Ciências Naturais na Escola – Metodologia para a Sala de Aula
Por: Lucas Jesus Bettiol Mazeti
O ensino das Ciências Naturais é, em geral, um ensino que necessita amplamente da utilização da experimentação para articular e consolidar conceitos os quais, muitas vezes, são bastantes abstratos.
Por conta dessa importância, diversos autores se destacam na discussão sobre os tipos de experimentação, classificando-as de maneiras variadas, como por exemplo: experiência show, demonstrativa, empírico-indutivista, dedutivista-racionalista, construtivista, entre outras.
Entretanto, olhando para a característica procedimental, Marie-Geneviève Séré, coordenadora do Grupo de Pesquisa em Didática das Ciências Físicas da Universidade de Paris, traz 4 perspectivas interessantes sobre a experimentação à nível prático.
A primeira abordagem seria a demonstração no fenômeno, na qual o professor monta o equipamento e reproduz o experimento para que os alunos observem as relações de causa e consequência. Essa abordagem é utilizada principalmente quando o experimento é perigoso ou é necessário muito cuidado na sua manipulação e execução.
O problema desse procedimento é que o experimento vem pronto para o aluno, podendo não gerar um pensamento crítico sobre como a relação de causa e consequência do fenômeno implica no seu próprio cotidiano.
Uma segunda abordagem seria a aplicação de um roteiro direcionado, no qual o aluno segue uma série de passos e manipula as variáveis de forma a observar como os parâmetros se modificam perante isso. Essa abordagem é bastante simplificada e, no geral, apenas traz a habilidade de manipulação dos materiais daquele experimento, ou seja, é desenvolvida uma habilidade para procedimental do “como fazer”.
Uma terceira possibilidade seria a utilização de um computador para poder medir os parâmetros das variáveis e através de ferramentas computacionais verificar se a lei está de acordo com a realidade. Nesse método, se tem uma aproximação maior com as atividades produzidas dentro de um laboratório científico podendo ser trabalhados características importantes para esses espaços, como confiabilidade de dados, margem de erro e tolerância.
Uma quarta abordagem seria por tentativa e erro, sem roteiro fechados para utilização. Essa abordagem é mais desafiadora ao professor, porém ela se traduz num conhecimento mais concreto e significativo para o aluno, uma vez que esse é responsável por tentar identificar a real questão proposta pelo experimento.
Essa metodologia tem a vantagem de estruturar características importantes para os alunos, pois os próprios profissionais da área não utilizam a teoria conscientemente o tempo todo, muitos aprendizados vêm da experiência prática dos conceitos. Além disso, Séré alega “que os físicos aplicam com frequência regras intuitivas, derivadas de seus conhecimentos procedurais, de hábitos adquiridos ou simplesmente do bom senso, ao invés de princípios físicos elaborados.”
Estas são apenas algumas possibilidades de abordagens para os laboratórios, uma vez que esse ambiente é um campo frutífero para o desenvolvimento de novas habilidades tanto cognitivas quanto procedimentais. Por conta disso, cada estratégia tem suas vantagens e competências que são desenvolvidas mais profundamente.
Dessa forma, é importante avaliar quais capacidades são desenvolvidas com cada estratégia e com isso selecionar quais atributos podem ser desenvolvidos nesse espaço para estruturar um ensino de maior qualidade dentro de sala de aula.
Referências Bibliográficas
MORAES, R. Construtivismo e ensino de ciências: reflexões epistemológicas e metodológicas. 3ª Ed. Porto Alegre: Edipucrs, 2008.
SÉRÉ, M. G., COELHO, S. M., & NUNES, A. D. (2003). O papel da experimentação no ensino da física. Caderno brasileiro de ensino de física, V.2, N.1 Pg.30-42.
TAHA, M. S. (2015). Experimentação como ferramenta pedagógica para o ensino de ciências. Uruguaiana, 2015. TraBalho de conclusão de curso, UNIPAMPA