Na semana passada estive em São João del Rei, um município histórico de Minas Gerais, assistindo o décimo sétimo simpósio brasileiro de computação musical, o SBCM. Este evento, bianual desde 2001, ocorreu pela primeira vez em 1994, num encontro organizado pela UFMG que apresentou 34 artigos selecionados e trouxe para o município mineiro de Caxambu alguns dos maiores nomes na época da computação musical, especialmente do CCRMA (Center for Computer Research in Music and Acoustics) na Universidade Stanford, California, USA (onde coincidentemente fui pesquisador visitante alguns anos mais tarde), além de diversos outros pesquisadores, de importantes centros de pesquisa em países como: Brasil, Argentina, Canada, Dinamarca, França, Hong Kong, México e UK. Agora em 2019, o encontro do SBCM trouxe como fato inédito o interesse por parte dos organizadores de se recapitular o caminho trilhado pelos avanços da tecnologia musical, desde o início das tecnologias de informação e comunicação (as TIC) fomentadas pela abertura da internet à sociedade civil, contemporânea à realização do primeiro SBCM. Um dos palestrantes, Prof. Loureiro, foi o organizador deste primeiro evento em Caxambu, que tratou na sua palestra de rememorar as pesquisas apresentadas na época, de pesquisadores como Stephen Pope, David Jaffe, Dexter Morrill e Xavier Serra, entre outros. Isto me inspirou a escrever este primeiro artigo sobre o caminho traçado tanto pela tecnologia quanto pelo interesse social, da computação musical, essa área fronteiriça entre tecnologia eletrônica e arte musical, a qual, pela perspectiva dos músicos, trata-se da “tecnologia a serviço da música”, enquanto que, na perspectiva dos engenheiros e programadores, tende a encarar a música como fator motivador do desenvolvimento tecnológico e computacional.