Quantos são os biomas brasileiros? Muitos poderiam descrever o Cerrado, a Caatinga, o Pantanal, a Amazônia e os Pampas, com a memória de aprendizados do ensino fundamental. Nenhum desses, porém, se refere ao gigantesco bioma que banha o nosso extenso litoral: o oceano, que raras vezes está nos livros didáticos como parte dos biomas brasileiros.

Em um esforço de divulgar os ricos biomas marinhos, a TV Cultura, em parceria com a Cátedra de Sustentabilidade do Oceano, coordenada pela Universidade de São Paulo (USP), realizaram uma campanha nomeada de “Venha para a Década do Oceano”, o nome  tem como objetivo “trazer o oceano para mais perto das pessoas”, como explica Alexander Turra, coordenador da Cátedra. Segundo ele, os curtas com cerca de 2 minutos de duração, são um grande convite à Década do Oceano e a um mergulho nos temas tratados sobre oceano. 

A campanha é estruturada em temporadas, contendo atualmente duas temporadas,  cada uma contém 10 curtas-metragens. A primeira temporada foi ao ar em 2022, com temas diversos sobre a Década do Oceano e a segunda, lançada em 2023, teve enfoque nos principais habitats marinhos presentes no Brasil. O tema para a terceira temporada, que será lançada em 2024 será a “Economia Azul”. O objetivo é trazer informações sobre esses ambientes ricos em biodiversidade, cuja preservação é tão necessária quanto os gigantes terrestres. 

O Brasil tem mais de 4 mil praias, biomas de grande biodiversidade animal e humana. Crédito: TV Cultura

Praias, manguezais, recifes de corais, pradarias, rodolitos, ilhas oceânicas e plâncton ganham destaque em dois minutos em episódios da segunda temporada, que prendem a atenção do espectador pelas lindas ilustrações e a forma dinâmica que o conteúdo é narrado, com fim de promover a preservação da vida marinha.

Dentre os biomas retratados estão parte da natureza que muitos conhecemos, mesmo sem nos dar conta sobre sua importância.  É o caso das praias, que somam mais de 4 mil no país, e que são habitadas por rica biodiversidade, mas também por milhares de humanos que aproveitam horas de lazer e também impactam esse bioma. Cerca de 40% das praias nacionais sofrem de avançado processo de erosão, resultado de impactos ambientais. 

Outros biomas apresentados na série são os manguezais, banhados pela mistura das águas doces dos rios e da água salgada do mar. A sua biodiversidade e importância para o planeta são enormes, pois o mangue serve de berçário para a vida marinha, local de absorção de gás carbônico para prevenção do aquecimento global, além de ser fonte de alimento e renda para as  populações costeiras. O Brasil possui a segunda maior área de manguezal do mundo, 14 mil quilômetros quadrados, quase 8,5% de todos os manguezais do planeta. Mas devido a sua aparência, com areias escuras e cheiro forte, grande parte da população não entende a importância da preservação dos mangues. É comum que os manguezais sejam áreas de descarte de  esgoto, lixo, resíduos industriais, entre outras formas de contaminação. Logo, o episódio “Manguezais” chama atenção para sua extrema importância e para a riqueza da vida marinha. 

Os biomas marinhos, no entanto, não se limitam às regiões retratadas nos curtas. Poderíamos ainda incluir as restingas, os costões, os recifes de corais, o mar profundo e as lagoas.

O Brasil tem a segunda maior área de mague do mundo. Bioma que serve como berçário da vida marinha e chave para o combate às mudanças climáticas. Crédito: TV Cultura

Os curtas foram divulgados gratuitamente durante a São Paulo Ocean Week, em sua 5a edição e que neste ano ocorreu no Memorial da América latina em São Paulo entre os dias 30 de agosto e 3 de setembro. O evento, com entrada gratuita, conta com debates e atividades que ainda podem ser acessados online. Fruto de uma realização da Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano, coordenada pelo Instituto Oceanográfico (IO) e pelo Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, a Ocean Week contou com o apoio de 24 ONGs de conservação marinha e institutos de pesquisa.

Em apenas 20 minutos, é possível assistir aos dez curtas-metragens e acabar com vontade de visitar o oceano e querendo compartilhar com colegas e familiares o que são os rodolitos e plânctons.


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