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Investimentos sustentáveis

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Eis que conversando com uma amiga:

_ Vendi minhas ações da Sadia.

Eu: _ Ah, é, tão em alta?

Ela: _ Não. Vendi pois num dá pra ser vegetariana e ter dinheiro numa empresa que vende carne, né?

Pois bem, se você tem um dinheiro guardado e quer investir em empresas, negócios ou fundos de forma mais sustentável, você vai encontrar dificuldade.

Se você quer investir na Bolsa de Valores temos por exemplo o índice de sustentabilidade da Bovespa, mas se você é vegetariano e não quer investir em empresas de carne como minha amiga, a BRFoods (grupo da Sadia) faz parte desse índice, ou a Embraer, empresa que produz aviões de guerra também tá listada nesse grupo de empresas. Esse índice segue alguns critérios éticos, não necessariamente sustentáveis, costumo dizer que essas empresas são tão sustentáveis quanto o capitalismo consegue ser, pra mim não é o suficiente.

Pra quem prefere fundo de investimentos em ações tem o Fundo Ethical do Santander que usa outra metodologia para selecionar algumas empresas da Bovespa, nesse por exemplo a Embraer não entra.

Pra mim sinceramente investir em ações é investir num mercado especulativo que produz poucos benefícios reais para sociedade e apoia grandes multinacionais que sempre tem alguma atitude questionável. Não é para mim.

O Banco do Brasil tem um fundo de renda fixa de remuneração atrelada à variação da taxa de juros do CDI e que contribui para programas sociais. Esse fundo destina 50% da taxa de administração para Fundação Banco do Brasil investir em programas sociais, como exemplo projetos de educação e geração de emprego e renda. Taxa de administração: 2,6%, ou seja, metade disso vai para a Fundação Banco Brasil. De certa forma você está doando uma parte dos seus rendimentos para a Fundação, isso pra mim é caridade, não investimento.

Um amigo que trabalha na Sitawi, uma OSCIP que trabalha com Finanças Sociais e Finanças Sustentáveis, me disse que as opções para pessoa física nesse setor são limitadas, ele me falou desses fundos dos bancos de varejo que citei antes. E citou que debentures verdes por exemplo só existem pra quem tem alguns milhões para investir, ou seja, reles mortais como eu não entram. Ele chegou a exemplificar alguns títulos verdes que poderiam ter chego a alguma corretora, não achei nas 2 corretoras que tenho acesso.

Descobri um amigo que trabalha numa venture capital de impacto social, a Positive Venture, nem sei exatamente o que seria uma venture capital, mas essa em especial investe dinheiro em negócios inspiradores. Eles estão no início e os investimentos que eles mostram no site são em um rede de restaurantes veganos, uma empresa que trabalha com reciclagem e numa empresa de neurociências e tecnologia. Os investidores não devem ser pessoas comuns, leia-se com poucos caraminguás como eu, esses investimentos são de alto risco e não tenho tanto dinheiro assim para arriscar perdê-lo.

Esse mesmo amigo me mostrou também a Broota. Essa empresa é como se fosse uma bolsa de valores, mas para micro e pequenas empresas, mas os investidores devem ter R$300mil em ativos financeiros, não é para qualquer um.

Pensando nas opções de investimento que já existem o meu sonho de consumo em investimentos seria um LCA (Letra de crédito do agronegócio) que fosse específico para produção orgânica ou pequeno agricultor. Afinal, quem confia no agronegócio brasileiro como um setor confiável quando o assunto é ética e meio ambiente? Eu queria saber se os bancos que emprestam dinheiro para o agronegócio garantem que não estão financiando desmatamento na Amazônia e no Cerrado seja pra plantar soja ou pra criar boi. Desafio as instituições financeiras a me provarem que não emprestam dinheiro para quem desmata.

Enquanto um investimento mais verde não vem eu continuo emprestando dinheiro pra banco ou pro governo… Se você tem uma solução mais sustentável para investimentos, por favor me indique!