca é muito simples: cerca de 6 horas de trabalho por dia em troca de alimentação e hospedagem, mas já soube de lugares exigindo que o voluntário pagasse pelas refeições, tem que ficar atento e combinar tudo antes.

Voltando a experiência que tive, de uma maneira geral a considerei muito enriquecedora, mas a ideia que eu “comprei” de centro de educação ambiental se demonstrou um pouco equivocada. O que havia, de fato, era uma fazenda antiga com uma casa de 300 anos cercada por 3 outras menores que eram alugadas para manutenção financeira do projeto. Tratava-se de um projeto de um centro, pois o idealizador vislumbrava transformar em um local para aulas, para produção em permacultura, mas quando chegamos havia uma pequena quantidade de legumes e frutas a serem colhidos pela primeira vez, mais um canteiro de ervas e uma área de reflorestamento que necessitava de cuidados porque com a chegada do verão, o calor e a chuva abundante tornava a competição entre as arvorezinhas filhotes e o mato, desigual, a favor do mato.

De resto, o que realmente era importante para eles era manter as casas limpas, trocar roupas de cama, inclusive de uma pequena casa na árvore. A partir dessas locações é que estavam se mantendo, então, como disseram, naquele momento era o core business. O centro de educação ainda não passava de uma semente.

Por este motivo me senti um tanto quanto “traída” se é que essa é a melhor palavra para descrever a situação. Fui até lá com uma expectativa e achei que o trabalho em um centro de educação ambiental se resumiria a ajuda com o as plantas e com a realização de cursos, e não foi o que aconteceu. Por outro lado, eu também não havia entrado nesses detalhes antes de ir.

De toda forma, a limpeza doméstica não nos tomava mais que dois dias da semana, o restante do tempo tínhamos as atividades mais verdes para fazer. Penso que também é justo esclarecer que pedi ao gerente para trocar de tarefas quando não estava me adaptando bem e fui atendida.

Ganhei amigos, vivi longe da cidade e há uma hora de caminhada de um vilarejo que tinha um castelo, tomei muito chá inglês, aprendi a planejar as compras pois só íamos para a cidade uma vez por semana, morei no silêncio com pouca luz, sem telefone nem tv e isso para mim foi maravilhoso, tanto que eu e meu marido já planejamos uma mudança em nossas vidas, porque esse estilo não combina com São Paulo.

Espero que nossa experiência contribua para a decisão de cada um que nos lê e que tenham um aprendizado marcante como tivemos, seja aonde for.

Um abraço.”